cici 24/09/2021
The Bargainers #1: Rhapsodic, de Laura Thalassa
Nota: 1.5 estrelas (e ainda estou achando muito).
O que primeiro notei foi a falta de originalidade. Ciente de que simplesmente não havia como dois livros terem TANTAS semelhanças por pura coincidência, fui atrás das datas de lançamento de Rhapsodic e Corte de Névoa e Fúria, e então pude ter a certeza de que, sim, houve aqui uma forte inspiração beirando o plágio.
Comecemos pelo fato do Des, ou Negociador, ser o rei feérico da Noite, ter asas negras e a mania ? o trabalho, na verdade ? de fazer acordos. Não o suficiente, a pele da Callie brilha quando ela está feliz. E por aí vai. Se eu apontasse mais pontos em comum, acabaria dando spoiler, e realmente não são poucos. Dos personagens ao enredo, parece que quase tudo desse livro foi tirado de lá, modificado um pouco e reproduzido em uma escrita meio ruim.
Preciso admitir, no entanto, que é uma leitura fluída. Li em poucos dias e talvez vá ler os próximos livros, ainda que tenha dado nota baixa a esse. Apesar disso, a escrita da autora é meio rasa, meio corrida, e ela claramente não sabe como aplicar quebras de tempo ? que, neste caso, não indicam real avanço de tempo, mas mais ou menos uma conclusão ou o pico de uma narrativa. Acontece que não há nem conclusão, nem quebra de tempo e muito menos clímax, e as linhas são puladas no que parece ser uma decisão aleatória de dar destaque a momentos fracos da história.
Os personagens também não são grande coisa. A Callie é uma boa protagonista, e realmente aprecio as respostas afiadas que ela dá, mas a achei muito fraca e mal desenvolvida. Além da síndrome de donzela-em-perigo, disfarçada por sua personalidade um pouco forte ? uma afirmação por si só um tanto quanto duvidosa ?, absolutamente nada nela foi desenvolvido. Nada.
Já não fosse bastante, a protagonista tem pouquíssimo aprofundamento. Não há exploração nenhuma dela como sereia, apenas algumas cenas em que ela encanta humanos ou aponta a existência da sua "sereia interior", isto é, seu lado mais selvagem. Fora isso, nada. Nada de caudas, nada de saber sobre a parte marítima da sua família, nada de nada. É decepcionante.
Veja bem, eis algo que não me decepcionou no livro: O Negociador, ou apenas Des. Não houve decepção porque não houveram grandes expectativas, pois, se houvessem, eu certamente quebraria a cara. Há um quê de problemático nele que me irritou de maneira realmente profunda, principalmente no que diz respeito ao traço controlador que possui. Ele é quem decide e conduz as coisas ? e eu acho extremamente insuportável essa esfera de "macho alfa" e "salvador" que ele exala. Sendo esse o tipo de mocinho que mais odeio, o personagem não me cativou.
O casal, pelo menos, tem química ? e, ainda assim, apenas até três quartos do livro, quando ela subitamente evapora. Há um grande quê de problemático em ambos, e sinceramente torci um pouco para que eles não ficassem juntos. Afinal, a Callie teria ficado muito, muito melhor sozinha.
A ideia de uma leitora torcer contra o casal principal é um pouco triste, dadas as inúmeras páginas de romance dedicadas ao livro. Tudo aquilo que não é o casal, gira em torno dele. A autora faz descaso da ambientação, da política, do próprio universo e dos personagens secundários, que não acrescentam em absolutamente nada.
Mais triste ainda é ver um plot tão bom sendo desperdiçado como esse foi.