Fabricio 27/01/2017
Após o incêndio no Hotel Desenlace, provocado pelos órfãos Baudelaire, as três crianças acabam parando num barco na companhia do pérfido Conde Olaf. À deriva no mar, os irmãos Baudelaire e o Conde entram numa grande tempestade e acabam náufragos numa plataforma costeira. Nela, os quatro são recepcionados por Sexta-Feira, uma menininha habitante de uma ilha povoada por uma colônia de náufragos. Sexta-Feira explica aos novos náufragos que, toda vez que surge uma nova tempestade, os colonos saem para coletar tudo o que é trazido para a plataforma costeira. Percebendo que Olaf era uma ameaça, a menina leva apenas as crianças para sua ilha.
Ao chegarem no lugar repleto de tendas e governado por Ishmael, uma espécie de facilitador da colônia, os órfãos se vestem como os demais habitantes e passam a trajar túnicas brancas de lã. Além das vestimentas, Violet, Klaus e Sunny também passam a se alimentar e a beber apenas do que lhes é permito no costume estrito dos ilhéus.
Ish, como também era chamado o facilitador, acreditava piamente ter construído uma colônia segura, longe da perfídia do mundo.
Criando muitos carneiros que ajudavam os ilhéus a transportar os entulhos trazidos pelas tempestades até um arboreto sob a grande sombra de uma macieira de maçãs amargas, Ish sempre permanecia sentado e com seus pés enfincados num barro. Só ficava na colônia o que o facilitador permitisse, ou seja, nada, pois todos sucumbiam à "pressão dos pares". Assim sendo, os inúmeros achados na plataforma eram despejados no arboreto, do outro lado da ilha. De A a Z tinha de tudo lá. Era como uma gigantesca biblioteca de objetos, pois mais cedo ou mais tarde tudo acabava indo dar naquelas praias.
Os irmãos Baudelaire pareciam enfim ter encontrado a paz, mesmo vivendo sob tantas restrições. Pareciam realmente que viviam livres da perfídia do mundo. Porém, o Conde ainda rondava pela plataforma, à espera de causar mais um mal.
Se fazendo passar por Kit Snicket, que também fora arrastada por uma tempestade até a plataforma, Olaf tenta ludibriar os ilhéus. Portando consigo o fungo Mycelium Medusóide - arma letal e venenosa, terrivelmente temida por todos da organização C.S.C. (Corporação pelo Salvamento das Chamas) - , Olaf acaba causando uma grande catástrofe na ilha.
"De um único esporo é tão cruel o poder
Que em menos de uma hora tu podes morrer
Seria então possível deixá-lo mais ralo?
Sim, basta uma dose de raiz-de-cavalo!"
Somente um grande milagre poderia salvar os órfaos da morte. Com a ajuda da Víbora Incrivelmente Mortífera - que também havia sido arrastada até a ilha juntamente com Kit -, os órfãos conseguem sobreviver ao envenenamento. Mas se, como eu, você quis acreditar que no fim de O FIM tudo iria se resolver, sinto dizer que não foi bem assim. Não se iluda, pois não é feliz o final. Tristeza! Foi só o que sobrou.
Por mais que Lemony Snicket dissesse com seu tom sarcástico que não havia final feliz e que era bem melhor eu procurar outros livros a continuar com a saga dos desventurados órfãos Baudelaire, eu continuava insistindo na esperança de no fim de O FIM eu encontrar um destino feliz para os órfãos. Que tolo! Eu errei. Acreditei também que todos os mistérios enfim seriam solucionados. Que tolo! Eu errei de novo. O que havia dentro do tão cobiçado açucareiro ainda permanece um grande enigma. Bem como o que de fato gerou a cisão de C.S.C., dividindo-a em voluntários e vilões incendiários. E o que aconteceu aos adoráveis irmãos Quagmire? Pobres Duncan, Isadora e Quigley. E o que terá acontecido com todos no hotel em chamas? Teriam tido um terrível fim como Tio Monty, Josephine ou Dewey? Essa é uma grande interrogação, como aquela que engoliu os trigêmeos Quagmire.
Somente uma narrativa espetacular como a de Lemony Snicket me impulsionou ir até esse triste fim. Pois, por mais que ele dissesse que não haveria final feliz com um tom tão irônico, eu ainda me iludia. Que tolo! Eu errei. E não sei como alguém como eu se presta a se cativar por essa Série de Desventuras. É mesmo o cúmulo do sadismo.