A dama do cachorrinho

A dama do cachorrinho Anton Tchekhov




Resenhas - A Dama do Cachorrinho


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Regis 27/06/2023

Recortes simples do cotidiano
Anton Tchekhov, foi um escritor russo romancista, contista e dramaturgo que nasceu na segunda metade do século XIX, se formou em medicina e exerceu a profissões por um tempo, se voltando logo depois apenas para a escrita. Tchekhov Morreu de tuberculose aos 44 anos deixando textos que influenciaram toda a literatura ocidental... inclusive: a arma de Tchekhov é um princípio dramático descrito pelo autor que até hoje inspira a literatura e principalmente roteiristas e diretores de Hollywood.

Durante a leitura desse livro era como se eu estivesse vendo quadros simples da vida real, momentos cotidianos registrados pelo autor. Os contos são curtos e narram instantes que acontecem na vida de qualquer pessoa: um espirro no teatro, a morte que chega de repente, um aluno decorando a matéria enquanto sua companheira faz um bordado, uma mãe e uma filha costurando o enxoval, uma visita que chega reparando em tudo a sua volta, um marido que trai sua esposa sendo pego no flagra... em resumo; ele retrata momentos comuns de forma realista despertando simpatia e compaixão.

O conto Vanka é de uma sensibilidade tão grande que deu vontade de chorar com a narrativa do pobre garoto, em A Irrequieta eu senti tanta aversão por Olga Ivânovna e tanto dó e tristeza por seu dócil e humilde marido, Dýmov Ossip (ele me lembrou meu pai com sua calma serena, sua bondade e amabilidade... talvez por isso eu tenha ficado tão revoltada com a sorte do pobre personagem).

Cheguei nesse livro por causa do filme o Leitor: que cita o conto A Dama do Cachorrinho, que acabou despertando imensamente a minha curiosidade (me senti bem satisfeita com a leitura desse conto).

O autor escreve de um modo poético e agradável, tornando a leitura desses momentos capturados por sua escrita tão reais e palpáveis que apesar de não serem histórias excitantes com viradas surpreendentes, conseguem envolver e despertar a simpatia e compaixão do leitor.
Reconheço que o Tchekhov me cativou com sua descrição simples do drama humano e seus recortes da realidade descritos com imensa sensibilidade.

Gostei bastante do livro e passei horas agradáveis fazendo essa leitura. Recomendo para todos.
Bruno Oliveira 28/06/2023minha estante
Resenha pessoalíssima. Boa, amiga Regis! Só por curiosidade: se gostou tanto, ao ponto de tocar o coração, qual o porquê então da nota 4,5?


Regis 28/06/2023minha estante
Porque teve dois ou três contos que não foram tão envolventes, que até foram recortes perdidos em meio aos outros. Apenas por isso, amigo Bruno.?


Bruno Oliveira 28/06/2023minha estante
Ah, entendo. Em uma reunião de contos, nem sempre todos nos agrada. Faz parte. Ao menos, a maioria te tocou, e isso já é demais! Literatura sendo literatura. :)


CPF1964 28/06/2023minha estante
Excelente Resenha as usual, Régis. ???


Regis 28/06/2023minha estante
É isso, amigo Bruno, nas coletâneas nem sempre os contos agradam do mesmo jeito. Mas eu adoro me surpreender com as histórias. ?


Regis 28/06/2023minha estante
Obrigada, Cassius. ?
Estou doida para saber sua opinião sobre As Vinhas da Ira, assim que concluir a leitura me fale o que achou. ?


CPF1964 28/06/2023minha estante
Será um prazer, Régis.


Léo 28/06/2023minha estante
Resenha perfeita, Régis. ??


HenryClerval 28/06/2023minha estante
Como sempre sua resenha está perfeita, Régis! ?


Regis 28/06/2023minha estante
Obrigada, Leandro. ?


Regis 30/06/2023minha estante
Obrigada, Léo. ?




