Piter 13/01/2024
Candidato a Sessão da Tarde
Compararam esse livro com o meu, Renascimento Sombrio, então resolvi ler para tentar encontrar as semelhanças. De fato, tem algumas coisas. Mas não vou tocar nelas nesta resenha.
A Mediadora fala sobre uma garota que se muda de Nova York para a Califórnia e entra em um colégio novo, obrigada a viver com os três filhos do namorado da mãe. O livro alterna entre esse núcleo e os personagens da escola. Ao mesmo tempo, explora a condição de mediunidade da protagonista, a qual vê, toca e expurga fantasmas.
Trata-se de uma obra bem jovial e uma trama simples, executada de maneira muito satisfatória, pois cumpre o que promete. Eu acho que a capa e a sinopse dessa edição podem trazer uma ideia meio errada a respeito do livro, então prefiro a antiga, com os personagens ilustrados. A edição com essa capa propõe uma certa "maturidade" a qual não é encontrada na história.
Os pontos mais positivos são como a mitologia dos fantasmas é trabalhada, de modo muito natural e sem aquele discurso sisudo que se encontra em Cidade dos Ossos, por exemplo, pois aqui esse tipo não combina bem com a proposta. A escrita também envolve, pois simula uma espécie de diário pessoal, como se tivesse sido realmente escrito pela protagonista.
Outra coisa que gostei foi o fato de a Suzannah lidar bem com essa coisa de mediadora. As cenas dela falando que batia nos fantasmas são hilárias. Tem muito humor contido no enredo. E claro que há uma pegada de gótico nisso tudo: desde o ambiente da escola ao fato de que estamos falando de uma adolescente que caça entidades e os manda de volta para o Além com rituais, e até mesmo exorcismos. A Suzi também é bem trevosa no estilo, e isso me aproximou dela. Ainda assim, tem umas coisas contidas em suas falas que me faziam revirar os olhos, porque são muito próprias de um discurso vigente nos anos 2000.
Eu gosto da simplicidade da história, mas não é aquele livro que vai ficar marcado na minha vida. Talvez seja uma ótima leitura para adolescentes na faixa dos 14 aos 16. O romance é beeeem reduzido, totalmente em migalhas. Fiquei com aquele sentimento de que o enredo poderia ser mais: + amplo, + complexificado, + tudo. Só que ele diverte com o que tem.
OBS: tem uma parte que a Suzi cita a Umbanda brasileira, e isso foi bem legal.
Enfim, "A Mediadora" me trouxe uma leitura bastante rápida e entretida, leve do jeito dela, com uma trama que facilmente seria adaptável para um filme juvenil da Sessão da Tarde.