Camila 11/02/2016
Fantástico!
[Resenha completa no blog The Nerd Bubble]
O livro começa com um rápido prólogo que explica em linhas gerais o que são os Alvores (seres “místicos” como elfos, anões e orcs) e Encantados (descendentes de elfos com humanos), além de mostrar um pouco sobre terreno sobre o qual o livro se desenvolve: os Alvores estão enfraquecidos, principalmente em números e depois da Grande Guerra, a qual aconteceu em paralelo com as duas Grande Guerras Mundiais humanas e decidiu o rumo de todos. Neste mesmo prólogo, os elfos tomaram a decisão de sair em busca de outros elfos e encantados pelo mundo; Aer’delo, um dos três elfos presentes no encontro, foi designado para as Américas e foi escolhido pelos pais de Tales (nosso protagonista) para dar-lhe treinamento Alvor.
É assim que, quatro anos depois, Tales se encontra em vigília no alto de uma igreja em Curitiba, seguindo as ordens de seu tutor. Apesar das ordens de apenas observar, ele acaba sendo forçado a usar seu arco para atacar o mestiço (descendente de orcs e humanos) que o percebeu ali, vigiando. Apesar de acertar seu alvo, Tales também é atacado e é aí que entram em cena os irmãos anões, Bro-Muir e Bro-Thum, que conseguem capturar Shkrenee, general da principal organização dos orcs e mestiços – a Mão Negra –, e levam tanto o mestiço quando Tales para Khur, a cidade dos anões no subterrâneo de Curitiba. Daí por diante, Tales se vê metido numa elaborada trama cheia de história (tanto Alvor quando humana) e traições, e a busca por um artefato decisivo para a luta entre orcs e mestiços versus elfos, encantados e anões.
Tales e Aer’delo são personagens interessantes e obviamente importantes, mas são os anões que tomam a cena (não digo que “roubam” porque acho que a intenção é que eles sejam legais mesmo). Os irmãos Bro e a família real são personagens maravilhosos, fortes e profundos o suficiente para criar uma certa conexão com eles. Bro-Thuim, o anão que acabamos conhecendo melhor, é o meu favorito tanto por sua personalidade quanto por sua família linda (sim, me apaixonei pela filhinha dele). Outro personagem que me chamou atenção foi o bardo humano Marcel, pupilo da elfa Aye’lena, que tem uma participação curta, mas bem marcante e um interlúdio só pra ele.
Por falar em interlúdio, esse é um recurso que Lauro usa com frequência para explicar fatos anteriores à história, mas com relevância para ela. Vi algumas resenhas criticando os flashbacks, mas eu, particularmente, gosto desse artifício. Neles, conhecemos melhor o relacionamento entre os irmãos Bro, mais detalhes sobre a Guerra, o passado de Marcel antes de conhecer sua bela mentora. Além disso, a escrita é sempre em terceira pessoa, tanto nos interlúdios quanto no restante do livro, e a escrita é agradável. As descrições são sempre ricas, especialmente para mostrar-nos as belezas de Khur, e as explicações não são forçadas, mas estão sempre ali para nos guiar pelo mundo, história e mitologia do mundo criado por Lauro.
O melhor de A Liga dos Artesãos é, no entanto, o realismo. O cuidado do autor em fazer tudo parecer real é incrível. A história da cidade de Khur sob a atual Curitiba é sensacional – tendo até uma explicação própria para o nome da capital paranaense –, assim como a ideia da Grande Guerra dos Alvores ocorrendo paralelamente às Grandes Guerras humanas. Os anões dirigindo Harley Davidson e usando casacos de couro pode parecer simples, mas dá ao livro um ar moderno e crível, assim como toda a tecnologia a vapor em oposição à humana (que não se dá muito bem com os Alvores). E, claro, o fato de usar locais da própria Curitiba nas cenas do livro, como o Passeio Público e a Praça Tiradentes, também dá um toque extra de realismo.
Outro detalhe é que o livro está cheio de referências à Literatura Fantástica, já que Tales (e Lauro) é fã do gênero. Já descobri que não achei todas, logo vou ter que ler de novo pra destacar as referências – com um post-it, porque eu não sou doida de riscar no livro (nada contra quem o faz, desde que não seja nos meus...).
Isso me lembra de falar sobre o visual do livro, que é incrível! A capa, para começar, é simples mas linda, imitando couro (com desgastes e tudo) e o símbolo da família real – os Bur – em relevo dourado. Dentro, o livro também conta com um punhado de ilustrações de Ericke Miranda, o que eu acho fenomenal.
Enfim, minha sugestão é óbvia: leia A Liga dos Artesãos e tudo mais que Lauro escrever. Qualquer fã de fantasia vai se apaixonar pela história tanto quanto eu me apaixonei.
site: http://mynerdbubble.blogspot.com.br/2015/08/review-liga-dos-artesaos.html