LOHS 24/05/2017
Fofo, divertido e nerd. Tem como não gostar?!
A Improvável Teoria de Ana & Zak, de Brian Katcher, é um livro que chamou minha atenção logo que a editora Rocco anunciou seu lançamento. Primeiro porque ele fala diretamente com o público nerd - o que faz com que me identifique automaticamente com o contexto -, e segundo porque é um livro único - o que o torna artigo raro em minha estante! (Hahaha)
Devo contar que estou passando por alguns dias turbulentos na questão de falta de tempo quase completa, mas A Improvável Teoria de Ana & Zak é uma história tão deliciosa que simplesmente não vi as horas passarem enquanto o lia - em menos de um dia, vale ressaltar.
O livro é narrado por dois adolescentes: Zakory Duquette e Ana Watson. Ambos estudam no mesmo colégio e estão prestes a se formar, mas, como muitas vezes acontece na vida, eles nem se conhecem.
Zak, que pede a todos para o chamarem de Duque, não tem planos definidos para o futuro. Provavelmente fará alguma faculdade qualquer para ter um diploma que garanta um emprego comum, enquanto pretende se dedicar do que realmente interessa: games, filmes duvidosos (em sua maioria, japoneses) e quadrinhos. O maior problema atualmente de Zak é ser obrigado a conviver com o padrasto, que casou com sua mãe apenas dois meses após a morte do seu pai.
Com uma vida completamente diferente, somos apresentados a Ana Watson. A garota se esforça ao máximo para ser praticamente a aluna perfeita. A única coisa que faz na vida é estudar e praticar atividades que causem uma boa impressão no currículo, como ser capitã da equipe de jogos acadêmicos, treinar arco e flecha, e também voluntária no programa de distribuição de sopa para pessoas carentes. Tudo isso para conseguir uma bolsa de estudos integral que permitirá a Ana ir em uma universidade longe de casa e de seus pais controladores - embora ela saiba que será praticamente impossível não seguir os planos traçados por eles.
Zak e Ana têm vidas opostas e praticamente nenhum contato até que a sra. Brinkham, professora de Saúde, convoca Zak para uma conversa séria. Ele tem um problema sério: copiou um trabalho completo do wikipedia (e nem tirou os hiperlinks!). Por conta disso, Zak pode nem chegar a se formar no fim do ano letivo. Mas a professora dá ao garoto uma nova chance. Se ele refazer o trabalho até sexta-feira e participar dos jogos acadêmicos em Seattle no dia 2 de março, poderá se formar junto com os outros colegas.
Zak topa na hora o acordo para não ser reprovado, só que logo depois ele percebe a grande “tragédia” desse problema. Pois no mesmo dia 2 de março é o dia da Washingcon, uma enorme convenção de ficção científica, realizada também em Seattle. Zak participa do evento desde os seus 10 anos e fica completamente arrasado ao saber que dessa vez não poderá participar. E em vez de se divertir com todos os seus amigos, Zak terá que ser reserva de um jogo de conhecimentos gerais.
A vida dos dois adolescentes se cruzará nesse fim de semana da competição. Como Ana é a líder da equipe de jogos acadêmicos, ela se obriga a aceitar o garoto como reserva do time, mas faz questão de ignorá-lo. Só que o irmão mais novo de Ana, Clayton, fica encantado com todas as histórias malucas que Zak conta que aconteceram de verdade em convenções passadas.
"Meu Deus, se eu tivesse pelo menos permitido que ele fosse comer com o Zak, talvez ele tivesse ficado. Eu só estava tentando fazer a coisa certa. É só isso que tento fazer, sempre."
Ana, p. 76
O que nem Zak e nem Ana poderiam imaginar é que Clayton fugiria do hotel para ir até a Washingcon! Obviamente, Ana fica desesperada. Afinal, sua irmã mais velha se meteu em encrenca e Ana nunca mais a viu. Ela tem certeza que, se seus pais descobrirem sobre a fuga do irmão, será considerada culpada pela coisa toda. Ana decide então que irá reencontrar Clayton e trazê-lo de volta antes do toque de recolher e antes que a sra. Brinkham perceba que ele está desaparecido.
"-Zak?
-O quê?
De repente, penso na coisa perfeita para dizer. Só espero acertar a citação.
-Ajude-me, Obi-Wan. Você é minha única esperança.
