Carous 19/05/2021Há uma quantidade tão baixa resenhas deste livro e tantas pouco elogiosas que me preparei para uma bomba.
Ele não fez muito sucesso por internacionalmente e nem aqui.
Mas não é tão ruim assim. Só não tem a irreverência costumeira de Sophie Kinsella, aquela que deixa suas histórias mais alegres e bem humoradas (bom, no caso da série Becky Bloom nos faz nos perguntar se algum dia a protagonista vai amadurecer)
Confesso que entendo a decepção dos leitores com este livro. Mas caso você esteja com tempo livre, é válido dar uma chance a ele. Não tira pedaço e não é perda de tempo. Só não agrega nada.
O estilo da Sophie Kinsella realmente fez falta aqui; a história é meio sem graça, não foge muito do que está na sinopse e nem as (poucas) reviravoltas empolgam. Basicamente o livro não tem carisma.
As três personagens que vamos acompanhar não são muito interessantes, mas não são ruins. Não morro de amores por elas, mas também não as odeio.
De todas só com Roxanne tive menos simpatia. Tá pra nascer o dia em que terei pena ou simpatia por pessoas que se relacionam com pessoas comprometidas. Não digo que este dia não chegará, mas por enquanto, não senti o menor dó quando ela levou bolo do amante, teve os encontros adiados, os jantares cancelados e toda decepção que surgiu dessa relação.
A razão para não descartar ficar do lado da amante e por que não odiei Roxanne é porque compreendo como mulheres são educadas. Condicionadas a aceitar qualquer tipo de amor, que é melhor isso do que estar sozinha. Somos educadas a só termos como prioridade - em primeiro e segundo lugar, se possível - casamento e filhos. E qualquer conquista que não for acompanhada disso não é uma conquista válida.
Mas isso só pode ser usado como desculpa até certo ponto, dali em diante cada um precisa se responsabilizar por seus atos. Roxanne sabe que ela e o amante estão os errados e que ela não pode julgar ninguém. No entanto nutre um ódio irracional pela família do amante. Não interessa como era a esposa do sujeito, ela não tem direito de dizer nada sobre a mulher.
Não acho que Sophie Kinsella passou pano para a situação. Tampouco discutiu como eu gostaria (ou seja, mostrando que a personagem estava erradíssima). No fim, deu tudo certo para Roxanne e ainda foi bem tratada pelo filho do amante. Confesso que tudo isso me incomodou um pouco.
Roxanne, Candice e Maggie estão ocupadas com seus dramas particulares. Elas compartilham alguns deles umas com as outras nesses encontros mensais. Maggie luta com os prazeres e dores da maternidade, mas não há nada de novo no discurso sobre a maternidade aqui. Candice carrega uma enorme culpa e remorso, que, francamente, eu achei exagerada e mal direcionada. E Roxanne tá transando com um cara casado.
Não posso dizer que os dilemas foram abordados profundamente. Patinaram em cima do discurso pronto. Por isso o desfecho deles não surpreendeu, mas ficou em concordância com o resto da história.
Não concordei com a conclusão da subtrama de Candice, inclusive foi o que me fez tirar uma estrela da nota final. Eu teria seguido por um outro caminho.
Um elogio que posso fazer é que não há vilões nem mocinhas aqui, apenas personagens imperfeitos. E isso eu posso entender e me identificar. E Sophie, ou melhor Madeleine Wickham colocou isso muito bem.
Não me frustrei com a leitura porque quando vi que a autora assinava com outro nome, era porque ela queria escrever de outro jeito e isso encontrei aqui. Há um outro tom, mais sério; a idade dos personagens não é a mesma que seus romances chick-lits, o comportamento é diferente e a história é conduzida de outra forma.
Acho que Sophie Kinsella estava se testando, saindo da zona de conforto igual quem se aventurou neste livro.