Dominique 10/07/2010Eu adoraria ter viajar assim...Você já desejou viajar e conhecer vários lugares do mundo? Agora imagine que você pode ir a qualquer lugar do planeta através de seus sonhos e que você pode realizar e viver as mesmas experiências. O que faria?
Em seu livro de estréia, Felipe Pan nos conta a história do jovem Arthur Ceneda, de apenas 17 anos, que após ganhar um presente de aniversário vê-se mergulhado na fantástica Rede de Sonhos, um complexo 'mundo paralelo' vivenciado nos sonhos de seus usuários que mistura fantasia com realidade.
Como todo jovem, Arthur estuda bastante na escola e para passar no vestibular, tem suas paqueras, amigos e ainda arranja tempo para implicar com a irmanzinha mais nova e curtir seu hobbie pelos entretenimentos tecnológicos.
Quando ganha o estranho aparelho chamado 'Sonífero' de seu primo Eduardo, não compreende na dimensão do produto que cai em suas mãos nem das aventuras que estaria prestes a viver, pois ao conectar-se ao corpo do usuário, o 'Sonífero' teletransporta a pessoa para um mundo desconhecido e totalmente imprevisível.
Ao chegar na Rede de Sonhos, Arthur é recebido por Eduardo, que logo apresenta-lhes seus amigos (Naoki, Chris, Laura e Sarah), todos viajantes, vindos de diferentes partes do mundo ligados por seus sonhos e interesses em comum. Logo Arthur descobre que eles fazem parte dos 'Caçadores de Memórias', um grupo formado para desvendar os segredos e mistérios da complexa Rede de Sonhos. Estados Unidos, Inglaterra, Índia, Canadá, Japão, destinos imperdíveis para todo novo viajante. Um mistério a ser solucionado... A partir daí, aventuras, confusões, tragédia e muito suspense farão deste livro uma ótima opção de leitura.
Onde eu compro um Sonífero para mim? Durante a leitura, diversas vezes eu peguei-me louca para vivenciar as experiências de Arthur e dos Caçadores de Memórias, claro que eu dispenso os perigos e as tragédias, mas viajar por lugares famosos e lindos seria um prato cheio para uma estudante que não tem um tostão no bolso nem para viajar para o estado ao lado.
Felipe Pan conseguiu construir um personagem extremamente cativante e real. Digo real, pois é praticamente impossível não se identificar com Arthur ou não enxergar sua própria adolescência naquele jovem tão vivo, cheio de energia e curioso por conhecer o mundo. As implicâncias com sua irmã mais nova fez-me lembrar de como adoro irritar o meu irmãozinho, deixá-lo sem fôlego com as cosquinhas e roubar sua comida de vez em quando. São atitudes de um adolescente que ainda está amadurecendo e se conhecendo (Eu já passei da adolescência na idade, mas continuo com algumas manias, rsrs!). A partir das experiências vividas na Rede de Sonhos, o leitor acompanha o amadurecimento de Arthur rumo a vida adulta e a decisões difíceis em diversos setores de sua vida desde a escolha da futura profissão até a vida amorosa e familiar. As coisas não acontecem no livro de forma fácil para Arthur, nem ele toma uma decisão sem antes refletir, pelo contrário, ele demora a compreender algumas coisas e em diversas situações mostra-se ser humano e falho, por isso, sempre busca o apoio e ajuda do melhor amigo Thiago e da namorada Gabi.
A menção mesmo sutil de alguns entretenimentos famosos como Heroes, na cena em que o japa consegue se teletransportar para Nova York e dá um grito de satisfação levantando os braços, o personagem Naoki repete no livro. O mais legal é que Naoki também é oriental e tem o mesmo perfil que Hiro. Será que Felipe Pan se inspirou no personagem do seriado americano para construir Naoki? Harry Potter também foi mencionado. Acredito que isso aproxime um pouco mais o leitor, principalmente, aquele que cresceu com a febre HP e que curte seriados e afins.
Mas nem tudo é perfeito, certo? Acredito que Felipe Pan poderia ter explorado mais o universo da Rede de Sonhos. Ele poderia ter apresentado mais lugares a Arthur, mas optou por colocar seu personagem frente ao perigo logo na primeira semana na Rede de Sonhos. Eu, particularmente, fiquei extremamente curiosa para saber como a Rede de Sonhos captava as memórias e as retinha, como funcionava o sistema no plano técnico. Ok, ok, ok, as vezes, reclamamos de livros que vem explicar como acontece o mecanismos das coisas, mas vejam bem, a proposta de Felipe Pan é fantástica e por isso mesmo acredito que ele poderia ter ido mais fundo. Masssssssssss, estou na torcida por um segundo livro, onde encontrarei as respostas para minhas perguntas, afinal, o nosso querido autor deixou uma possibilidade de uma aventura no último capítulo. Será que teremos em breve um segundo volume?
Veja mais: http://livrosfilmesemusicas.blogspot.com/2010/07/rede-de-sonhos.html