HeloisaPacheco 08/11/2015
Lá fora, a guerra
Anne Frank, uma criança judia que cedo partiu para a Holanda, fugindo do nazismo que ascendia em território alemão, junto com seus pais e irmã mais velha. Mesmo assim, após a expansão e anexação da Holanda pelos nazistas, Anne enfrentou desde cedo as restrições legais impostas (como o uso o da estrela de Davi, a proibição de ir ao cinema ou ao parque, etc.). Anne também vivenciou a tensão, que se desdobrava entre conversas baixas para presêrva-la, da tentativa de trazer a avó e os tios da Alemanha para perto deles. Ser judeu entre a década de trinta e quarenta era viver na linha tênue entre a vida e a morte, especialmente quando todos os judeus são obrigadas a irem para Campos de Trabalho. Num ato de resistência, a família Frank toma a decisão de se esconder e assim permanecem por dois anos, juntamente com outra família, até serem delatados e levados para Campos de Trabalho e, posteriormente, campos de Concentração na Polônia e Alemanha.
O livro relata essa trajetória valendo-se dos escritos da própria Anne, mundialmente conhecidos através da publicação do Diário de Anne Frank, mas também de pesquisa (conversas com os sobreviventes do Holocausto que conviveram com Anne , seja antes da guerra, no período do esconderijo ou campo de trabalho/Concentração). O livro também é repleto de pinturas e traz fotografias registradas pelo pai da Anne.
Eu ainda não li o Diário de Anne Frank porque sempre tenho muita dificuldade de acompanhar o relato pessoal da vítima, mas é uma tarefa que breve empreenderei. Apesar disso, Janny brilhantemente conta a história cronologicamente, com muito respeito (diversos momentos citações fiéis aos Diário). Se o Diário de Anne, por motivos óbvios, só a acompanha até antes de seres descobertos no esconderijo, o Mundo de Anne Frank da cabo dos momentos posteriores, mas com um cuidado de pesquisa brilhante.
O livro retrata um momento triste e doloroso, sobre romper sonhos, vidas, famílias, sobre o pior e o melhor da humanidade, sobre ódio e terror, mas também resistência e amor, especialmente por conta de uma criança, a Anne, tão a frente do seu tempo. Um momento da nossa História que eu gostaria de esquecer e jamais ver ocorrer, mas como constantemente repetimos ventriloquamente a História, como diria Galeano, é de extrema importância ler, conhecer, manter a memória viva, aprender e impedir que se repita (e lutar para que se cesse outras atrocidades que são do nosso tempo).