Uma Canção para a Libélula

Uma Canção para a Libélula Juliana Daglio




Resenhas - Uma Canção para a Libélula


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Pablo Madeira 06/08/2015

Um livro viciante.
Vanessa é uma pianista de sucesso e mora em Londres com os tios desde que um acontecimento trágico marcou a sua vida. A história começa a se desenvolver quando após uma de suas apresentações, recebe um telefonema que irá, "tecnicamente" dizendo, obrigá-la a voltar para o Brasil. O problema é que essa viagem irá abrir velhas feridas e fazer a nossa protagonista a vivenciar os seus maiores pesadelos (literalmente pesadelos) mais uma vez.
De volta ao Brasil, aos poucos vamos descobrindo os motivos que a levou a se mudar para Londres e o que houve de tão triste em sua infância. Ela tem um pai, um irmão e uma mãe... Se é que pode se chamar de mãe. Uma mãe de verdade jamais iria negligenciar um filho! Ficou curioso? Eu sei, mas não sei como escrever uma resenha desse livro sem soltar spoiler. Tudo que posso falar para vocês é que vale realmente a pena encarar a história! Podem ler que não irão se arrepender.
"Era uma comum primavera numa fazenda qualquer, mas um encontro inusitado aconteceu: a Menina e a Libélula se viram pela primeira vez. Assombrada por um medo irracional da Morte, a Menina é marcada por esse encontro para o resto de sua vida. Compõe então uma canção em seu piano, homenageando a misteriosa libélula.
Os anos se passaram, Vanessa vivia em Londres e tinha a vida cercada por seu iminente sucesso como pianista, porém, algo aconteceu, mudando seu destino: Uma doença, uma viagem e um reencontro.
Vanessa precisará encarar fantasmas que sequer lembrava um dia terem assombrado sua vida, tendo de relembrar a morte do irmão e reviver seu conflito com a mãe. E mais importante e mortal, conhecer a grande antagonista de sua vida, a quem chama de Vilã Cinzenta.
De Londres a São Paulo, dos Palcos aos Lagos. “Uma canção para a Libélula” é a história de uma alma perdida e de sua busca por quebrar o casulo de sua existência, para só então compreender o sentido da própria vida. Este livro é um profundo mergulho em uma mente nebulosa, permeada por lagos obscuros e pela inusitada morte; não havendo sequer esperanças."
-Sinopse do livro Uma Canção Para a Libélula-

Se preparem! Vocês terão que enfrentar uma grande dose de loucura. Uma história metafórica... Uma luta entre a Menina Triste e a Vilã Cinzenta. Entre o Passado e o Presente. Entre Mãe e filha.
Desejo todo sucesso do mundo para a autora, continuando desse jeito tenho certeza que ela vai longe.


site: http://devaneiosexpressos.wix.com/blog
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Pri 05/02/2018

Uma leitura intensa e cheia de metáforas
Finalmente tive a oportunidade de ler e me encantar novamente com a escrita da Juliana Daglio. Desde que li O Lago Negro, fiquei com muita vontade de ler seus outros livros.

"Quando uma dor pede para levar embora suas lembranças ruins, ela leva também a parte boa. Arranca as raízes de tudo que você lembrava de ser."

Vanessa tem 24 anos e desde muito pequena sempre foi um prodígio musical. Atualmente, é uma pianista com a carreira em ascensão. Há 13 anos mora em Londres com a tia Lorena, o tio Ted e a prima Rebeca, e lá criou toda sua vida, deixando seu passado sombrio para trás.
Pode até parecer que Vanessa tem uma vida perfeita: uma casa confortável, uma família amorosa, um namorado maravilhoso, uma carreira promissora. No entanto, ela não se sente uma pessoa feliz. É uma mulher centrada, silenciosa, habituada com sua rotina, mas que luta constantemente para manter seus fantasmas adormecidos. O único momento em que se sente verdadeiramente livre e alegre é quando está tocando.

"— É... Algumas pessoas só se revelam quando estão fazendo o que gostam."

