Márcia 02/02/2011Ponto para os Fallen Angels
Cidade dos Ossos é uma explosão de tudo aquilo que os livros do gênero de romance sobrenatural tentam ser.
Chega a ser difícil manter um tom comedido para apenas discorrer coerentemente sobre o livro e não deixar os dedos nervosos escrevem “Perfeito! Perfeito! Perfeito”, apenas de essa ser a melhor forma de definir o primeiro volume de “Os Intrumentos Mortais”.
Apesar das mais de 400 páginas, o primeiro volume apenas apresenta os personagens envolvidos na trama, os seres secredos do submundo e, ao que parece, lança o estopim que serve de pano de fundo para as aventuras que virão. Cassandra é aquele tipo de autora que sempre tem um Ás na manga. Várias tramas entrelaçadas, vários pergonagens secundários interessantes e potencialmente aprovetáveis. Se um mistério é desvendado – para não enrolar muito, claro –, outro é imediatamente lançado.
Cidade dos Ossos é o 3º livro com o tema “anjos caídos” que leio – apesar de que o conceito criado pela autora sobre essas criaturas seja bem diferente e eles são sejam exatemente o foco dese primeiro volume - e pulou para o primeiro lugar no pódio. Cassanda Clare faz em 460 páginas tudo o que a Becca Fitzpatrick (Hush Hush) faz em 264. O mesmo ritmo alucinante de Hush Hush é encontrado em Cidade dos Ossos com a diferença de que no segundo o prazer dura mais.
Diferente de Nora, a Clary não parece ter sido metodicamente construída. A personagem chega a ser comum demais. Talvz seja por isso mesmo que ela é tão convincente. Uma menina comum, com uma vida comum, com um amigo comum que de repente tem o mundo virado de pernas para o ar. Essa é a premissa de todos esses livros juvenis atuais.
Mas com a Clary é diferente. Não há espaço para lenga-lenga e chorôrô. A pequena ruiva arregaça as mangas e faz o que tem que ser feito. A personagem é perfeita na simplicidade.
A personalidade de Clary contrasta de longe com a de Jace. O caçador de sombras bonitão e carrancudo que se revela o charme em pessoa. Jace entra naquela listinha de ouro que meninas de todas as idades indubitavelmente fazem: a dos personagens masculinos favoritos. Jace cai direto ente Patch (Hush Hush) e Jesse (A Mediadora).
Jace não é nenhum cavalheiro (como o Edward), nem tão bad boy (quanto Patch), apesar de fofo e convencido, ele tem aquele charme que acompanha cada movimento. E diferente de Crepúsculo, não é a Bella que nos fornece esses traços, é a autora que pouco a pouco vai contruindo a imagem de Jace para as leitoras, através de diálogos excitantes e situações imprevisíveis.
Jace é perfeito, e ele sabe disso.
O brilhantismo da autora não para nos personagens. Todo um mundo secreto às sombras do mundo real é orquestrado por seu talento. Criaturas como lobisomens e vampiros são inimigos na noite da cidade e frequentam os mesmos clubes e festas; bruxos, fadas e criaturas inomináveis. De início eu estranhei um pouco tais conceitos lançados sem grandes explicações pela autora, mas é assim que a Clare escreve, ela lança as situações e o leitor simplesmente acompanha.
Tive muita sorte com minhas leituras de início de ano e Cidade dos Ossos vem no topo da lista.
O livro me fez lembrar por que gosto e continuo lendo esse novo gênero de romances juvenis. Cidade dos Ossos causa um frenesi desembestado durante a leitura; as sensações são fortes e incontáveis. Simpatia pelos personagens, raiva, lágrimas e, no fim, a autora ainda consegue nos fazer duvidar de tudo que ela nos faz ter certeza durante o livro inteiro. Para completar, o final deixa aquela explosão de gritos na cabeça “NÃÃÃÃO”.
Ponto também para a editora Record – uma das minhas prediletas, aliás – por manter a capa original, o título com uma tradução aceitável e a qualidade da revisão, acabamento, enfim. O livro é “PERFEITO!” em todos os quesitos.