Eli 16/03/2011
Quem não gosta de bolo?
O ano de lançamento desse livro nos Estados Unidos nos mostra o quanto ainda somos defasados em relação à chegada das obras estrangeiras ao país. Em 1987 o público norte-americano lia pela primeira vez “Pecados Sagrados”. Na época eu tinha sete anos e nem pensava em ler romances, quanto mais Nora Roberts. É bem verdade que se lia bem menos do que se lê atualmente (e nós brasileiros ainda lemos pouco, se comparados a qualquer país da Europa, por exemplo), mas esse espaço de tempo mostra como somos privados em relação à indústria literária. Nora Roberts se encaixa naquilo que chamamos hoje de “Literatura de Massa”, ou seja, uma leitura despretensiosa, que está aí para distrair, e não para instruir, como gostam de dizer os intelectuais (e os pseudo-intelectuais também). Isso tornaria suas obras “pouco importantes”, mas extremamente lucrativas, já que existe um público pronto para comprá-lo, assim que esse estiver à venda (“a massa”). Estamos em 2011 e muitas críticas ainda são feitas a essa literatura. Usando o exemplo de Nora Roberts, fica fácil entender seu sucesso, principalmente com o público feminino. Ela conseguiu pegar uma receita de bolo (já viu alguém que não gosta de bolo?) e deu a ela vários recheios, várias coberturas, inúmeros sabores... Mas no final, sabemos que é uma receita de bolo. Sinceramente, não vejo problema nenhum nisso. Amo os bolos da dona Nora. Claro que tem alguns que saem meio solados, mas mesmo assim tem quem goste (eu como solado mesmo...).
Dei toda essa introdução para falar de “Pecados Sagrados” porque achei que nesse romance, Nora nos mostrou que ela sabe variar a receita. O romance está lá, mas ela conseguiu fazer uma trama policial, que caminhou lado a lado com o romance. Tess e Ben tem tudo para dar errado. Ela é psiquiatra e ele é policial. Ela trabalha com a subjetividade, e ele com a objetividade. Ela analisa situações. Ele as investiga. Ela não condena. Ele prende para que a justiça condene. Ao longo do livro sabemos de onde vem a aversão de Ben Paris por psiquiatras, mas Tess o ajuda entender que ela é diferente. Aliás, a opinião dele muda de modo geral, graças a ela. O resultado final do livro me surpreendeu. Achei que ela soube nos enganar. Fica aqui uma sugestão para homens e mulheres. Ambos vão gostar. Mas o que mais gostei desse livro foi o parceiro do Ben, Ed Jackson. Em uma feira de livro li a sinopse do livro “Virtude Indecente” (minha próxima resenha) e quase caí para trás. Li o livro em dois dias e amei. Mas isso fica para a próxima resenha. Para finalizar, fica aqui a minha indignação pela demora das traduções dos livros de Nora Roberts. Muitas fãs estão recorrendo a sites de venda portugueses, e comprando por lá os livros da Nora. Com isso, editoras brasileiras perdem, livrarias brasileiras perdem, e nós leitoras também, por que perdemos a oportunidade de fazer nossa própria economia girar, como também perdemos a chance de ter a comodidade de comprar nossos livros em território nacional. Espero que isso não demore a mudar.