Thiago Dantas 25/12/2013

Primeiramente eu li a versão da L&PM, e por ter gostado muito dos contos de Tchékhov, tentei descobrir quais os contos que estavam presentes na versão da 34 e não achei em lugar nenhum da internet. Arrisquei e comprei. Para informação de quem se interessar, aqui está:

Utilidade pública -- listagem dos contos:

----Contos presentes na edição da L&PM----
A Morte do Funcionário; O Enxoval; Aniúta; A Corista; Vanka; Vérotchka[1]; Zínotchka; A Irrequieta[2]; Anna no Pescoço; Iônytch[3]; A Dama do cachorrinho; A Noiva

----Contos presentes na edição da Editora 34----
Nos banhos; Pamonha[4]; Fantasiado; Caso com um clássico; A morte do funcionário; Do diário de um auxiliar de guarda-livros; Camaleão; Casa-se a cozinheira; Crime premeditado; Subtenente Prichibiéiev; Aflição; Um dia no campo (cenazinha)[5]; A corista; Criançada[5]; Sonhos; Vanka; Um conhecido; Gente supérflua; Na primavera; Angústia; Senhoras[4]; Gricha, O acontecimento, Bilhete premiado, Volódia, Tifo, Inimigos, Ilegalidade, Olhos mortos de sono, O sapateiro e a força maligna[5], Ventoinha[2], Volódia grande e Volódia pequeno, Um caso clínico, Homem num estojo[5], Queridinha, A dama do cachorrinho

[1] Presente em "O beijo e outras histórias" da Editora 34.
[2] "A Irrequieta" e "Ventoinha" tratam-se do mesmo conto.
[3] Presente em "O assassinato e outras histórias" da Cosac Naify.
[4] Presente em "Um negócio fracassado e outros contos de humor" da L&PM ("Pamonha" com o título de "A palerma").
[5] Presente em "Um homem extraordinário e outras histórias" da L&PM.


Contos que estão presentes em ambas as edições:
1. A morte do funcionário
2. A corista
3. Vanka
4. A irrequieta/Ventoinha
5. A dama do cachorrinho

Espero ter ajudado quem estiver em dúvida de quais contos estão em qual edição.
Marcos.Azeredo 20/03/2020minha estante
Estou precisando ler este autor, adoro literatura russa.


Hélio 22/04/2020minha estante
Obrigado pela informação!




Tarcísio 20/07/2010

Interessei-me em ler Tchekhov depois de lido "Para Ler Como Um Escritor", de Francine Prose. No livro, ela dedica um capítulo exclusivo ao autor russo e se derrama em elogios. Além disso, há algum tempo passei a me dedicar mais à leitura de clássicos.

Quando comecei a ler contos e a ler sobre contos aprendi que uma qualidade quase que indispensável deste tipo de literatura é ter um final vibrante, que surpreenda. Entretanto, lendo Tchekhov percebi que seus contos não têm essa característica. Os fins, geralmente, são melancólicos e inconclusos.

Algum leitor desavisado e que desconheça seus contos poderia supor então que não vale a pena ler suas obras. Puro engano. Mesmo sem usar esse estratagema de finais surpreendes, a maestria de Tchekhov nos premia com histórias profundas, sentimentais e acima de tudo deliciosas.

Falando especificamente em relação à esta edição, posso afirmar que o formato de "pocket book", apesar de menos charmoso, é muito prático, permitindo carrega-lo à qualquer lugar com facilidade. Os contos têm tamanho médio, o que também permite uma leitura rápida e prazerosa.
Rierison Bruno 08/12/2011minha estante
Tchekhov é um dos melhores,senão o melhor contista que já li.Certamente me influenciou bastante.




Fernando Almeida 13/01/2023

Obra prima
Uma coletânea de contos que ilustram a flexibilidade e a capacidade de escrita de Tchekhov. As histórias são as mais diversas, ele consegue escrever desde a comédia ao drama; consegue criar personagens complexos e extremamente realistas; criticar sutilmente o modo de vida capitalista que se instaurava na Rússia, bem como a aparição do "homem sem qualidades" que é um personagem indispensável entre os autores russos; descrever o sofrimento inerente as mulheres marcadas pela falta de liberdade imposta pela patriarcalismo; criar contos que evocam uma nova perspectiva, seja pela ótica de uma criança ou de algum animal. Enfim, o que se extrai após a leitura dos contos é a sensação de que o todo proporcionado por cada historinha é marcada pela descrição de toda uma época, de uma pátria, de um sentimento coletivo, de um modo de vida, mas ao mesmo tempo também expõe a peculiaridade da própria condição humana, que se reflete nos seus personagens solitários, ciumentos, furiosos, culpados, angustiados.
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Renata CCS 13/07/2016

