Marcela Mello 17/12/2015Jesus Cristo vs Freud ou uma reconciliação entre ambos?O autor resume sessões reais com pacientes reais e concomitantemente mostra como Cristo agia ou ensinava sobre isso da forma mais humana possível.
Pode [ou não] ser considerado Spoiler abaixo:
Uma das minhas partes prediletas sobre as sessões está no começo da página 60:
A mulher de Burt insistia com ele para que fizesse terapia. Como Burt estava interessado em ser bom marido e bom pai, ele fez o que ela estava pedindo.
— Sei que não sou perfeito - disse ele -, de modo que gostaria de examinar meu temperamento. Às vezes fico muito zangado.
— É um bom lugar para começar - eu falei.
— Mas não quero ficar desencavando o que está morto e enterrado - prosseguiu Burt. - Gosto de esquecer o passado e seguir em frente.
Para surpresa de Burt, fiz coro com ele.
— Concordo plenamente com você. Se algo está morto e enterrado, não vejo nenhuma razão para revolvê-lo.
Como a esposa lhe tinha dito que os psicólogos gostam de lidar com questões da infância, Burt não soube o que retrucar. Prossegui então:
— Mas às vezes enterramos coisas que estão vivas.
Essa frase final me impactou de forma gigantesca por que eu precisava desenterrar algumas coisas que se remexiam dentro do túmulo interior. Em tempos que eu estava fazendo psicoterapias regularmente, esse livro teve um empenho indescritível em meu consciente e inconsciente.
Mark W. Baker diz em seu epílogo: "Compreendo que escrever um livro sobre os ensinamentos de Jesus pode ser controvertido. Mas de uma coisa eu sei: o meu trabalho como terapeuta beneficiou a minha vida e a dos meus pacientes. Embora a ciência da psicologia só tenha oficialmente pouco mais de cem anos, ela foi desenvolvida na mente de muitos pensadores proeminentes muito tempo antes. Quando penso em todas as figuras da antiguidade cuja doutrina é chamada nos tempos modernos de "psicológica", não consigo pensar em ninguém que mereça mais o título de 'o maior psicólogo de todos os tempos' do que Jesus."
Nas páginas 151 e 152 ele mostra o que quer passar com o livro: "Várias pessoas religiosas têm me procurado no decorrer dos anos para fazer terapia. Em determinados casos, precisei ser muito cuidadoso devido ao preconceito delas contra a psicologia, mas acabei descobrindo algumas abordagens bastante proveitosas. Por desejar compartilhar o que aprendera com outros profissionais, escrevi um artigo e submeti-o a uma famosa revista técnica na área da psicoterapia.
Fiquei consternado ao ser informado que o artigo tinha sido rejeitado. O editor da publicação incluiu na carta que me enviou os comentários da pessoa que fez a análise do meu artigo. Fiquei surpreso com os comentários, que eram concisos, hostis e extremamente pejorativos. No final da análise, em que apaixonadamente argumentava que o assunto em questão não era adequado a uma revista de psicologia, as frases estavam incompletas evidenciando a raiva de quem escrevera. Ficou claro para mim que ele não tinha terminado de ler o meu artigo porque várias das suas objeções haviam sido respondidas na parte final do meu texto.
Eu escrevera o artigo para ajudar os psicoterapeutas a entender os preconceitos dos pacientes religiosos. No entanto, vários psicoterapeutas também estão precisando de ajuda com relação aos seus próprios preconceitos contra a religião. A necessidade de
menosprezar aqueles que não compreendemos decorre de um amor-próprio excessivo que prejudica a nossa própria saúde espiritual e psicológica. O fato de o meu artigo ter sido rejeitado é irônico se levarmos em conta seu tema central: podemos ser dogmáticos com relação à religião ou à psicologia, mas ao nos considerarmos superiores aos outros e ao achar que não precisamos do que eles têm a nos oferecer estamos causando um dano a nós mesmos."
Eu queria ler mais páginas a cada minuto, mas não queria que o livro acabasse, rss.