Hamstree 29/11/2020
Leia com a mente de um Kara, não como um de seus avessos
Na “A Droga da Amizade” não espere uma nova aventura recheada de um grande mistério a ser solucionado, tal como foram as anteriores, porque este é um livro sobre recordar o passado, saudar as conquistas e vislumbrar um brilho de esperança no futuro. Nesta história acompanhamos Miguel, então um adulto, rememorando o início dos caras e expandindo momentos de sua juventude no Elite, ao mesmo tempo em que oferece vislumbres do presente e do futuro que os espera. É um complemento e um desfecho. Uma celebração e um “adeus” aos jovens que um dia eles foram.
Aviso, contudo, que se você leu o livro dos Karas quando era bem mais novo e espera experimentar nesta leitura algo sequer similar, já adianto: dificilmente achará. A narrativa manteve seu tom e seu conteúdo, sem tirar nem pôr (simples, fácil e leve), de modo que para ser apreciada exige um brilho nos olhos e certa inocência que muitos adultos não mais têm. Haverá aqueles vislumbres de sorrisos e sentimentos do passado, mas possivelmente também haverá um cantinho de você que julgará, que verá isso ou aquilo como absurdo ou um problema nesta ou naquela parte ou isso e aquilo muito “óbvio” . Por mais que seja verdade, por mais que eu concorde, peço que abstraia. Jogue-se em seu eu criança/adolescente que admirava aqueles jovens tão espertos e ansiava sê-los e, do mesmo modo, admire e deseje ser os adultos que eles se tornaram. Pelo menos enquanto ler este livro, ainda que haja uma pequena batalha, não seja o coroa que já desistiu de tudo. Seja um Kara, abrace a nostalgia e deixe-se sonhar.