Marcela 01/03/2020
Para ser sincera, eu fui ler esse livro sem nem saber direito do que se tratava. Como a apaixonada que sou tanto pela Escócia quanto pela Irlanda, quando vi os nomes "Dublin Street, Edimburgo", já fui adicionando à minha estante... e isso acabou sendo a maior surpresa. Acho que, depois de tanto ver por aí nomes sugestivos e capas super apelativas estampadas com homens musculosos exibindo seus tanquinhos (que já mostram exatamente o que você vai encontrar ali naquela leitura), eu acabei me desacostumando. Vi uma capa neutra, um título que não entrega nada demais, já que é o nome de um lugar e pensei "olha, talvez seja um romance mais fofinho". Ledo engano, pois é sim um romance contemporâneo adulto.
Joss é o tipo de pessoa que tenta evitar ser abalada por sua tristeza ao fugir de seus traumas como o diabo foge da cruz. Oito anos após ter perdido seus pais e sua única irmã num acidente de trânsito, ela ainda evita se conectar com pessoas e se recusa a pensar em sua família. Depois de 4 anos morando em Edimburgo (terra natal de sua mãe; para onde ela foi a fim de deixar para trás as lembranças do final da adolescência que viveu nos Estados Unidos sendo órfã), sua colega de apartamento se muda para Londres com o namorado, o que a força a procurar um novo lugar para morar. Resolvendo fazer uso do dinheiro que herdou para investir mais num aluguel e melhorar seu padrão de vida pela primeira vez, ela encontra um anúncio para um ótimo apartamento na Dublin Street, para ser roomate de Ellie, uma jovem alegre com quem facilmente se deixa conectar, apesar de suas travas emocionais. O problema é que, de brinde com Ellie, vem Braden, o irmão mais velho de sua nova amiga, um empresário sexy e confiante que adora flertar com ela. Não resistindo à atração entre eles, que funciona num estilo cabo de guerra, os dois entram em acordo de serem "amigos com benefícios, porém exclusivos". E, é claro, começam a se envolver emocionalmente no processo.
Uma das coisas que gostei foi que, apesar de ser teimosa como uma mula, a Joss consegue admitir para si mesma (pelo menos, já que ela se fecha para os demais) que tem um problema real e tenta lidar com ele ao procurar uma terapeuta, com quem começa a desabafar... apesar de muitas vezes não dar ouvidos à especialista e continuar fazendo merda igual. Mas, por mais que não queira e se negue a aceitar, é com Ellie e Braden que ela começa a formar laços de verdade pela primeira vez desde que perdeu sua família. Ellie, com seu jeito animado, leal e amoroso, e Braden sendo o típico homem cavalheiro que também sabe ser bem rude e sempre vai atrás do que quer com bastante afinco. As cenas hot são bem descritas, de uma maneira bem limpa até, tendo em vista a explosão sexual entre os personagens. E, apesar da carga sensual e dramática, o livro é no geral bem leve e traz, ainda, alguns diálogos mais divertidos.
"- Eu estava lavando os pratos, e o canalha sorrateiro se aproximou por trás de mim e envolveu os braços na minha cintura. E meu beijou. Bem aqui - apontei furiosamente para o meu pescoço. - Não dava para prenderem ele?
A Dra. Pritchard deu uma bufada.
- Por amar você?
Eu me recostei, balançando a cabeça em sinal de desaprovação.
- Dra. Pritchard, de que lado você está?
- Do lado de Braden."
Certamente, se você curte o gênero, vale a pena. Por sinal, leiam até o fim mesmo. Há um trecho muito bom nos agradecimentos da autora sobre perdas e amadurecimento, que até acabou entrando para os meus destaques do Kindle.