Paula 27/04/2024
A dama do cachorrinho e outros contos
O meu traço tóxico é ler livros razoavelmente pequenos, enquanto estou lendo algum um pouco maior. Eu não sei porque eu faço isso, mas acho que é para dar uma sensação de movimento, de conclusão de histórias, ou só para me aliviar um pouco de uma narrativa muito longa, que faz a gente entrar naquela história por um tempo maior. Nessa lógica, um livro de contos cumpre muito bem esse papel, que me traz várias histórias, muitas vezes excelentes, finalizadas rapidamente e que dão essa ideia de movimento. Sobre o livro em si, eu gostei bastante. Alguns contos bem mais do que outros, claro. O que eu admiro, em geral, nos contos do Tchekhov, são os finais que ele cria. Me impressiona bastante a forma como ele escreve sobre a rotina, focando em coisas relativamente simples, gera uma complexidade em cima daquilo e faz com que a gente espere um final extremamente dramático. Os finais aparecem, e podem até conter um drama bem inesperado, mas são acompanhados da simplicidade que ele coloca esse drama. Pode ser só uma percepção bem leiga da minha parte, mas vejo essa ideia de colocar complexidade em lugares simples e simplicidade nos lugares dramáticos. E eu acho que é por isso que eu gosto de seus contos.