Iza Jaques 26/05/2024
Obrigada Doutora Ana Cláudia
"Conversar sobre a morte, deixar virem reflexões sobre o sentido de morrer, entregar-se aos sobressaltos de sentimentos dificeis. Respeitarei os seus silêncios durante a minha escrita. São necessários para as reflexões que eu gostaria que nascessem dentro de você. Em alguns momentos serei direta, e minhas palavras podem ferir seus olhos. E você fechará o livro. Mas sei que voltará, e seguiremos o caminho de onde paramos, ou talvez até recuaremos uma ou duas esquinas (ou páginas)"
É com essa sitação que defino meu fluxo de leitura diante da minha saga no livro "A morte é um dia que vale a pena viver". Por diversos momentos me emocionei e precisei de uma pausa, por isso não aconselho ler este livro em pé no metrô.
Percebi que esse livro pode nos tocar de diferentes maneiras, dependendo da fase e do contexto em que nossa vida se encontra. Eu, com certeza, não teria o mesmo olhar se tivesse realizado a leitura antes de vivênciar a dor do luto.
Isso acontece porque a autora consegue abordar diversos temas dentro da infinitude da vida, como o momento que antecede a morte, a maneira que se escolhe viver a vida, a abordagem religiosa e a espiritualidade, os cuidados paliativos, a reconstrução após o processo e luto, a necessidade de se conversar em vida sobre as abrangências da morte, a essência que permanece após o fim e até as situaçoes pesarosas durante o processo pandemico no Brasil, entre outros, assim o leitor vai se aprofundar e se sensibilizar com o tema que mais está submerso a sua realidade e por isso é possível ter diferentes leituras desse livro no decorrer da vida.
Como educadora e considerando os últimos documentos oficiais que regem a educação brasileira e defendem a integralidade do sujeito e considerando o grande número de suicídio entre os jovens, essa leitura seria importante estar acessível dentro das escolas, a fim de trazer um olhar diferenciado sobre os aspectos da morte e um aprimoramento sob a forma que se escolhe viver a vida.
Como entusiasta literária vi na poesia em prosa da Doutora Ana Claudia personagens como a Macabéia de Clarice Lispector, que quando enfim percebeu as grandiosidades e possibilidades da vida, veio a falecer tragicamente. Ou uma citação de Carlos Drummond de Andrade, no conto Organização de Natal que diz "A morte não será procurada nem esquivada, e o homem compreenderá a existência da noite, como já compreendera a da manhã"
Enfim, essa leitura foi muito especial pra mim, me ajudou a aceitar um perda recente e muito dolorosa, compreendendo a importância de uma morte digna e uma vida repleta de amor. Tornou-se um livro de cabeceira e com certeza de muitas indicações. Muito obrigada Doutora Ana Cláudia.