A vida continua e a realidade é inesgotável
.
"Ninguém melhor do que Tchékhov compreendeu a tragédia contida nas pequenas coisas da vida." (Máximo Gorki)


Nada melhor do que a máxima de Gorki para explicar Anton Pavlovitch Tchékhov: um dos escritores que melhor traduz os infortúnios do cotidiano.Em A DAMA DO CACHORRINHO E OUTRAS HISTÓRIAS, Tchékhov relata o que poderia ser a vida de qualquer pessoa, conseguindo imprimir poesia e humanidade em seus textos, com palavras certeiras, de quem consegue se colocar no lugar do outro, e transporta ao leitor esse efeito.

São doze contos que falam sobre encontros e desencontros da vida, de sentimentos falidos, amor, adultério, culpabilidade, pudor, desonra, tudo com realismo, clareza, humor e leveza. Ler Tchékhov é deparar-se com uma escrita engenhosa e penetrante, companheira e sarcástica.

O escritor russo interessava-se em expor o estado psicológico dos personagens, seus sentimentos e angústias, mergulhando na existência humana, cheia de pequenos fatos, para captar através deles o fundamental e o eterno da vida. Ele estava sempre à procura dos detalhes do cotidiano, mas contados com originalidade e revestidos de calor humano.

A verdade é que o autor sabe perfeitamente conduzir o tempo interno da narrativa, mas nunca sugere soluções para os problemas narrados. Aliás, muitos leitores ficam perplexos com o desfecho de seus contos: são um “não-desfecho”, na verdade. Há qualquer coisa de anticlímax. Para mim, são um balde de água fria: fico sem saber para onde ir, sem saber, ao certo, se gostei ou não. Isso porque ele nos leva às alturas em suas considerações sobre a natureza humana, que ficamos a imaginar um final igualmente transcendental. Não é isso que acontece. Ele nos afronta. É um verdadeiro desacato à nossa tendência de fingir para nós mesmos e para todos. Suas obras não tem desfecho, pois terminam com reticências, como o fluxo natural da vida.

Tchekhov consegue nos tocar porque nos faz lembrar, através de uma literatura sem rodeios e de estrutura simples, de sentimentos e momentos que nós, seres humanos, muito bem podemos reconhecer e nos identificar.


“(...) decorreu mais de um mês, chegaram os rigores do inverno, mas tudo permanecia nítido na memória, como se a separação com Ana Sierguéievna tivesse sido na véspera. E as recordações tornavam-se cada vez mais intensas. Quer lhe chegassem ao escritório, em meio à quietude do anoitecer, as vozes das crianças, que preparavam a lição, quer ouvisse um órgão ou uma canção no restaurante, quer ainda uivasse o vento na lareira, tudo ressuscitava, de repente, em sua memória: o que sucedera no quebra-mar, o amanhecer com aquela névoa sobre as montanhas, o navio chegando de Feodóssia, os beijos. Passava muito tempo caminhando pelo quarto e recordando, sorria e, depois, as lembranças transformavam-se em sonhos e o passado misturava-se, em sua imaginação, ao que viria ainda. Não sonhava mais com Ana Sierguéievna, ela o acompanhava por toda parte, como uma sombra, e vigiava-o. (...) Ao anoitecer, ela o espreitava de dentro do armário de livros, da lareira, do canto da sala, ele ouvia sua respiração, o frufru carinhoso de suas roupas. Na rua, acompanhava mulheres com o olhar, procurando alguma que a ela se assemelhasse...” (A Dama do Cachorrinho)
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joana 22/04/2022

