Mineirinha 04/09/2015
Dei - me uma chance de ver um outro lado, um lado que, pra mim, não tinha desculpas.
Aproveitei a chance, mudei a visão, me enchi de raiva ao entender, em dado momento, que a autora estava "amenizando com desculpas esfarrapadas" os motivos das prisões. Pensei: isso não justifica! É crime, tem que pagar, eu jamais faria isso...!
Sempre pensei: tá na cadeia? Rezando é que não estava. Pensamentos comuns, ou melhor, repetições comuns, pois creio que, assim como eu, muitos repitam essa ladainha porque ouviram a vida inteira. E aí é o problema, repetir sem pensar, sem questionar.
Realmente, eu nunca fiz o que essas mulheres fizeram e, (espero) talvez nunca faça. Mas nossas realidades são diferentes. Desde cedo conheço um biscoito recheado, desde cedo fui criada num ambiente em roubar, matar, sequestrar é inadmissível. Elas não. Isso é dado a elas como uma opção para o "sucesso" e muitas vezes a única. Não justifica! Mas qual a outra realidade? Existe um mundo diferente disso? Elas desconhecem. E, para dar a elas a certeza de que o mundo é mesmo desumano, está lá a prisão, dando - lhes comida com pêlos de rato, azedas, dois rolos de papel higiênico por mês e dois pacotes de absorventes.
É, realmente as coisas são assim, elas devem pensar.
A prisão não cumpriu seu papel, não ressocializou.
A autora do livro, Nana Queiroz, sim, cumpriu o dela: fez uma alienada aqui se colocar no lugar de pessoas vulneráveis e ser menos julgadora. Cada vez menos...