Sua lembrança de infância mais forte é a de um dia no lago, quando viu pela primeira vez uma libélula e encantou-se pelo singular animal. Chegou até mesmo a compor uma linda canção no piano em homenagem a ela. Mas essa canção, assim como a lembrança, fazem parte de um passado que a persegue em pesadelos, do qual ela não quer se lembrar.
Até que chega o momento mais temido de sua vida. Seu pai, que ainda mora no Brasil, está doente e não pode visitá-la, como fez em todos esses anos. Ele pede, então, para que ela vá visitá-lo. Mesmo receando o retorno à casa que abrigou os piores anos de sua vida, por amor ao seu pai, ela decide acatar o pedido.

"— Não importa em qual lugar dessa cidade eu esteja, meu passado vai sempre me perseguir.
— Porque nós temos que resolver nossos problemas do passado antes de seguirmos adiante."

Porém, estar de volta à São Paulo, em uma casa cheia de assombrações, frente a frente com a mulher que a magoou e a destruiu de uma forma irreparável, não é tão fácil quanto ela gostaria que fosse. Pensou que ser adulta, independente, e não mais a menininha frágil e indefesa de antes, faria com que enfrentar sua mãe fosse algo simples. Mas não é. Todo o passado esquecido retorna com uma força capaz de derrubar os muros que ela criou ao redor das lembranças. E a Vilã Cinzenta, que passou anos apenas a observando, volta a apoderar-se de sua vida e de seus pensamentos com mais intensidade do que nunca, e dessa vez pode levar Vanessa ao fundo do poço.

"As pessoas ficam impressionadas com os melhores.
Mas elas não sabem: eles são loucos; cheio de cicatrizes.
Eles caem.
Até o nada."

Mais uma vez fui fisgada por uma história escrita pela Juliana Daglio. Vanessa é uma mulher adulta, o que já começou me surpreendendo, porque, não sei por qual motivo, eu esperava uma personagem bem mais jovem. Ela é satisfeita com a vida que leva, mas, de uma hora para outra tudo resolve mudar, o que a abala muito. A vilã cinzenta, como ela chama a depressão, passa a persegui-la com força total e vemos sua luta para não se entregar.
Pela primeira vez, li um livro que aborda a depressão em primeira pessoa, acompanhei todo o sofrimento de uma pessoa que tem essa doença. Eu não tenho depressão e nunca fui muito próxima de ninguém que tivesse, mas me interesso pelo assunto. O que a torna mais prejudicial é o fato de a pessoa que tem não querer admitir que está doente e recusar qualquer oferta de ajuda, assim como as pessoas próximas a ela não notarem que algo está errado até ser tarde demais. Nesse livro, pude visualizar claramente como essa situação é fácil de ocorrer. Vanessa recusa-se a se abrir, não aceita que precisa de ajuda, não aceita que está afundando em seus próprios sentimentos sombrios. Por outro lado, sua família — destaco aqui o seu pai — continua fingindo que tudo está bem, quando claramente não tem nada de normal em tudo aquilo.

"— Talvez eu pareça muito ingênua, mas de qualquer forma digo uma coisa para a senhorita: passado é passado, e é lá que deve ficar.
— E quando a gente não esquece?
— Não é para esquecer, é para não deixar ele atrapalhar o hoje."

