Alexia.Vasconcelos 20/04/2024
Bom, mas meio morno
"O Canto Mais Escuro da Floresta" é uma obra que mergulha o leitor em um mundo de magia e mistério, onde os limites entre o real e o sobrenatural se tornam borrados. Escrito por Holly Black, esta fantasia em volume único tem conexões com os outros livros dela que envolvem "O Povo" (ou seja, os feéricos). Inclusive, os personagens principais desse livro aparecem em uma trilogia que amo muito, "O Povo do Ar". Decidi ler essa obra justamente por isso, logo depois de ter surtado com as tramas políticas e migalhas de romance que ocorrem lá em Elfhame.
Porém, diferente da trilogia, "O Canto Mais Escuro da Floresta" nos leva a Fairfold, uma cidadezinha com segredos sombrios e seres mágicos que habitam as profundezas da floresta, que abriga até mesmo um garoto misterioso preso em um caixão de vidro. Os humanos que vivem lá sabem da existência do Povo, mas também os temem (com razão, eu diria), e há um pacto tácito que delimita as fronteiras entre eles.
Hazel e Ben, irmãos que cresceram ouvindo e até vivenciando a magia desde a infância, anseiam pelo dia em que o garoto adormecido no caixão de vidro despertará, trazendo consigo suas histórias e aventuras. No entanto, quando isso acontece, o despertar traz também um terror que assola a cidade, exigindo que Hazel e Ben ajam para pôr fim à ameaça.
Eu gosto muito da escrita da Holly Black. Acho fluida, gostosinha de ler, tanto é que rasgo elogios para "O Povo do Ar" e também para "Magisterium", saga que ela escreveu em conjunto com a Cassandra Clare. Dessa forma, encontrei em "O Canto Mais Escuro da Floresta" uma narrativa familiar, com personagens legais e cenários criativos e peculiares comuns nas histórias da Holly. Acho que isso, junto com o fato de ser um volume único, me fez ler tudo em apenas um dia.
No entanto, a obra não conseguiu ultrapassar a barreira do mediano para mim. Embora Hazel e Ben sejam bons protagonistas, nenhum deles me MARCOU de fato. Os personagens secundários, principalmente o Jack, são até que interessantes, mas da mesma forma não conseguiram capturar completamente minha atenção. A falta de profundidade emocional que encontrei em livros anteriores da autora acabou deixando uma espécie de vazio. Acredito que algumas questões levantadas ao longo da história poderiam ter sido melhor exploradas, fora que também fiquei com algumas perguntas sem resposta.
A força da obra mesmo reside na relação entre a cidade, a floresta e a magia, que é habilmente explorada ao longo da narrativa. A magia, por si só, é quase um personagem: viva e fascinante, na mesma medida que é aterrorizante, traiçoeira e imprevisível.
Em suma, achei "O Canto Mais Escuro da Floresta" bom, mas um pouco morno (principalmente se comparado a outras obras da autora). Gostaria de ter me emocionado mais, me apegado mais aos personagens. Apesar disso, é uma leitura que vale a pena para quem deseja conhecer a escrita de Holly Black ou para os amantes de fantasia que buscam uma história fluida, simples e criativa.