Queria Estar Lendo 03/01/2018
Resenha: Sombras Prateadas
Sombras Prateadas é o quinto volume de Bloodlines, sequência da aclamada série Vampire Academy, e não poderia ser melhor. Richelle Mead encontra conforto nesse universo já conhecido pelos fãs e entrega reviravoltas de fazer o coração bater mais forte. O exemplar foi cedido pela Editora Seguinte para resenha.
"Centrum permanebit. As palavras em latim ecoaram na minha cabeça, me dando forças. Significavam "o centro vai aguentar" e eram inspiradas em um poema que Adrian tinha lido. Nós somos o centro agora, pensei. E eu e ele vamos aguentar, custe o que custar."
Sydney e Adrian estão com problemas. Ela, presa em uma instituição alquimista para reeducação, uma vez que todo seu envolvimento com os vampiros foi descoberto - principalmente o emocional que tinha com Adrian. O garoto Ivashkov, por sua vez, entrou em um turbilhão de tormenta sem Sydney ao seu lado. Ela era seu bastião de esperança, a luz para a escuridão do espírito - sem ela, ele é só uma sombra. Enquanto a garota tenta encontrar pequenas brechas na rígida e atormentadora instituição, Adrian precisa lutar contra a própria mente para permanecer são e ajudar a mulher que ama.
O ponto principal e o mais ricamente abordado pela Richelle nesse livro foi o da intolerância. No arco da Sydney, certamente o mais importante dentro da história, já que ele guia muito da narrativa do Adrian também, é brilhante. Os alquimistas - até então uma organização centrada, meticulosa e rígida -, são monstruosos. Para cumprir com toda essa pose de perfeição, de ordem e de resiliência, eles usam de métodos perturbadores. Sydney passou por cima de suas leis mais antigas e, por isso, é considerada impura. Uma aberração. E precisa ser reeducada.
"Os alquimistas não queriam criatividade ou beleza. Só tínhamos que copiar o que nos mandavam copiar, sem perguntas ou variações."
A instituição de reeducação é quase uma clínica de lavagem cerebral. Os prisioneiros precisam seguir regras controladoras, precisam dizer e ouvir coisas absurdas e aceitá-las como verdades e, principalmente, precisam baixar a cabeça diante de um cenário tirânico e opressor.
Os alquimistas são terríveis; é impossível ler e não ficar enojada com sua repressão, preconceito e a ideia assustadora de que, em suas mentes, eles estão certos. De que oprimir e torturar é a maneira correta de reeducar aqueles que foram contra suas leis ultrapassadas. Sydney é uma voz e viveu muito da realidade para saber que tudo o que ensinaram a ela é uma grande mentira. Que os verdadeiros monstros não são os vampiros, mas aqueles com quem a garota convivei toda uma vida.
O livro é maduro na apresentação desse arco. Ele é, inclusive, muito atual por isso. A intolerância é um problema da sociedade. A intolerância mata, tortura e prejudica todos os dias. Na história, vemos isso representado pela maneira com que os alquimistas encaram os vampiros; na vida real vai entre as minorias.
A ideia do poder na mão de um intolerante é exatamente o que a Richelle apresenta durante a prisão de Sydney; e ver a personagem lutando silenciosa, se erguendo e espalhando a rebeldia entre os outros prisioneiros, isso é de fazer o coração bater mais forte.
"- Uma coisa que posso te dizer, depois de ter convivido com Moroi, dampiros e humanos, é que as pessoas têm medo do que não entendem."
Do outro lado, Adrian está lidando com a depressão e a solidão e as sombras que espreitam sua mente com o poder do espírito. Ele precisa de Sydney mais do que uma companheira e amiga, mas um apoio para escapar dessa dor e dessa submissão à loucura se embrenhando em seus pensamentos. O espírito é compulsório, ele fala com Adrian, o incita a fazer as coisas, o perturba com seus medos. Adrian luta contra isso, mas sua força pode não ser suficiente para impedi-lo de ser prejudicado pelos próprios poderes.
São dois núcleos bem distintos, igualmente conectados. Sydney está presa, Adrian está buscando por ela - preso dentro dos próprios temores. Existe muita incerteza sobre o caminho dos dois, nenhuma brecha de esperança. E, ainda assim, eles não param de lutar.
Alguns personagens secundários ganham mais destaque - a mãe de Adrian, Marcus e os novos rostos que Sydney conhece na reeducação. Eles preenchem a história individualmente, dão uma carga emocional bem grande para as jornadas de ambos os protagonistas. São o apoio que eles precisam quando não estão juntos.
"Nascemos num sistema com que não concordamos e fomos pegos. Aqui, lá fora, não importa. Não resta nada para nós."
Sombras Prateadas é um livro excelente. A qualidade dessa série tem crescido com o passar dos volumes, e tudo o que eu posso esperar de O Círculo Rubi é um final grandioso - uma vez que o fim desse quinto livro foi de cair o queixo.
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