Uma Canção para a Libélula foi uma leitura que me emocionou. Eu imaginava que iria chorar, mas, por incrível que pareça, isso não aconteceu (ainda). Mas isso não quer dizer que eu não tenha me emocionado. O livro é muito intenso, a Juliana conseguiu transmitir as emoções da personagem de uma maneira que nem consigo descrever. Eu consegui sentir tudo que ela passava, cada frase uma nova pontada no peito, uma dor que eu não tinha experimentado antes. Vanessa me fez sofrer junto com ela durante todo o tempo.
Mas engana-se quem pensa que a depressão é algo assim tão óbvio. E dentro da mente de Vanessa, a gente percebe o quanto ela se esforça para continuar normal, até não conseguir mais aguentar. No dia-a-dia, é uma pessoa como qualquer outra: sai, se diverte, faz piada, ri, tem relacionamentos. A crise vai se anunciando aos poucos e ela ainda tenta lutar no início. O que mais me incomodou no pai dela foi o quanto ele demorou para entender que precisava interferir. Não perceber que a pessoa está ficando diferente, no início, pode ser aceitável. Depois, porém, quando obviamente algo está errado, você tem que estar preparado para fazer o que é necessário. Mas outra coisa que esse livro me mostrou é que as pessoas ao redor nunca estão preparadas. Elas não sabem como lidar com alguém com depressão, não sabem como reagir, não sabem como ajudar, não sabem o que esperar. Ficam sem ação e isso acaba contribuindo para que o quadro piore. A pessoa está sofrendo e sente-se cada vez mais sozinha e desamparada, até atingir um ponto crítico.
Como era esperado, o enredo também traz um certo mistério. Vanessa tem os motivos dela para não querer lembrar do passado, e são essas lembranças terríveis e secretas que vão dando o suspense na leitura. Queremos saber o que de fato aconteceu quando ela era criança. A mãe de Vanessa, Valéria, é uma mulher que me deixou chocada e sem saber do que mais ela poderia ser capaz. Ela é louca, ela é cruel, e eu não consigo entender como uma pessoa pode sentir tanto prazer em diminuir a outra assim, principalmente sendo a própria filha. Mas não posso ser ingênua, pessoas assim existem de verdade.
Por fim, Nathan é um personagem que me deixou bastante intrigada. Sempre vejo todos que leram o livro morrendo de amores por ele, e eu só fiquei pensando "quem é esse cara esquisito?". Imagino que no próximo livro ele realmente mostre para o que veio. Ainda têm muitas coisas que precisam ser esclarecidas.

"— Sonhos... sonhos... sonhos são desejos. Você quer, garota inútil. Você quer morrer. Foi culpa sua.
Queria gritar e protestar. Por que ele me dizia essas coisas terríveis? Por que me odiava tanto? Mas era verdade! Claro que era tudo minha culpa."

Sobre a diagramação, devo admitir que a editora fez um belo trabalho. O livro está lindo, cheio de libélulas em todas as páginas. A fonte é confortável para a leitura, as páginas são amareladas, e a capa é bonita (e cheia de libélulas), mesmo que eu não goste muito dessa modelo na frente. Encontrei pouquíssimos erros de revisão, que em nada atrapalharam a leitura. O livro é bem pequeno e a leitura flui rapidamente, pois a Juliana tem uma escrita que prende o leitor.
Para finalizar, recomendo muito essa leitura. Eu já imaginava que fosse gostar, e mesmo assim foi um livro que me surpreendeu, que me fez sentir emoções que eu não esperava. A história da Vanessa e sua luta contra a vilã cinzenta são marcantes. Se você se interessou pelo tema, com certeza vai gostar de ler. Mas esteja preparado para o que vai sentir.

site: http://www.sigolendo.com.br/2018/02/resenha-uma-cancao-para-a-libelula-1.html
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Cacio Silva 27/03/2016

Uma canção para o livro perfeito.
Confesso que queria ler o livro desde quando o mesmo se encontrava na primeira edição. Não foi possível, porém assim que entrou em pré venda pela editora Arwen, o adquiri.
Comprei os livros (as duas partes), em dezembro de 2015, ou seja, aguardei meses para poder ler, mas acho que a espera valeu a pena.
A narrativa da Juliana é muito bem fluída. Assim como em "O lago negro", não conseguia "largar" do livro.
Nunca havia lido nada que envolvesse depressão, e ao conhecer a Vanessa percebi vários aspectos que estão presentes no meu cotidiano. Os fatos narrados no livro nos envolve em cada reviravolta eletrizante.
A presença de Valéria, mãe de Vanessa, atrai um lado mais sombrio para a história, vulgo sendo julgado por mim, como um dos demônios internos da jovem.
Não tem como não falar do final. As últimas 20 páginas do livro são super carregadas de emoção que nos leva para um final épico, que confesso ter pena de quem teve de esperar tanto tempo para ler a continuação.
Só tenho que agradecer a Juliana, pois este livro acrescentou muito para mim, e em breve lerei a parte 2.

Ps. No light, no light, in your bright blue eyes [...]
Ps 2. Acho que fui o primeiro a ler em versão física esta nova edição.
Ps 3. Terei literatura Daglio por muito tempo. Logo terá a continuação de "O lago negro" - Expressão feliz.
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Noites 17/07/2016

A Canção Cinzenta?
Feche os seus olhos e conte até quarenta. Contou? Então, uma pessoa em algum lugar do mundo se suicidou. Tirou a própria vida por motivos que desconhecemos, mas que infelizmente podemos imaginar. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), é estimado que a cada 40 segundos alguém se suicida. Em 2012, só no Brasil, houve mais de onze mil suicídios. E mesmo a depressão não sendo a culpada por todas as mortes, é responsável pela maioria delas.