O russo entendia.
Embora muitos dos contos que tem nessa coletânea sejam sobre traição e infidelidades, me encantei muito pela escrita do Tchekhov.
Eu só conhecia o conto do a morte do funcionário, que até me fez arriscar em um microconto recentemente.
Todos os contos desse livro são excelentes e dá pra entender o estilo do Tchekhov.
Pra quem curte contos, esses são indispensáveis.
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Luigi.Schinzari 10/03/2021

Sobre A Dama do Cachorrinho e outros contos de Tchekhov:
Costumo ter um grande apreço pelo banal, pelos acontecimentos transcorridos ao nosso redor e que, de tão comuns, tão rotineiros, nem percebemos o potencial de vida, a verdade contida naqueles momentos. Está justamente nesse fator -- o banal, o cotidiano monótono -- o motivo da arte, seja literatura ou outra qualquer, ter suas bases no épico, no clímax de guerras catárticas, em epopeias heroicas contendo, muitas vezes, narrativas que simplesmente moldaram nossa cultura e a história ocidental, o contraponto a vida do dia-a-dia, do homem comum, das relações desenvolvidas sem maiores tragédias ou reflexivos questionamentos filosóficos. Nos contos do russo Anton Pávlovitch Tchekhov (1860-1904) encontramos, delicadamente, um contraste natural às grandes obras grandiloquentes: o autor calca suas tramas na base do povo russo, posicionando sua câmera nas janelas das casas, nas portas dos consultórios médicos -- tendo o próprio Tchekhov juramentado a Hipócrates e exercendo a profissão paralelamente a de literato. -- Em resumo, poucos foram os autores que trabalharam o cotidiano e extraíram o máximo dessas situações comuns, com tanta simplicidade quanto brilhantismo, quanto Tchekhov conseguiu em seus contos.

De escrita, aparentemente, simples, percebe-se que sua adjetivação moderada é utilizada nos momentos certos, visando denotar traços necessários para suas construções no tempo preciso para a narrativa fluir como planejado. Assim como um titereiro, Tchekhov domina cada fio de sua trama do modo como deseja, conduzindo suas histórias com, aparentemente, um controle sobre o todo: conhece tão bem o que quer contar, toda sua estrutura, que consegue condensar em uma curta narrativa de poucas páginas uma história, com toda a densidade presa à ela, sem deixar escapar nem uma palavra sequer, que outros autores (de não menor qualidade por isso, mas apenas trazendo esse fato) fariam um romance de dezenas de capítulos para contá-la com a mesma qualidade e profundidade trazida por Tchekhov.

Abordando, como dito anteriormente, em sua maioria, tramas comuns, Tchekhov consegue desenvolver de forma prática muito justamente com o pouco. Suas maiores tramas escapam das páginas -- com recursos utilizados pelo autor como lapsos temporais enormes e fins sem conclusões -- e fixam-se na mente do leitor pelo não contado, pelo implícito, livres para o interlocutor criar a ligação entre um parágrafo e outro (por vezes, separados por anos), e pensar que fim levou aquele casal de A Dama do Cachorrinho (1899), aquele homem, aquele jovem do conto Volódia (1887) e tantos outros dessa gama infinita de russos, um grande panorama de sua Rússia pré-revolucionária, de sua intelligentsia jovem, criada pelos autores e pensadores de sua época, com seus costumes petulantes, assim como de suas classes mais baixas, o assalariado russo, o homem do campo e sua vida bucólica -- são muitas as Rússias de Tchekhov, compondo um preciso quadro, com sua simplicidade realista e diversidade de contos, uma única e crua Rússia.

