Nath @biscoito.esperto 21/08/2017Sincronicidade??!Este foi o primeiro livro que eu li do Matthew Quick. A Sorte do Agora é um livro curto e em formato epistolar. Bartholomew Neil (a quem chamarei de Bart para fins de breveidade) é um homem de quarenta anos que nunca se casou, não tem emprego, é muito religioso e passou toda a vida adulta cuidando da mãe. Sua mãe faleceu recentemente devido a um câncer no cérebro e ele está desnorteado, mesmo que possua a companhia do Padre McNamee, um homem que sempre ajudou sua família e que recentemente se destituiu da função de clérigo.
Durante os últimos meses de vida a mãe de Bart sofreu com fortes acessos de demência, inclusive achando que o filho era o famoso ator Richard Gere. Bart chegou até mesmo a impersonar o ator para ajudar sua mãe. Agora que ela faleceu, Bart decide escrever sobre sua vida para o ator, e é assim que temos nosso romance: um livro epistolar que mais parece um diário.
Em suas cartas, Bart conta a Richard sobre sua relação com o Padre McNamee, que se tornou um alcóolatra depois de abandonar a igreja, fala de sua crush numa bibliotecária, relembra bons momentos que viveu com a amada mãe e, principalmente, fala sobre sua terapia do luto e seus objetivos de vida.
O que eu mais amei nesse livro foi o Bartholomew. Suas cartas são honestas, o jeito como ele vê o mundo e as pessoas é bastante oposto ao jeito como eu vejo - principalmente por ele ser religioso e eu, não - mas sua voz tem um autenticidade única que me fez realmente querer ser amiga dele e dizer que tudo ia ficar bem. Principalmente, gostei de Bart não ser uma pessoa neurotípica. Nós, leitores, não sabemos qual é a do Bart - nem ele sabe qual é a dele - mas podemos reparar que ele não é como as outras pessoas e seu cérebro funciona de outra maneira.
Além do Bart, temos outras personagens incríveis, como o McNamee, o padre alcóolatra, Max, um homem que está em depressão profunda após a morte de sua gata, e Elizabeth, uma bibliotecária que foi abduzida por alienígenas. Apesar de parecerem muito caricatas, essas personagens são extremamente humanas, quase palpáveis.
Pot último, o livro é bastante filosófico. Bart é um católico fervoroso, mas o livro consiste nele escrevendo para Richard Gere, um budista. Bart fala muito sobre ambas as doutrinas durante o livro. Também fala da teoria da sincronicidade de Jung, além de apresentar a teoria de sua mãe, A Sorte do Agora. Mas você terá que ler o livro para saber que teoria é essa.
E, sério, eu recomendo que você leia, sim.
site:
www.nathlambert.blogspot.com