Exatamente por isso é tão importante que existam livros como o da Juliana Daglio por aí. Estórias que além de emoção, transmitam a conscientização; e ainda que não seja o foco, acaba por desconstruir a ideia errada de que depressão é "apenas frescura". Para saber mais, leia a matéria completa aqui. E procure ajuda profissional, caso precise. Ficar calado só dará oportunidade para as vozes aumentarem...

"Às vezes tenho a impressão que você só se importa mesmo com essa melancolia toda e acaba se esquecendo do mundo."

Vanessa é gente como a gente... Só que rica, linda e uma pianista muito talentosa que vive em Londres com a sua querida família adotiva. Seria inimaginável não ser feliz com a vida dos sonhos que tem, e é justamente a infelicidade a sua melhor amiga. Além de tocar, a moça não tem um propósito. Os pesadelos lhe são cotidianos, até que eles se tornam os menores de seus problemas; um deles se chama Valéria, problema também conhecido por ser sua mãe. Ela era modelo, teve uma gravidez indesejada e rejeitou a sua filha. Assim, se tornou a personagem mais odiável de todo o livro e definitivamente, não é o tipo de mãe que qualquer criança deseja ter.

Dentre os demais personagens tem um amigo esquecido de infância, uma irmã postiça bem engraçadinha e um rapaz misterioso de poucas palavras, mas de muitos olhares. Quase me esqueci do pai egoísta, que é um quase-amorzinho de pessoa, exceto quando é egoísta (praticamente o livro todo).

"Eu estava feliz quando estava com minha música. O restante do tempo eu não sabia."

O livro é escrito com tanta sinceridade que finalizei sua leitura com a sensação de ter ouvido o desabafo de uma amiga. E apesar de não ter chorado, um nozinho na garganta foi inevitável durante o terceiro ato. Culpa do Beethoven! Aliás, a autora tem um lance muito bacana que todas as suas protagonistas possuem nomes começados pela letra V, motivo que ainda é segredo. Achei relevante acrescentar.

Os personagens, como já citei, são desinteressantes e a trama possuí um ritmo bem calmo nos seus primeiros atos. O motivo do desinteresse, creio eu, seja resultado da própria protagonista e do modo cinzento que ela começa a enxergar o mundo. Contudo, eu definitivamente recomendo a leitura para amantes de um história bem contada.

site: http://www.lendocomchuva.com.br/2016/06/UmaCancaoParaALibelulaParte1.html
Juliana 20/07/2016minha estante
Que coisa mais lindaaa!


Be 11/08/2016minha estante
Muito bom!




Carlos531 01/10/2016

"Quando uma dor pede para levar embora suas lembranças ruins, ela também leva a parte boa..."
Primeiramente gostaria de citar que são inúmeras histórias que relatam a depressão, mas poucas conseguem tratar com tamanha exatidão o que uma pessoa sente e as inúmeras formas que isso pode lhe afetar, além da metáfora de sentimentos em tudo que está à sua volta. Depois de ficar encantado com A Menina Submersa de Caitlín R. Kiernan, acabo me deparando com mais uma história surpreendente.
Vanessa é uma pianista prodígio, uma profissional, que desde a infância sempre tocou como ninguém e era admirada por professores e amigos. Conhecemos de cara que a personagem tem uma carreira brilhante, uma vida notável, um namorado prestes a pedi-la em casamento. Tudo parece perfeito, não é mesmo? E quando você está destinado a viver com lembranças do passado que são maiores do que tudo isso?
Vanessa nasceu fruto de uma gravidez indesejada, sua mãe Valéria foi uma grande modelo e por conta da gravidez, teve de deixar para traz um grande contrato e toda a sua carreira. Isso gerou um ódio que se alastrou por toda a vida da filha.
Com um relato repleto de metáforas que escondem os reais e fatos da vida da personagem, neste livro você vai encontrar as brechas e as peças do passado de Vanessa. Afinal, seu pai está doente e depois de toda uma vida em Londres, ela está fadada a voltar à sua cidade natal e encarar os traumas do passado.
Uma canção para a Libélula Parte I lhe mostrará um lado totalmente diferente da depressão e suicídio, com fantasia, mistério e claro, uma vilã: a mulher cinzenta, ou como vocês conhecerão nesta história – a Morte.
Com um final perfeito e inovador, é impossível não esperar por muito de uma segunda parte.
Juliana 05/10/2016minha estante
Que alegria abrir o skoob e me deparar com essa resenha linda! Muito feliz que tenha gostado assim do livro. Espero que a parte dois venha para trazendo ainda mais bons sentimentos.
Obrigada!!




