Lucy 26/06/2021
Superficial
Em 4% do livro, já estava claro que Mister O me entregaria o mesmo que Big Rock: frustração e tédio.
Big Rock foi uma das minhas piores leituras NA até hoje, mas só o li por ter conhecido antes Mister O e ele fazer parte de uma série. Então, mesmo tendo desgostado de Spencer e sua história, resolvi dar uma nova chance à autora. Porém, o que era ruim lá, permanece ruim aqui.
A escrita é genérica, exagerada, superficial e infantil. É muito surpreendente imaginar que os protagonistas estão próximos dos 30 anos, pois tudo me remete a adolescentes na puberdade. A autora, mais uma vez, escreve como funciona a mente de um homem de forma estereotipada. 99,99% do tempo gasto é pensando em sexo, como se não houvesse mais nada que importasse na mente de um homem em sua idade. Já Harper é uma pamonha, e não há qualquer justificativa para uma mulher com a mesma (quase) idade que a minha agir como uma menininha virgem que nunca encostou em um homem na vida. Se ao menos dissesse que ela tem alguma fobia ou mesmo autismo, por isso sua dificuldade em entender as expressões de sentimentos alheios. Por sinal, há um livro de romance com uma mulher com Síndrome de Asperger que é maravilhoso, e a personagem não é nem remotamente "cega" como essa aqui (com todo respeito a todos com autismo, já que não merecem serem comparados a essa personagem).
O "romance" (até meus 43% suportados) resume-se em Nick Hammer (entendeu a ironia sagaz?!) falando incessantemente sobre suas fantasias com Harper. Em determinado momento, passei a pular capítulos inteiros ou pular páginas, principalmente com essas fantasias chatas. E adivinha? Estava no mesmo lugar, acontecendo a mesma coisa. A trama não evolui em nada além de flertes enfadonhos e Nick afirmando a todo momento que está excitado.
Agora, falando do humor:
"[...]seria maravilhoso se a Harper trabalhasse em meu 'motor'. A ironia é que nem mesmo tenho um carro."
"- Se você tivesse um bebê no banheiro, em minha homenagem, daria o meu nome a ele, certo?
- Não. Se isso tivesse acontecido, o nome dele seria Lavatório."
Se acalme. Eu sei, você está passando mal de tanto rir. Eu também passei. E o livro todo é repleto de personagens que têm exatamente esse tipo de humor incrivelmente perspicaz e inesperado. Assim como em Big Rock, não dá para diferenciar quem é quem aqui, pois todos falam e agem de maneira igual. E no "humor" isso é ainda mais óbvio, dando ainda menos personalidade aos personagens (como se isso fosse possível). E Nick sempre diz o quanto Harper tem um sarcasmo "primorosamente ajustado", mas eu só vejo uma pessoa patética e sem graça que não parece ter saído direito da quinta série. Igual ao Nick... Bem, isso explica muita coisa.
O tropo é bobo e o desenvolvimento (se é que há) é clichê. É sexo, sexo e mais sexo, e mais nada de útil para preencher as lacunas. Como eles funcionam como pessoas reais, sem envolver sexo no meio? Mas eles não são minimamente realistas ou atraentes. São a caricatura de um gostoso mulherengo e da jovem (não tão jovem) inexperiente que quer aprender mais sobre sexo. Consigo pensar em dois livros que têm a mesma premissa e são absolutamente melhores. E o fato dela ser irmã do melhor amigo de Nick não chega a ser um grande conflito, mas sim a incapacidade de enxergarem que ambos estão interessados em ter mais do que amizade (isso enquanto trocam sacanagens entre si). Resumo: uma perda de tempo.