Letícia 27/09/2022A crise econômica de hoje (à qual nos referimos na maioria das vezes) é resultado da crise interna, de valores, de consciência, ambiental, mercadológica, de confiança, política, afetiva e espiritual (e aposto que você pode citar outras) que estamos vivendo promovendo. Isso mesmo, ela é um reflexo da nossa educação e do nosso estilo de vida. Da apatia. Da falta de consciência. E só há um jeito de matar esse dragão. É preciso compreender que nós fazemos o mundo. Somos responsáveis por tudo.
Será uma era de valorização do feminino sagrado e de tudo o que ele representa: criação, interioridade, espiritualidade, frugalidade, simplicidade, ecologia, fraternidade, qualidade de vida e sensibilidade — características compartilhadas por artistas, poetas, líderes, mitos e ícones de todos os tempos. Por milênios operamos em cima de valores “masculinos”, como agressividade, ambição, competição e dominação. Agora daremos outro passo.
A nova riqueza será cognitiva e cultural, imaginativa e artística. O capital essencial de amanhã não será o dinheiro. Será o talento, a inteligência, a intuição e a imaginação. E isso muda tudo. Na educação. Na empresa. Na cidade. No mundo.
O ex-presidente do Uruguai, José Mujica, disse: “O que estamos gastando é tempo de vida. Porque, quando compramos algo, não pagamos com dinheiro, compramos com o tempo de vida que tivemos que gastar para ter esse dinheiro. Mas tem um detalhe: tudo se compra, menos a vida. A vida se gasta”. É nisso que sempre penso antes de comprar alguma coisa.
Propósito tem a ver com intenção, com objetivo. É a declaração da diferença que você pretende fazer no mundo. É a resposta clara de por que você faz o que faz (como organização ou pessoa).
Desde as primeiras criações, roupa e moda cumpriram uma série de propósitos. Adorno, proteção, diferenciação e legitimação, por exemplo. Papéis tão importantes que muitas vezes transcendiam a utilidade da peça e que tinham em comum o propósito de servir à vida das pessoas. Servir aos seus sonhos. Servir à construção da sua identidade. Servir à busca, ao autoconhecimento e ao estabelecimento de diálogos e laços sociais.
Vestir-se é um encontro com nós mesmos. A moda pode cumprir um propósito muito maior do que cobrir o corpo. Como uma arte, ela pode nos ajudar nos dilemas mais íntimos do nosso cotidiano.
Você sabia que usar um avental branco de médico (sabendo que é de médico, mesmo que você não seja médico) ativa sua atenção e sua presença? O mesmo não acontece se você vestir um avental de pintor, que mexe com outras partes do cérebro. Esse fenômeno é chamado pelos cientistas de cognição indumentária, e prova o quanto vestimos também os aspectos simbólicos das roupas. O quanto o corpo sente e pensa. O quanto as roupas podem interferir psicologicamente.
A roupa é um acúmulo de dados. A moda é o resultado das experiências por que passamos, bem montadas e organizadas, contadas não necessariamente através de frases, até porque tem coisas que são difíceis de expressar em palavras (ou não cabem numa camiseta). Podemos segurar uma peça lisa e dizer: “Isso sou eu”. E uma pessoa pode dizer: “Isso é a sua cara”.
Aprendi que quando estamos (realmente) abertos a revelar nosso propósito (ou qualquer outra coisa), quando dizemos ao universo que estamos dispostos a receber, um dia a resposta vem. Talvez seu coração já saiba a resposta (talvez ele a esteja dando para você agora). Talvez ele não a forneça exatamente em palavras, mas sentimos quando estamos fazendo algo que é bom para nós. Talvez ainda não seja a hora de você saber essa
resposta, porque ainda precisa experimentar mais. Então aproveite a chance.
Talvez o entendimento esteja mais próximo dos ensinamentos de Buda, quando dizem que tudo depende de todo o resto, um contém o todo e o todo contém um e que não se pode compreender ou tentar mudar nada de forma isolada.