Está em sua simplicidade, sem arroubos de lirismo excessivo, que sua grandeza reluz, em seus diálogos realistas, em suas personagens contraditórias, em suas posturas hesitantes: é humano até demais, e parece tão natural à sua escrita essas características que beiram o simplório àqueles mais desatentos, mas é nisso que reside sua qualidade maior e o porquê de seu nome destacar-se em meio aos grandes que o influenciaram (sendo Tchekhov de uma geração posterior a Dostoiévski, Tolstói e Turguêniev, por exemplo), tendo mesmo Tolstói, uma de suas maiores inspirações e devoções, como um admirador de seus contos justamente por sua simplicidade ao contar tão verdadeiramente os causos russos e, deixando o regionalismo de lado, os laços humanos -- os verdadeiros laços humanos: cotidiano, sem quedas e ascensões dramáticas, mas contendo, em cada situação, um peso diferente de pessoa para pessoa, cada um com suas preocupações, com seus problemas, suas próprias felicidades e convicções, fortes ou defasadas, ou mesmo não as tendo; os conflitos internos e externos, com nossos desafetos por motivos fúteis -- os contos de Tchekhov são reais demais, e sua simplicidade, por mais paradoxal que possa soar, é de uma complexidade tão grande que explica o porquê do autor habitar o patamar dos grandes escritores de nosso cânone mundial.
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Matheus.Vanin 03/04/2022

Excelente
Como leigo no gênero conto, só me resta concluir que esta coletânea de Tchekhov é certamente uma das melhores para iniciar numa categoria tão realista. Engraçados, sombrios, tristes, inconclusivos, irônicos, esperançosos; os organizadores desta edição acertaram em cheio nos contos escolhidos e até na sequência deles
Alê | @alexandrejjr 04/04/2022minha estante
Fosse teu primeiro livro de contos, Matheus?




Guilherme Amin 26/07/2023

A rotina tem seu encanto
A leitura deste livro impecável foi uma das mais prazerosas que já fiz.

Nos 36 contos reunidos pelo grande tradutor Boris Schnaiderman, Tchekhov esmiúça pequenos acontecimentos do cotidiano para deles retirar encantamento, poesia, assombro, filosofia. Como pontuou o tradutor no posfácio, "os grandes temas estão muitas vezes, parece insistir o contista, nas coisas pequenas, nos episódios que parecem sem importância".

Ler Tchekhov me ajudou a refinar minha própria escrita. Sua prosa é coloquial, mas elegante e marcada pelo máximo de concisão. Os contos têm de três a 30 páginas e, em geral, seus finais sugerem uma continuidade em vez de resolução. Gostei de todos, mas meus preferidos foram "Ventoinha", "Um caso clínico", "Bilhete premiado", "Volódia" e "Aflição".

No mais, quem gosta de cinema e aprecia os filmes de Yasujiro Ozu poderá notar, pelo título deste comentário, que possivelmente vai curtir o livro.
Flávia Menezes 26/07/2023minha estante
Que bela resenha, meu amigo! Me deixou bem interessada em conhecer! ??




Anderson916 13/11/2021

[*****]... A dama do cachorrinho entrou...
...pra minha lista de melhores contos que ja li. Muito bom, nossa. Incrível como os escritores russos são
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sizifu 09/12/2020

Anton Tchekhov: Um Contista de seu Tempo
Anton Pavlovitch Tchekhov (1860?1904) foi médico e escritor russo, bastante conhecido no meio literário por modernizar a forma com que se escrevia peças e contos no final do século XIX e início do século XX.

Sempre apaixonado pela literatura e pelo teatro, o contista intercalava a escrita com sua profissão interina no ramo científico, na qual contribuiu do ano de 1884 ao ano de 1897???como foi mencionado pelo tradutor e ensaísta naturalizado brasileiro, Boris Schnaiderman, na nota biográfica do autor:

Tchekhov afirmava que a medicina era sua esposa legítima, enquanto a literatura seria sua amante. (A Dama do Cachorrinho e Outros Contos, Anton Tchekhov ? Editora 34; 6ª Edição ? 2014)

A jornada literária de Tchekhov começou com pequenos contos humorísticos publicados em revistas. Embora tenha sido um grande amante da literatura, especialmente nesse período, o autor escrevia pelo dinheiro ? conforme afirma Elena Vássina (Professora de Literatura e Cultura Russas na Universidade de São Paulo) em entrevista exclusiva para A Pista:

?Já cursando medicina, Tchekhov começou a escrever os contos curtos e humorísticos para ganhar dinheiro, ele sempre assinava esses contos com pseudônimo. Então, existia o aluno de medicina, Anton Tchekhov; e existia também, o escritor humorístico, ?Antocha Tchekhontê?. Ele começou a ganhar muito bem, existe uma situação paradoxal na Rússia de que os escritores ganham bem mais que um médico.?, complementa.

