Letícia 04/01/2023
Excelente leitura!
Li a trilogia de livros na ordem incorreta, mas tudo certo, vai ficar faltando ?carcereiros? que pretendo ler ainda em 2023.
Eu sou suspeita para falar, pois adoro o modo como o Drauzio identifica seus ?personagens? e a delicadeza que consegue contar até as histórias mais escabrosas. Nessa leitura não foi diferente e confesso que em muitas histórias precisei fechar o livro e respirar; em algumas parecia que estava vendo um filme, em outras senti pena das presidiárias que muitas vezes foram presas por ?ajudar? o amado que já estava preso.
É interessante perceber pontos em comum na histórica de várias mulheres, presas por ajudar o parceiro, presas por tentar ?aliviar? as dívidas contraídas pelos maridos viciados, presas por terem tido uma infância difícil e sem estrutura e também presas por fazerem justiça com as próprias mãos em casos de estupr0 ou viol3ncia doméstica de familiares. Apesar de haver casos de garotas rebeldes, a maioria está presa por estar passando necessidades, por não ter condições de sustentar a família, os filhos que são tidos na infância/adolescência, enfim?
Um livro que nos ajuda a refletir sobre a desigualdade social, sobre violência de gênero, sobre a carência afetiva dessas mulheres quando são presas e familiares e maridos abandonam? Nos faz entrar em um mundo que a gente vive a vida inteira fingindo que não existe.
Fica aqui uma frase do Drauzio que me fez refletir muito e que já estava martelando na minha cabeça a um tempo: ?A tendência natural é a de nos aproximarmos de pessoas da mesma classe social, com gostos, ideias, posições políticas e estilos de vida semelhantes aos nossos. Embora esse formato de convivência nos traga conforto, não abre espaço para o contraditório nem da acesso a modos de pensar e de viver radicalmente diferentes.?