Francine 10/02/2015

Um relato fiel sobre a depressão, mas também um relato fiel sobre como concebemos o fracasso em nossas vidas.
Tive a oportunidade de ler esse livro por meio do Book Tour, organizado pela querida Patty, do blog Coração de Tinta. Agradeço muito pela oportunidade, porque a leitura foi preciosa!

Narrado em primeira pessoa, em Uma Canção para a Libélula (Parte I) conhecemos Vanessa, uma jovem pianista que está se tornando cada vez mais famosa pelo seu talento. Ela mora em Londres com sua tia Lorena, seu tio Ted e sua prima Rebecca. Logo nas primeiras palavras da nossa protagonista-narradora, notamos sua infelicidade. Tocar piano é a melhor experiência para Vanessa, mas quando suas mãos não estão sobre as teclas desse instrumento há um preocupante embotamento afetivo. Nada atrai seu interesse, nem mesmo seu namorado atencioso, Jude, que a pediu em casamento e ainda aguarda sua resposta.

Vanessa não quer casar… Ela também sabe que não ama Jude, assim como nunca amou alguém. Ela sente que nunca amará e tampouco acredita nos contos de fadas que os romances femininos apresentam. Sua perspectiva sobre a vida é cinzenta. Paralelamente, a autora nos dá pistas das razões para que Vanessa se comporte dessa maneira. Algo grave aconteceu em sua infância. Algo que não foi superado e atormenta seus sonhos com a culpa. Algo que envolve sua mãe, Valéria, por quem Vanessa nada sente além de ódio e mágoa.

Então, o inusitado acontece! O coração de seu pai, Marcos, está comprometido e Vanessa decide ir vê-lo no Brasil. O relacionamento entre pai e filha é afetuoso, assim como o carinho entre Vanessa e Alex, seu irmão mais velho. Mas a mãe, Valéria, é um terror à parte e reencontrá-la exigirá enfrentar fantasmas contra os quais Vanessa esteve lutando por toda a vida.

Fiz minhas apostas no decorrer da leitura sobre o evento traumático que provocou tamanha apatia em Vanessa, mas não estava preparada para o que a autora criou. A narrativa desse livro é repleta de metáforas, que nos aproximam dos sentimentos da personagem e nos condenam à solidão que ela enfrenta. Com sensibilidade, a autora abordou a depressão em sua expressão mais melancólica, devastada e solitária. Vanessa é incapaz de expor em palavras os seus sentimentos, engolindo-os a cada vez que é mal-interpretada por sua família ou mal-tratada pela sua mãe. Vemos quão complexas podem ser as circunstâncias que levam alguém a afundar em sofrimento, especialmente quando sente não merecer a felicidade.

Valéria é a personificação da negligência e do abuso psicológico que uma mãe pode impor sobre um filho. Suas palavras duras, até mesmo um pouco insanas, ferem Vanessa de um jeito tão profundo que se torna cada vez mais difícil desacreditá-las. Vemos as tentativas de enfrentamento da personagem e o seu fracasso; vemos sua queda cada vez mais rápida até lhe restar apenas uma casca vazia e alheia à vida.

Aos poucos (ou talvez rápido demais), Vanessa entra em um processo constante de perdas. Seus objetivos, sua carreira, sua confiança, sua identidade… evaporam-se em meio à depressão. Ela só quer fugir outra vez e voltar a Londres, mas sua saúde está cada vez mais debilitada. A casa, sua mãe, as expressões penosas de seu pai e das pessoas que a veem, são demais para suportar. A cada vez que consegue dar voz aos seus sentimentos, eles vêm turvos demais para serem acolhidos – são apenas gritos raivosos ou evasivos. E ela regride, retraindo-se em si mesma. A queda não cessa.