O escritor já detinha desde o início, em seus contos mais despretensiosos, características primordiais???como a forma direta de imergir o leitor na atmosfera e na vida dos personagens ?que o consagrariam e o diferenciariam dos demais autores já conhecidos pelo gênero. (A Morte do Funcionário, 1883); (Caso com um Clássico, 1883).

Continue lendo no Medium: https://medium.com/a-pista/anton-tchekhov-um-contista-de-seu-tempo-c19a7f413573
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Letícia 20/02/2022

A coletânea que me fez gostar mais de ler contos
Boris Schnaiderman nos conta, no posfácio da edição da Editora 34, que procurou escolher não apenas os melhores contos de Tchekhov, o que seria extremamente subjetivo, mas fazer uma seleção que refletisse as diferentes facetas do contista. Nesse sentido, o tradutor faz um ótimo trabalho.

Por outro lado, não sei se a apresentação cronológica dos contos foi a escolha mais acertada. Os melhores contos acabaram ficando concentrados na segunda metade do livro, especialmente entre os contos mais longos que aparecem nas últimas 100 páginas. Prova de que a escrita de Tchekhov foi sendo aprimorada ao longo dos anos e só melhorou com a maturidade literária do autor. O ônus, porém, fica com o leitor, que precisa passar por contos mais arrastados e insistir na leitura para descobrir os verdadeiros tesouros desta coletânea.

Entre os contos mais curtos, meus preferidos foram ?Do diário de um auxiliar de guarda-livros?, cômico e irônico na medida certa; ?Angústia?, que descreve os sentimentos não apenas do protagonista, mas também do leitor após terminar a leitura (algo semelhante acontece com ?Aflição?); e ?Olhos mortos de sono?, magistralmente construído e com um desfecho arrebatador.

Já entre os contos mais longos, adorei ?Homem num estojo? e ?Queridinha?, que evidenciam o quanto os autores russos do século XIX tinham uma percepção acurada da psique humana, antecipando questões que mais tarde seriam desenvolvidas pela psicanálise. Já ?A dama do cachorrinho?, com forte interlocução com Anna Kariênina, traz uma resposta tão brilhante ao conservadorismo de Tolstói que me deixou encantada.

Agora entendo perfeitamente porque os contos de Tchekhov são tão celebrados.
Alê | @alexandrejjr 09/04/2022minha estante
Faz tempo que eu estou em dívida com o Tchekhov. Acho que vou começar por esse.


Letícia 09/04/2022minha estante
Eu demorei a engatar a leitura, mas depois não conseguia largar. Quero muito ler mais coisa dele!




spoiler visualizar
Carlos Heilans 28/05/2022minha estante
Uma frase tirada de um canto da igreja russa, que o Tchekhov usou como epígrafe no conto, complementa a moral da história: "A quem confiar minha tristeza?".




Martony.Demes 04/03/2022

Eis o conhecido clássico: A data do cachorrinho, de Anton Tchekhov. (leitura de 2021)

Eu estava devendo essa leitura. Comecei há um tempo e sempre colocava outro livro na frente kkkk. O livro é uma coleção de contos e dentre os quais está a dama do cachorrinho. Esse livro é citado em vários outros livros e filmes, como no filme o leitor, dirigido por Stephen Daldry.

Bom, sobre o conto temos uma narrativa que apresenta o tema do adultério. Porém, de um modo bem simplificado e claro! Não sei se estou esclarecendo bem: a história não tem aquele clima nebulosos e tenso de Dom Casmurro. Já nos primeiros parágrafos é ilustrado a situação que transcorrerá a ideia central do conto e pronto. Segue o ritmo.

Os personagem são um banqueiro (Dmitric), que é casado, tem três filhos e se achava insatisfeito. Ele se torna um marido infiel com vários casos sem nenhum critério. Então, ele conhece a dama do cachorrinho em uma determinada cidade. Ela é bem mais jovem que ele e também é casada. Isso mesmo! Logo eles começam a ter um relacionamento.

