@thereader2408 20/10/2021A mulher inesquecívelA primeira vez que ouvir falar sobre "Rebecca" (1938) da escritora britânica Daphne du Maurier foi por dois motivos: Hitchcock se inspirou nesse livro em seu filme de 1940 e pela polêmica acusação de plágio do livro "A sucessora" (1934) da brasileira Carolina Nabuco, filha do diplomata e cofundador da Academia Brasileira de Letras, Joaquim Nabuco. Em 1941, o New York Times Book Review publicou uma matéria apontando uma coincidência "extraordinária" entre os livros da britânica e da brasileira. ("An extraordinary parallel between Miss du Maurier's "Rebecca" and a brazilian novel: Literary coincidence). Foi plágio? Eu não saberia dizer.
Com relação a "Rebecca" percebi algumas semelhanças com "Jane Eyre" (1847 ) de Charlotte Brontë e "Encarnação" (1893) de José de Alencar . O que mostra que o plot sobre a moça pobre que se apaixona pelo viúvo rico e misterioso não é novidade na literatura. Mas se você for procurar mais informações vai encontrar coincidências difíceis de explicar. Inclusive, essa não foi a única acusação de plágio que Du Maurier sofreu. O escritor Frank Baker ao assistir o filme "Os pássaros" de 1963 (também de Hitchcock, que se inspirou em um conto da Daphne) identificou algumas similaridades com o seu livro "Os pássaros" de 1936. Então...
Polêmicas à parte, minhas impressões do livro foram muito boas. Dona Daphne du Maurier sabe "contar" muito bem uma história. Ao contrário de alguns que ficaram entediados com o livro, eu não consegui largar. Devido a aura de mistério e suspense que envolvem o triângulo amoroso entre o milionário Maxim de Winter, Rebecca, a esposa morta e sua segunda esposa que em nenhum momento tem o nome mencionado do livro. Esse fato nos ajuda a entender o sentimento de não pertencimento da segunda esposa.
O que mostra que mesmo morta Rebecca assombra a vida dos recém casados de uma forma angustiante, principalmente na figura da governanta, Mrs. Danvers, que foi muito apegada a falecida, de uma forma até mórbida e obsessiva, e faz questão de manter a "presença" da antiga patroa em Manderley. Interessante ver aqui o protagonismo de Rebecca, mostrando que os mortos podem assombrar os vivos.
@thereader2408