spoiler visualizarhorphelya 03/05/2024
Esperava mais
Foi uma leitura super rápida e fluida, mas que ao mesmo tempo achei rápida demais. A historia inteira se baseia em dois dia de uma mudança brusca de cidade e com muita introdução de personagens e conflito, acho que a autora poderia ter aprofundado mais em relação a Savannah, já que aparentemente ela é uma garota comum sem muitas aspirações e que resolve a maioria das coisas com violência e não leva desaforo pra casa, porém além disso o único traço de personalidade que a autora traz dela é que ela reclama de tudo. Os outros personagens também são muito descartáveis tirando os irmãos, que até então apenas o Mestre (David) aparentou ser um personagem interessante e bastante inteligente pra idade dele; outro personagem bastante curioso mas que infelizmente não apareceu muito foi o Jesse, um fantasma que me intrigou bastante e eu queria que tivesse sido aprofundado na história, mas a autora preferiu dar importância a ele nas ultimas 20 paginas do livro.
A vilã nem preciso dizer o quanto ela é patética e chata, uma menina inconveniente, inconsequente, com aspirações medíocres assim como sua própria historia. Não sei se a autora já tinha uma pretensão de fazer uma saga a partir desse livro, mas não quer dizer que a introdução precisava ser ruim e mal desenvolvida. Fico bem decepcionada com essa história já que meu primeiro contato com a autora foi com o livro "Abandono", havia sido bem melhor e mais interessante em quesito de história, aqui não teve muitos pontos que me agradou, apenas a curiosidade de saber a origem do Jesse e se a Savannah vai deixar de ser tão chata.
Vale ressaltar que ao final do livro a Savannah vai realizar um exorcismo se apropriando de costumes que diz ela vir de matrizes africanas (Umbanda), porém eu duvido muito do teor desse ritual até porque a própria protagonista diz que foi algo que ela aprendeu na internet. Me faz pensar que a autora não deu importância em representar essa religião com fidedignidade e respeito, o que consequentemente exalta esteriótipos preconceituosos, assim como as falas dos personagens com conotações preconceituosas.
Enfim, é um livro de 20 anos atrás não dá pra esperar muito, porém achei desnecessário e de mal tom essa parte em relação a Umbanda, ainda mais que a protagonista diz que os mediadores não seguem um tipo de religião específica ou que as almas vão necessariamente para o céu/inferno. A própria Savannah questiona "Deus" por ter lhe dado esse dom que parece mais uma maldição pra ela, pra no final ela fazer um comentário infelizes a certa da Umbanda.
De qualquer forma ao representar a cultura do outro é necessário um cuidado e delicadeza, porque ali costa uma historia, toda uma tradição, representar isso de forma estereotipada sem qualquer tipo de referência de um praticante acaba sendo desrespeitoso. Sei que pra alguns esse tópico pode soar bobo e desnecessário, mas as religiões de matrizes africanas são uma das (se não a) religião que mais sofre intolerância religiosa, então ter esse senso critico é EXTREMAMENTE importante.