Ele imaginava que seria mais uma caso em sua vida! Porém, ele não consegue tirar ela da sua cabeça! E com essa fixação por essa mulher, ele vai na cidade dela procurá-la! E ai eles… bom não posso contar como termina!

Tchekhov tem uma escrita bem simples e de fácil leitura. Isso é bom porque te prende nas páginas! Gostei muito!

Não dá pra falar de todos os contos do livro porque eu ia estender muito.

Não precisa nem eu justificar o porquê de ler Tchekhov. Experimente.
Kássio Meniglim 04/03/2022minha estante
????




Diego Rodrigues 20/12/2020

Contos escritos com maestria
Essa coletânea, traduzida e organizada por Boris Schnaiderman, reúne 36 contos que abrangem quase duas décadas da carreira do mestre da prosa curta A. P. Tchekhov. A ideia do projeto era reunir em um único volume não os melhores contos do autor russo mas sim aqueles que representam melhor os diferentes períodos de sua vida literária. O resultado é o livro ideal para quem, assim como eu, procura ter o seu primeiro contato com o autor. Os contos, publicados entre os anos de 1883 e 1899, traçam um paralelo com a biografia de Tchekhov e, dispostos em ordem cronológica, permitem ao leitor acompanhar o desenvolvimento de sua escrita ao longo dos anos. O livro ainda conta com um posfácio do tradutor, inúmeras notas de rodapé que enriquecem a leitura e um apêndice contendo breves informações a respeito de cada conto, ora detalhando a recepção da crítica na época de sua publicação, ora trazendo trechos da correspondência entre o autor e as revistas que faziam então essas publicações.
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Anton Pavlovitch Tchekhov nasceu em 1860, na cidade de Taganrog, Rússia. Se formou em medicina e exerceu a profissão durante muitos anos. Enquanto frequentava a universidade de Moscou, vendia seus contos para revistas para poder se manter. Dizia que a medicina era o seu amor e a literatura sua amante. Teve um período de aproximação do tolstoismo e após uma viagem a ilha de Sacalina, onde entrou em contato com a degradação humana, passou a se preocupar ainda mais com a questão social e humanitária. Próximo ao fim de sua vida já eram perceptíveis os primeiros sinais da revolução que estava por vir mas o autor não vivenciou para vê-la. Faleceu em 1904, na Alemanha, durante uma viagem com sua esposa.
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Lendo essa coletânea fica fácil entender porque Tchekhov é considerado um dos melhores contistas de todos os tempos. Em alguns casos, o autor não precisa de mais que quatro páginas para conquistar o leitor. Seus contos são simples e sem rodeios, dotados de um humor característico mas com um fundo de melancolia. O cotidiano russo, com seus mujiques, pequenos funcionários e estudantes, seus teatros e suas casas de campo, ganha vida na pena de Tchekhov. As figuras do professor e do médico, profissões exercidas pelo autor, são personagens recorrentes em seus contos. Com o virar das páginas, vamos percebendo a evolução da escrita e a mudança de tom em suas histórias. A forma como retrata as cores da natureza e a pureza das crianças são elementos que marcam o período pelo qual o autor se aproximou dos princípios do tolstoismo, bem como as críticas ao sistema tradicional de ensino e ao poder judiciário. Nos últimos contos já se percebe uma preocupação maior com a questão política e social russa.
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Durante a leitura nos deparamos com as inúmeras facetas de Tchekhov e em todas elas o autor nos cativa. Sua forma única de conceber contos e sua habilidade de "sugerir o máximo com o mínimo possível de palavras" são traços que deixam uma impressão muito forte em sua prosa e, apesar das mudanças de tom, estão presentes do primeiro ao último conto do livro, mesmo sendo eles separados por um período de mais de quinze anos. Conhecer a escrita de Tchekhov foi uma experiência incrível e que me proporcionou uma leitura muito prazerosa nas pequenas pausas para o café. Esse é um autor que, sem dúvida, não vou demorar a revisitar. "A Dama do Cachorrinho e Outros Contos" me deixou com aquele gostinho de quero mais.

site: https://discolivro.blogspot.com/
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