Renata 11/04/2024
Um suspense que trapaceia com um dos detetives mais incompetentes que eu já vi
Ninfeias Negras é um livro difícil de resenhar. Uma proposta que começa muito interessante e tem um final... complicado. Desde o começo, o livro me prendeu na trama misteriosa envolvendo o vilarejo impressionista. Mesmo para uma pessoa leiga em arte como eu, as telas coloridas de Monet sempre foram muito atrativas, o que só aumentou meu interesse no livro.
Muito se fala do começo "arrastado" que esse livro apresenta, mas eu discordo. Como uma leitora de Agatha Christie, estou habituada a esse gênero de romance policial que toma seu tempo para desenrolar os acontecimentos. Acredito que seja mesmo uma questão de costume e gosto.
Foi um livro que eu devorei em 2 dias, o que o faz merecedor de crédito. Realmente, o mistério envolvente me prendeu desde o começo, e li esse livro movida por muita curiosidade. O problema é que você começa a perceber que o autor é um grande trapaceiro. O plot twist final, sinceramente, deixou um sabor amargo na boca, me causou sentimentos conflitantes. Por um lado, entendo a ideia do autor e sua busca por inovar na resolução. Por outro, as mudanças de datas e interações entre certos personagens parecem um truque barato para confundir. É possível solucionar esse mistério se você analisar de uma forma metalinguística, se você ler o prólogo e se perguntar: "qual pode ser o pulo do gato?". Agora, se você analisar de forma lógica os acontecimentos, é impossível desvendar, porque não faz sentido. Por isso soa trapaceiro.
Enfim, está longe de ser um livro ruim. A proposta é interessante e funciona, mais como a história dessas mulheres que como uma investigação policial propriamente dita.
AVISO DE SPOILERS
O meu MAIOR problema com esse livro pode ser resumido em um nome: Laurenç Sérénac, o detetive. Meu deus, que homem INCOMPETENTE, machista, burro. Um homem que objetifica mulheres o tempo todo e que se envolve com uma suspeita do crime!! Ele tenta prender o Jacques a todo custo com a desculpa de que é sua "intuição", sendo que ele tem seus próprios interesses pessoais nessa investigação! Quem conhece true crime sabe o perigo que são essas investigações que buscam provar a culpa de uma pessoa ao invés de INVESTIGAR. Não interessa que ele estava certo, não justifica essa busca incessante de prender uma pessoa sem provas. Sem contar esse "romance" dele com a Sthéphanie, que pode ser resumido como um cara com tesão numa gostosa. Bem aquela vibe de histórias de homens para homens onde o protagonista se dá bem com uma mulher bonita. O detetive não gosta da professora por seu interesse em arte, por seu interesse em literatura, pela sua personalidade e gostos, pelas conversas. Ele gosta dela por ser bonita. Aí você quer me dizer que ele voltou depois de velho atrás dela? Como diria a Boscov: ora, tenha santa paciência.
Outro problema são as crianças de 11 anos agindo muito avançadas para a idade. Gente??? Um menino de 11 anos arrastando e escondendo o cadáver de um homem? Eu acho que se as idades fossem algo na casa dos 16~17 anos, não mudaria muita coisa na história e seria muito mais verossímil. Mas 11 anos?
Enfim, Sylvio e Netuno rainha, Laurenç nadinha