Tamara 26/09/2020
Após reler Perdão mortal, primeiro livro da trilogia Clã das freiras assassinas, eu tinha o forte desejo de ler esse segundo da série, mas ao mesmo tempo ficava adiando, pois foi do tipo de leitura que eu amei tanto o primeiro, que receava que o segundo fosse uma trama bem inferior e que me desanimasse. Porém, após algumas semanas de resistência, iniciei Divina vingança, e para a minha surpresa fui completamente envolvida no livro desde suas primeiras páginas, e mais surpreendente ainda foi o fato de eu tê-lo, no fim das contas, achado ainda melhor que o primeiro.
O livro nos trás a história de Sybella, uma das noviças do convento que é dedicado a Saint Mortain, o santo da morte. Nesse local, as meninas aprendem a matar, obedecendo em tese os desejos do santo ao qual honram, e em alguns momentos, são enviadas para cumprir missões matando e espionando pessoas que supostamente merecem a morte e que supostamente teriam a marca indicada por mortain. Dessa maneira, aqui encontramos Sybella, filha de um nobre rico que é enviada para vigiar e matar aqueles que vivem ao redor de um homem que faz parte do passado dessa personagem, e que lhe incutiu muitos traumas. Sem saída e com a promessa de poder se vingar Sybella vai para onde foi designada, mas nesse caminho, descobre mais sobre aquele homem, sobre seu passado, diversas de suas lembranças vem à tona e ela finalmente percebe que precisa agir se quiser ser diferente daqueles que a marcaram e se quiser finalmente se livrar das amarras físicas e emocionais que a cercam.
Essa história é cheia de ação do começo ao fim e realizei a leitura com o coração na mão, levando novos sustos a cada capítulo e imaginando que Sybella, personagem a quem antes eu pouco era afeiçoada mas que depois que embarquei em sua história passei a adorar, poderia a qualquer momento entrar em um caminho sem rumo e a achei uma moça muito corajosa o tempo todo. Também, ela se mostrou de uma força imensa e muito justa, características que apreciei demais. Ainda, posso dizer que essa é uma daquelas personagens que temos vontade de abraçar forte devido a tantos sofrimentos que passou, e confesso que o livro me trouxe momentos de muita raiva, à medida em que eu via o que essa personagem sofria na mão de seus carrascos.
Também, me fascinou reencontrar um personagem que eu já não imaginava mais encontrar, pois seu destino havia ficado definido no livro anterior, e me senti lá dentro do livro, lutando ao lado de Sybella para salvá-lo e trazê-lo de novo à vida, a medida em que percebemos que esse personagem pode ser um grande alento e um amor para o coração ferido dessa personagem tão sofrida.
No entanto, acho que vale um destaque para a temática do livro, e em alguns momentos encontrei vislumbres de estupros, narrativas de incesto, assassinatos dentre outras crueldades, e embora obviamente essas coisas estavam sendo combatidas e não vistas como corretas, mas ainda assim vale destacar pois alguns leitores podem visualizar essas temáticas como gatilhos para uma leitura que pode se tornar muito agoniante, e esse embora para mim não tenha sido um ponto negativo, apesar de claramente triste e motivo de muita raiva, para os leitores que possuírem restrições quanto a ler livros com os temas em tela podem considerá-lo negativo.
Outra questão que acho muito interessante que é trabalhada nesse livro e também nessa série, é o fato de acompanharmos a regente bretã, uma garota de 14 anos assumindo seu trono, tendo de lidar com tramas políticas, com pessoas leais e traidoras, e tudo isso sem vacilar e por isso uma das minhas personagens favoritas que cerca todos os livros é Anne, a regente. Ainda, podemos acompanhar nesse meio tempo costumes de como se vivia nesse período da idade média, tanto nas ruas quanto nos castelos, e adoro essas intervenções culturais, ainda que não sejam muitas para não deixar a história maçante.
Confesso que estou mais uma vez temerosa para começar o terceiro livro, pois vai ser o meu adeus para essa trilogia e essas são personagens por quem tenho muito carinho, mas em breve lerei, e recomendo também para os leitores que gostaram da temática que apresentei, para que leiam o mais breve possível, mas começando pelo primeiro livro, Perdão mortal, é óbvio.