Eu adorei o jeito como Juliana Daglio descreveu a depressão. Intitulando-a de Vilã Cinzenta, a autora foi capaz de transmitir ao leitor cada pensamento e sentimento de Vanessa. Eu me compadeci dela, e irritei-me por sentir pena. Não era o que ela queria, não era o que ela precisava. Vanessa era incapaz de aceitar sua própria condição, o que tornava ineficiente qualquer ajuda que recebia. Torci para que conseguisse reagir e ver a mulher maravilhosa que se tornara, mas não dependia de mim. Não dependia do pai ou do irmão dela. Não dependia nem da sua mãe, que conseguia feri-la sempre um pouco mais. Dependia dela. E, no fundo, isso servia apenas para sobrecarregá-la com a responsabilidade de suas escolhas em um momento no qual sequer suportava o peso de se manter ereta.

O livro é um relato fiel sobre a depressão, mas é também um relato fiel sobre como concebemos o fracasso em nossas vidas. Vanessa é uma sobrevivente, mas jamais viu a si mesma como alguém de valor. A despeito do seu passado, ela foi capaz de se tornar uma pianista de sucesso – um mérito unicamente seu –, mas nada disso importava porque desprezava a si mesma. E não há mal maior que nossa alma aguente do que aquele que fazemos a nós mesmos.

Demorei um pouco para me habituar com a linguagem da autora, por isso considerei muito apropriado o seu texto introdutório – no qual explica que a obra se trata de uma metáfora. A narrativa é poética, com descrições tétricas e sensíveis, sem se limitar a uma observação objetiva. Depois que me envolvi com suas palavras, foi impossível parar a leitura. Vale muito a pena conhecer a obra.

A Parte II está sendo finalizada e estou muito ansiosa para descobrir o que acontecerá. O livro me roubou lágrimas em seu desfecho e torço para que me roube sorrisos a partir de agora (rs). A autora está de parabéns pela criação! A capa é deslumbrante e a diagramação está maravilhosa. É um livro de rápida leitura, que recomendo para qualquer leitor.

Observação: Acho importante salientar que a autora é formada em Psicologia e atua na área clínica.

Convido a ler meus quotes favoritos desse livro no blog (e conhecer O Lago Negro, segundo livro da autora – em desenvolvimento no Wattpad):

site: http://myqueenside.blogspot.com.br/2015/02/resenha-71-uma-cancao-para-libelula.html
Juliana 10/02/2015minha estante
FELIZ DEMAAAAAAAAAIS!!!




CuraLeitura 28/11/2016

O livro apesar de conter temas pesados é lindo,é poético é sensível e triste e brilhante!!!
Neste livro vamos conhecer a historia de Vanessa. Pianista altamente renomada, mora em Londres com seus tios e sua prima Becca, tem uma carreira brilhante, uma vida tranquila, um namorado apaixonado e um passado perturbador.

"Quando uma dor pede para levar embora suas lembranças ruins, ela também leva a parte boa. Arranca as raízes de tudo que você lembrava ser. Foi isso que aconteceu. A dor me levou a parte boa de minha infância e só deixou um vazio enegrecido para trás"

As marcas de um passado difícil e sombrio fazem de Vanessa a pessoa que é hoje, não acredita amores para sempre, recusando o pedido de casamento de seu namorado, detesta os abraços, beijos e elogios que a cercam em cada evento que realiza, e mantem um relacionamento bem distante com seus pais e irmãos há 13 anos por causa de uma tragédia familiar e o sentimento de culpa que a cerca dia apos dia.

- Eu deveria saber que você não iria aceitar - soltou com certa brutalidade - Você está sempre ocupada demais com suas partituras! Sempre reclusa e antissocial! O que uma garota tão triste e infeliz iria fazer com um casamento? Acabar com ele! - continuou, agora com crueldade.

Não suportando mais usar sua mascara de felicidade, Vanessa vai ficando cada dia mais triste e mais afastada de todos. Porém uma ligação acaba mudando seus planos, seu pai à convida (obriga) a passar alguns dias com ele pois está vendo sua filha adoecer e também porque foi vitima de um infarto e gostaria que sua família estivesse ao seu lado neste momento. Sendo assim, Vanessa embarca de volta ao Brasil para encarar de frente sua mãe ou o que quer que ela seja, a vilã cinzenta enquanto tenta não se afundar em tristeza ao ponto de reviver os dramas do passado.

