Camila Lobo 13/05/2016Resenha: Mil Pedaços de Você (Por Livros Incríveis)Marguerite Caine é a filha de dois renomados cientistas que criaram um dispositivo, o Firebird, capaz de fazer o usuário viajar por universos paralelos. Quando o pai dela é assassinado e todas as evidências apontam para Paul Markov, pupiloo da família, ela passa a persegui-lo por inúmeras dimensões, determinada a matá-lo. A cada universo paralelo, ela entra no corpo de inúmeras outras Marguerites, entre elas uma orfã em uma Londres futurística, uma Grã Duquesa e uma que vive no fundo do mar.
“Agora sei que luto é uma pedra de amolar que afia todo amor, todas as suas memórias mais felizes e os transforma em lâminas que nos cortam de dentro para fora.”
O que primeiro me chamou a atenção, não foi a capa. Apesar de ser uma obra de arte (e uma das minhas favoritas spoiler de futuro post), o que mais me chamou a atenção foi a sinopse. Mil Pedaços de Você prometia uma ficção científica inteligente e diferente, mesclada com um possível romance. Em minha opinião, a história foi sim muito inteligente, apesar de algumas dúvidas minha, e supriu tudo o que eu imaginava que a obra poderia ser.
Claudia Gray conseguiu criar um universo, ainda que talvez impossível, plausível e extremamente criativo. A leitura possui uma escrita fácil e bem desenvolvida, com inúmeros cenários e ambientes diferenciados, tornando a leitura quase 100% fluída. Além disso, a autora ainda insere mudanças sutis e históricas em cada um dos universos, o que faz com que o leitor se sinta melhor familiarizado com algo tão diferente. Como por exemplo, alguns universos em que os Beatles nunca existiram.
Para completar, Gray é uma autora que parece escrever muito bem livros do gênero de ficção científica. Particularmente, gosto muito do tema de multiuniversos. Portanto, o livro também cumpre muito bem seu papel na maior tempo, já que a autora soube conduzir a história nesses pontos, como explicar como a sociedade avançou mais em um universo e menos em outro.
Nesse caso, o que realmente confunde na leitura é que não há maiores explicações sobre o Firebird – do que ele realmente é feito, como ele realmente transporta a consciência, por exemplo, são coisas que sei que a autora possui criatividade para responder- ou uma explicação mais aprofundada sobre como a viagem entre espaços funciona. Temos a explicação básica, que pode ser considerado o suficiente, já que é mencionado que não há como viajar pelo tempo, e que pessoas não podem ser transportadas, mas fica a curiosidade de saber mais sobre como se dá o processo.
No decorrer da trama, há dois universos paralelos que são mais desenvolvidos: o original, em que Marguerite vive com seus pais, e seu pai foi assassinado; e o tem a Rússia como pano de fundo. Nesse caso, ela é uma grã duquesa, porque o tempo não regrediu, mas os Romanov nunca foram atacados e por isso, a Rússia se tornou uma das grandes potências mundiais. A segunda parte ocupa grande parte do primeiro livro, porque conta sobre o romance entre Margarita e o Tenente Markov, assunto que perdurará até o fim do livro. Essa parte em específico foi uma das melhores partes, porque apesar de ser um pouco “aleatória” de certa forma, sou grande admiradora da Rússia e de romances (como vocês sabem hehe). Ambos esses aspectos foram bem trabalhados, sendo descritos de forma coesa e o romance, apesar de rápido, foi singelo. O mesmo pode ser dito para os outros 3 universos além desses 2 principais.
Todos os personagens têm seu destaque, alguns sendo mais importantes em determinados universos do que outros. Claudia Gray os descreveu bem, ajudando o leitor a imaginar melhor cada aparência e personalidade Outro ponto positivo foi que há personagens que o leitor têm certeza absoluta que não matou o pai de Marguerite. Os outros três suspeitos, é extremamente difícil sequer imaginar quem matou, porque a Gray soube fazê-los com inúmeras qualidades e defeitos.
Novamente, o ponto falho da leitura deve-se a confusão causada em algumas partes. Além sobre a falta de explicação de alguns detalhes, mencionados anteriormente, há muitos plot twits que apesar de bem feitos e em sua maior parte, difíceis de se imaginar, causam muita confusão, sendo provavelmente necessario reler algumas páginas para total compreendimento. Principalmente em relação à uma das grandes reviravoltas do livro. Ainda assim, apenas esses pequenos detalhes podem incomodar na leitura, que vicia pelo tema interessante e a ótima escrita da autora.
Mil Pedaços de Você mostrou-se uma leitura tão agradável quanto eu previra, com história e personagens carismáticos, e com um gancho para o segundo livro, que não foi forçado e me deixou bem ansiosa para Ten Thousand Skies Above You.
Sobre a duologia:
Mil Pedaços de Você é o primeiro livro da duologia com a história de Marguerite Caine. O segundo livro, Ten Thousand Skies Above You ainda não tem previsão aqui no Brasil, mas o lançamento deverá ocorrer ainda esse ano.
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