Carlos Augusto Vasques 17/05/2024
Lido em 10/09/2023
Mais um livro de Boyne sobre dramas relacionados à segunda grande guerra. E mais um livro dele que tive dificuldade em largar antes de terminar.
A história dessa vez é sobre Pierrot, menino filho de pai alemão e mãe francesa que leva uma vida simples e humilde em Paris, nos anos que antecedem o conflito. Ainda bem pequeno, Pierrot perdeu o pai, que lutou na primeira grande guerra, ficando terrivelmente traumatizado pelo que vivenciou, tanto que a mãe de Pierrot costumava dizer que o marido não morreu em combate, mas que a guerra o matara. Algum tempo depois, Pierrot fica também sem a mãe, vítima da tuberculose, tendo que ir morar em um orfanato. As donas da instituição conseguem localizar uma parente de Pierrot, a tia Beatrix, irmã de seu pai que vive e trabalha como governanta em um casarão nas montanhas da Alemanha. Mas não se trata de uma residência qualquer: é a casa de campo de Ad0lf H!tler.
Morando de favor, Pierrot vai aos poucos conquistando a atenção de H!tler, de quem acaba se tornando protegido e se unindo à Juventude Alemã. Influenciado pela personalidade magnética do Führer e deslumbrado pelas demonstrações de poder que testemunha no casarão, onde decisões vitais sobre a guerra são tomadas, Pierrot tem seu nome mudado para Pieter e gradativamente vai abrindo mão de todos os seus vínculos com o passado, inclusive a correspondência que mantinha com Anshel, um amigo judeu surdo que sonhava em ser escritor. O garoto inocente e gentil que vivia na França se transforma quase sem sentir em um pré-adolescente arrogante e autoritário, para assombro e tristeza de sua tia e demais empregados do casarão. Só que os rumos da guerra, inicialmente favoráveis à Alemanha, vão se modificando, com grande impacto na vida de Pieter e de todos que vivem com ele. Obrigado a se defrontar com uma nova e dura realidade, Pieter se vê forçado a ser novamente Pierrot, tendo que mergulhar nas profundezas de sua alma para enfim ter consciência daquilo que se tornara e dos atos que cometera. Apesar da pouca idade, seria tarde demais para refazer sua vida?
História comovente sobre as tragédias da guerra e a fragilidade da juventude ante às tentações do poder, mas também sobre coragem, dignidade, arrependimento e redenção. Como os outros livros que li de Boyne, também achei este um romance muito bem desenvolvido, com a leitura me conquistando desde o início.