Lari.Aldeia 01/04/2020
O livro A Ilusão do Tempo começa narrando a história de Vitória e seus pais que resolvem comprar uma caixa para cada um deles, que promete parar o tempo, para fugir da grande crise econômica que vivem e os jornais vivem anunciando. Ao acordar e sair da caixa, a menina se dá conta que o lugar que conhecia como lar está domado por galhos e plantas, com as janelas quebradas e poeira por todo lado. O problema é que só ela acordou e ela se desespera sem saber o que fazer. Começa a vagar, sem rumo, por prédios e ruas tomadas pela floresta e os animais selvagens, até um garoto chamado Marcos aparecer e levá-la a uma casa cheia de crianças, onde uma senhora, chamada Rosa, começa a conta uma história.
Essa história é de um reino bem distante, chamado Pangeia, onde o rei Dimon que era clamado por todos, perde seu grande amor e vai enlouquecendo aos poucos. A solução que lhe é dada é que, se se não pode ter o amor, pode ao menos se tornar mais poderoso e ir conquistar o mundo e aumentar o seu Reino. E é na guerra que ele ouve uma maldição. Uma velha de capa cor de gelo aparece e lhe alerta: ?ninguém conquista o mundo se não conquistar o tempo?. Essas palavras martelam tanto na mente do Rei, que ao voltar, anos depois, ele percebe que poder nenhum consegue frear o tempo perdido e vê que sua linda Obsidiana já cresceu e ele não viu cada momento único de sua vida. Decidido a proteger sua filha desse tempo que tanto lhe foi alertado, ele oferece metade do reino para quem conseguisse conservar a juventude de sua filha.
Os que tentaram enganá-lo foram jogados aos leões. Os que prometeram, mas não conseguiram cumprir, morreram da mesma forma. Até que, no meio do povo, anões, cansados de andar pela floresta, todos machucados e maltratados, ofereceram uma arca mágica. E morreram por se negarem a cedê-la ao rei, lembrando que seus familiares foram mortos pelo seu pai. Mas as palavras da velha chicoteavam a sua mente e ao matarem os anos no meio do povo, o chão se abre e separa o reino. Será que ele fora amaldiçoado?
É no meio dessa história, do que tinha acontecido ao reino e a Obsidiana, que Vitória e as crianças percebem, que o que aconteceu com todo mundo tem uma conexão com o que aconteceu em Pangéia e vão encontrar uma forma de resolver tudo isso antes que o tempo também acabe para eles.
Eu nunca vi a história de um livro casar tanto com a capa como em A Ilusão do Tempo e muito menos, conseguir fazer uma menção a vários contos de fadas, como a fábula criada pelo Andri. Quem já leu consegue ver referências a história da Branca de Neve, como os anões e a arca de vidro, assim como uma rainha e um serviçal da corte que querem, de algum modo, atingir o seu coração e conseguir que o tempo não a castigue e sua beleza seja eternizada como a da princesa eterna. O livro também remete a história de Momo e o Senhor do Tempo, obra do autor Michael Ende, onde as pessoas desperdiçam o seu tempo com coisas triviais e por isso não resta tempo para o que é realmente importante. Andri ainda conseguiu fazer ligações com a crise que o mundo já passou.
Definitivamente, essa fábula é uma história atemporal, onde a supervalorização de finanças, riquezas e poder valem mais que a própria vida, o tempo de cada uma delas e como conseguimos aproveitá-las.