Leia mais em:

site: https://curaleitura.blogspot.com.br/2016/11/resenha-uma-cancao-para-libelula.html
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Sabrina 19/12/2014

Livro lindo, emocionante e confortante.
Confesso que já faz tempo que tento escrever a resenha desse livro, mas tive uma ressaca literária muito grande, precisei de um tempo para me recompor e tentar (digo bem tentar) expressar meus sentimentos sobre a ele.
A história se inicia em Londres, que na minha opinião não tinha cidade melhor para se adequar o perfil da personagem, uma alma acinzentada. Vanessa, é uma pianista de sucesso, consagrada nos palcos, e tem uma vida aparentemente tranquila. Porém, quando seu ex-namorado Jude abre suas feridas mais profundas, toda tranqüilidade que ela passou anos tentando construir, começa-se pouco a pouco a se desmoronar.
Logo após esse acontecimento, o pai de Vanessa liga para ela e avisa que está doente, e temendo o pior pede que ela vá morar com ele um tempo. Mesmo diante do desafio de ir de encontro com seu passado dolorido, pelo amor de seu pai Vanessa embarca para o Brasil.
Lá ela terá que lidar com as mais tristes lembranças. Conviver com sua mãe amarga, que a culpa por toda sua infelicidade e pecado. Com a lembrança da morte do seu irmão, e o reaparecimento de uma velha conhecida, a vilã cinzenta.
Não quero contar mais sobre a história, pois não quero dar spoilers. Então agora vamos aos meus sentimentos.
Todo mundo que já sofreu uma dor imensa na vida, com certeza vai se identificar com a personagem, e entender porque diante de algumas situações ela parece até ser uma alma sem sentimentos. Vanessa teve que reconstruir uma vida diante de lembranças de morte, de rejeição e de raiva, e mesmo assim construir uma carreira. Porém quando a dor não é devidamente superada, qualquer fagulha é o suficiente para abrir essa ferida, e fica difícil perceber qual o limite da nossa força.
Eu tinha vontade de entrar no meio do livro e conversar com a Vanessa. (Ok, confesso que fiz isso em pensamento, tive um bom diálogo com ela).
A nossa querida autora Juliana, nos trouxe de maneira linda um tema que ainda no nosso tempo é um tabu, a depressão. E difícil entender tal doença, porque as vezes o stopim para ela começar pode ser o motivo mais banal.
Para Vanessa, o motivo foi nada banal e ela teve que lutar sozinha, com suas angústias e com sua dor. Acho que muitos lendo, se identificaram, o quão difícil é muitas vezes estar num local, onde nada parece fazer sentido para você, os móveis, as fotos e as conversas e não conseguir sair para correr e pedir ajuda é desesperador. E nesta frase do livro, que me marcou profundamente, eu trouxe ela para vocês.
“Quando uma dor pede para levar embora as lembranças ruins, ela leva também a parte boa. Arranca as raízes de tudo que você lembra ser.”
Acho que é uma das maiores verdade, na minha fase depressiva graças a Deus apaguei n situações da minha mente que foram devastadoras, mas também apaguei muito de bom. Soa como se eu tivesse acordado depois de muito tempo, e boa parte da minha história caiu no esquecimento.
A leitura é leitura fluída, sensível e emocionante,e me fez derramar lágrimas e lágrimas. Tocou minha alma e o meu coração, e estou esperando ansiosa pela segunda parte.

site: http://sabrinaikeda.blogspot.com.br/
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marioandre.sene 16/12/2014

