Henrique Fendrich 07/01/2018
Destaco o conto "Inimigos", que foi o que mais gostei de todo o livro, apesar de saber, pelo apêndice, que houve muitas críticas por ocasião da sua publicação. Mas foi o conto que mais mexeu comigo, tendo como tema "o egoísmo dos infelizes". Normalmente o Tchekhov não deixa de forma tão clara a "moral" do seu texto, mas achei que as reflexões que ele faz nesse conto ficaram muito bem incluídas e que são bastante pertinentes e verdadeiras.
Trecho:
"Os infelizes são egoístas, maus, injustos, cruéis e menos capazes de se entender entre si que os imbecis. A infelicidade não une, mas separa os homens e, mesmo nos ambientes em que, parece, eles deveriam ficar unidos pela paridade do infortúnio, cometem-se muito mais injustiças e crueldades que num meio de gente relativamente satisfeita".
Chamaram-me a atenção também alguns contos, sobretudo da primeira fase, que parecem ser incrivelmente críticos, embora sóbrios, das autoridades constituídas. Bem interessante observar como o conto também pode ser, de certa forma, uma "arma política", ainda que de resistência meramente pessoal.
Outros dos contos que mais gostei foram "Angústia", "Camaleão", "A morte de um funcionário" e "A corista". São todos contos anteriores à década de 1890, e eu realmente passei a "gostar um pouco menos" dos contos da parte final do livro, o que não significa que sejam ruins ou algo tipo, apenas que não despertaram em mim a mesma emoção.