Zak abre um sorriso. Não seu sorriso marrento de sempre, mas um sorriso grande e bobo, como o de um cachorrinho. Já é um começo."
Ana e Zak, p. 81
É aí que Zak entra como o melhor recurso para Ana reencontrar o irmão mais novo. Isso porque Zak conhece todos os pavilhões e entradas secretas da Washingcon. E, conforme os dois chegam à convenção, Ana começa a perceber que Zak é um cara muito popular naquele universo paralelo recheado de games, filmes estranhos e cosplayers. Talvez seja até possível se divertir um pouco em meio à busca por Clayton.
"Meus pensamentos são interrompidos por um terrível grito feminino. Viro-me e vejo a menina grosseira da fila jogada no chão, agarrando seu nariz ensanguentado, e possivelmente quebrado. Ao seu lado, encontra-se o arco, sem a corda, que estalou com violência ao se desenrolar da corda.
Uma multidão se reúne ao seu redor. Alguém a ajuda a se levantar e a leva embora, soluçando lágrimas, sangue e catarro.
A sorte certamente não estava a favor dela.
Pego a arma dissimuladamente do chão e prendo a corda corretamente, com uma certa alegria maliciosa. É uma bela peça de madeira. Não é adequada para torneios, mas daria para se divertir com ela. Eu a entregarei ao setor de achados e perdidos.
Mais tarde.
Do outro lado do salão, a dona do arco está sentada em um banco. Um cara traz um saco de gelo para ela, mas ele desliza da mão dele e desaba sobre o nariz da menina. Ela solta um gemido.
Zak tinha razão. Até que este lugar é divertido."
Ana, p. 84-85
Ana e Zak vão se envolver em uma confusão atrás da outra. Enquanto os dois tentam sobreviver a esse fim de semana épico e reencontrar o irmão perdido, os dois vão conhecer mais a fundo sobre si mesmo, o outro e também podem imaginar o que poderá acontecer no futuro.
"Ele está sendo legal comigo... porque ele é um cara legal. Insolente e irritante, e com um projeto de barba horrível, mas legal.
-Ei, Zak?
Ele ajeita o corpo.
-O quê?
-É... eu queria te agradecer por tudo o que fez hoje. Sabe. Caso eu não tenha outra oportunidade para fazer isso, eu queria te dizer...
Ele franze a testa.
-Pare com isso.
-Com o quê?
-De falar como se eu estivesse prestes a invadir um batalhão inimigo. Vamos passar o dia de amanhã juntos, lembra? Sem falar da escola, semana que vem.
Eu pensava que continuaria vendo a Nichole. Nada é certo."
Ana e Zak, p. 174
Eu simplesmente amei A Improvável Teoria de Ana & Zak. A narrativa é fluída, leve e divertida. Os personagens são dois adolescentes que carregam uma bagagem de passados complicados por conta da família e não fazem ideia que têm tanto em comum. Fora que o texto carrega tantas referências da cultura nerd (desde Star Wars, Star Trek a Jogos Vorazes e D&D) que eu simplesmente não conseguia tirar o sorriso do rosto enquanto lia.
Ana tem medo do que os pais podem fazer a ela por causa do que aconteceu com sua irmã mais velha, Nichole, e por conta disso tem grande dificuldade de impor sua vontade à eles, que tomam todas as decisões de seu futuro por ela. Já Zak é um cara tranquilo que esconde de todos a dor que carrega pela morte recente do pai e todo o ressentimento pelo casamento rápido da mãe com o padrasto.
Ao passarem o dia juntos e se ajudarem em meio às loucuras que acontecem naquele lugar, Ana e Zak vão se conhecendo e criando certa afeição um pelo outro, que pode talvez gerar algo mais no futuro. O importante é que, no fim do dia, eles mesmos acabarão mudados.
"-Ela é muito pra mim. Minhas previsões não são muito positivas nesse sentido.
Arnold continua empacotando seu equipamento.
-É, bem, eles disseram que teríamos cidades lunares em 1990. E ninguém jamais previu a internet, ou as câmeras digitais. Às vezes, os melhores palpites dão errado, e as teorias mais improváveis se confirmam."
Zak e Arnold, p. 169-170
A Improvável Teoria de Ana & Zak é um livro fofo, divertido, nerd e está mais que recomendado! ;)
site: http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br/2017/04/a-improvavel-teoria-de-ana-zak.html