Camila Lobo 01/01/2016Resenha: A Sorte do Agora (Por Livros Incríveis)Desde que sua mãe morreu de câncer cerebral, Bartholomew Neil não sabe muito o que fazer. Aos quase 40 anos, ele dedicava-se até então a cuidar dela, e a visitar a biblioteca e a igreja, nunca tendo trabalhado. Sua conselheira de luto o aconselha a fazer amigos, e logo em seguida o padre da paróquia passa a morar com ele. Bartholomew vai vivendo sua vida e conhece Max, um louco por felinos e Elizabeth, a “Meninatecária” que ele sempre observa quando vai à biblioteca.
Eles se juntam e viajam para o Canadá, para visitar o famoso Parlamento dos Gatos e para finalmente conhecer o pai de Bartholomew, que acredita que o pai estava morto há muito tempo.
Eu esperava bastante desse livro após ter lido Quase Uma Rockstar e me apaixonado. Infelizmente, não era o que eu esperava.
A escrita de Quick, como sempre, é fabulosa. Simples, mas profunda. Uma história que é singela e não muito detalhista, mas que conforme se avança nas páginas, torna-se algo muito maior do que se espera. O autor também insere um pequeno mistério, que eu não tenho certeza se é mesmo para provocar dúvidas, porque desde o primeiro momento eu sabia tudo o que aconteceria. Ainda sim, o mistério foi bom o suficiente para me fazer questionar se minhas suspeitas estariam corretas.
Tive uma dificuldade para sentir conexão com os personagens. Como o livro todo é narrado por Bartholomew, em forma de cartas para o ator Richard Gere, há apenas o sentimento superficial do protagonista em suas escritas, e não podemos perceber claramente nenhum sentimento de outras pessoas. Tudo o que percebemos sobre as personagens está nas personalidades delas, que são bem desenvolvidas e agradáveis. O livro não torna-se ruim, longe disso, mas torna a leitura mais arrastada, principalmente no início, em que temos o apenas o dia a dia de Bartholomew, já que apenas depois de mais da metade do livro há alguma aventura, deixando a narrativa mais dinâmica.
Particularmente, Max e Padre Mcnamee foram meus personagens favoritos. Ambos são complexos e perturbados, desacreditados da vida, um por perder algo que amava, outro por achar que perdeu a ligação com Deus. Bartholomew e Elizabeth, a Meninatecária, são ótimos personagens. Ele é ingênuo, inocente e parece em muitos aspectos com um adolescente sem amigos, coisa que me confundiu as vezes. Já ela... Me identifiquei bastante com ela na forma de tratar os livros. É introvertida, mas carismática. Wendy fica com o posto de personagem menos legal do livro. A conselheira de luto de Bart é terrível, sem graça e egoísta. Não me convenceu em momento algum.
Achei que Matthew Quick poderia ter abordado melhor um assunto na história: a violência doméstica. Tenho lido alguns livros com esse assunto e ao ver que o autor trataria o tema em A Sorte do Agora, cheguei a ficar empolgada. Mas aborda pouco e não passa exatamente uma mensagem legal sobre, em minha opinião. Me decepcionei nesse aspecto porque ele não deu à personagem a força de que ela precisava e por mais que ele dê um final respeitoso, senti que ficou faltando algo. Entretanto, ele soube passar muito bem as outras mensagens que queria passar, como suicídio e principalmente sobre ter fé. Bartholomew nunca teve muitas esperanças pro futuro, mas a morte da mãe, por pior que seja, é um engatilho para que ele comece a viver. Ele faz amigos das maneiras mais imprevisíveis e vai mais longe de casa do que jamais imaginou ir, passando a ser ambicioso.
O final é bom e rapidamente, o autor dá um desfecho a todos os personagens. Emocionante, mas não o melhor trabalho de Matthew Quick, A Sorte do Agora nos trás uma história divertida, com uma mensagem importante e bonitinha. Para quem quer começar a ler os livros dele, recomendo iniciar com Quase Uma Rockstar.
“Sempre que algo de ruim acontece com a gente, uma coisa boa acontece. Normalmente com outra pessoa. Essa é A Sorte do Agora. Precisamos acreditar. Precisamos. Precisamos. Precisamos.”
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