Bookdreamer 11/06/2024
Gente, que livro, que obra forte. Tantas coisas relatadas que me deixaram tão apreensivas e simplesmente sem palavras! Um livro de 1955, que, ainda assim, é tão atual! Toda a realidade descrita pela autora me deixou... triste. É isso, triste. A fome sendo relatada de uma maneira tão presente na vida deles, a violência presenciada que se tornou uma rotina, a presença de tanta vulgaridade acessível para as crianças que crescem no ambiente. Carolina, no entanto, enfatiza que tenta escrever para não ceder à realidade da favela, com sua formação de dois anos escolares, sendo que, em sua escrita - com tantas frases de impacto -, apesar de tentar retratá-la de uma forma melhor, a depressão e toda a miséria aparecendo aos poucos é perceptível. A maneira como ela escolheu a literatura e não desistiu do seu sonho foi bonita de acompanhar e saber, por fim, que ela teve seu sonho realizado, foi melhor ainda. Ao final dessa edição, como o livro não tem exatamente um fim, há algumas resenhas e matérias sobre como a autora teve seu impacto em movimentos que visam as melhorias das condições do lugar tão sucateado, como também sobre o que aconteceu com ela após a publicação de seu livro, e como ela continuou escrevendo - mesmo após seu "esquecimento". Ao final, vi que ela publicou outras obras e, com certeza, estarei lendo algumas.
"[...] Eu classifico São Paulo assim: O Palacio é a sala de visita. A Prefeitura é a sala de jantar e a cidade é o jardim. E a favela é o quintal onde jogam os lixos."
"Os meninos estão nervosos por não ter o que comer."
"O povo não tolera a fome, é preciso conhecer a fome para saber descrevê-la."
"[...] O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome. A fome também é professora. Quem passa fome aprende a pensar no próximo, e nas crianças."
"[...] Li um pouco. Não sei dormir sem ler. Gosto de manusear um livro. O livro é a melhor invenção do homem."