Forte.
A princípio, quando recebi o pacote com o livro, minha emoção foi grande. Ao abrir o livro e ler a dedicatória eu confesso ter sentido uma sensação ímpar e complexa de descrever, que se repetiu assim que li os agradecimentos, ao fim do volume, e lá estava meu nome. Afinal, ter sido professor de uma figura que amadureceu tanto é qualquer coisa pra se orgulhar mesmo. Uma jovem autora de apenas vinte e poucos anos.
Mas então, veio a leitura. Uma narrativa tensa, onde a vida de uma personagem intensa e triste se vai apresentando ao leitor e se desmontando ao mesmo tempo. Ganchos estrategicamente posicionados fazem a leitura se tornar chamativa, a ponto de eu ter lido o volume todo em apenas um dia! Na verdade, eu uma única viagem diurna de ônibus.
Se fosse um filme, eu o classificaria como um filme de baixo orçamento e elevadíssima relação custo benefício. Poucos cenários, poucos atores, mas muita intensidade em cada local descrito, cada ser humano. A riqueza descritiva que se encontra encrustada na narrativa é tamanha que faz parecer que o livro é ilustrado!
Mas o melhor é a intensidade que o livro ganha a cada página. Não que haja ação, mas a mente de uma pessoa profundamente angustiada se revela aos poucos, criando diversos clímax magistralmente, antagonizada pela própria mãe e por si própria, na forma de monstros que moram em sua mente, uma ferida aberta desde a infância que nunca cicatrizou.
Uma leitura que vale a pena. E olha que eu nem sou de romances e ficções, afinal, gosto mesmo é de ler obras de divulgação científica.
Mas, ao fim da leitura, ao reler a dedicatória e os agradecimentos, aí sim pude ver o quanto estes eram significativos... Pois não era mais só a obra de uma aluna que venceu. Não! Era uma belíssima mostra de talento e competência.
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Martha 19/01/2018

Descubra emoções que até então eram desconhecidas!
Ler Uma Canção para a Libélula foi uma experiência forte, na ausência de palavra melhor. Junto com Vanessa, fui ao fundo do poço, chorei, senti raiva e me emocionei. O interessante sobre o livro é que ele coloca um espelho diante do leitor e nos faz descobrir mais sobre nós mesmos. Aqueles que nunca sofreram com distúrbios psicológicos podem ter uma dimensão imersiva da mente de alguém atormentado pela Vilã Cinzenta (leia e descubra mais). Para quem, infelizmente, já passou por isso, é doloroso ver o reflexo de suas agruras nas páginas. Mas não se preocupe: Juliana Daglio é mestra em mostrar que existem vilões que nunca são derrotados, porém quando sublimados, podem trazer esperança até para a alma mais perdida. A escrita é singular, daquelas a serem saboreadas, de um lirismo e beleza ímpar. As referências musicais, literárias e até da cultura pop enriquecem o mundo de Vanessa. Uma coisa eu digo: você nunca mais será o mesmo e jamais olhará uma árvore roxa da mesma maneira. Eu não olharei. Eu sou Libélula.
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rafaela.pedigonimauro 13/02/2018

Um mergulho em mim mesma
Às vezes, escutamos ou lemos histórias que parecem demasiadamente com as nossas. É como se alguém houvesse invadido os recantos mais sombrios e íntimos de nossas mentes e narrasse nossas experiências, com nomes de personagens, lugares e datas alterados. Como um dos personagens da trama disse, é como se encontrássemos um espelho e víssemos ali o reflexo de nossa alma e mente. Em incontáveis momentos, "Uma canção para Líbélula" foi um espelho para mim.
A forma como a Ju fala sobre depressão, ansiedade, falta de afeto na infância, baixa autoestima, perda da identidade, défict de habilidades sociais, culpa, pensamentos suícidas, dentre muitas questões envolvendo transtornos psicológicos e de um humor é didática e crua. Todos nós que enfrentamos a batalha diária que é lidar com esse vórtice de sentimentos nos enxergamos em Vanessa, em Nathan e até mesmo em Valéria.
A história de Vanessa é de uma sobrevivente. Alguém que aceitou sua condição e enfrentou-a com coragem e resiliência. Vanessa, todavia, não é uma heroína perfeita e infalível. Ela é humana. Construir uma relação de empatia com ela talvez tenha sido mais fácil por esse motivo. Sofri com Vanessa mas também senti raiva diante de suas decisões e pensamentos e me alegrei com suas vitórias, por menores que fossem.
Ler "Uma canção para Libélula" não foi uma tarefa fácil. Por maior que fosse a minha curiosidade para saber o desfecho da história, precisei fazer algumas pausas para conseguir digerir todas as informações e sentimentos. Lágrimas subiram aos meus olhos incontáveis vezes. Lágrimas de dor, de alívio, de medo.

Queria que todos pudessem ler essa história e compreendessem, mesmo que minimamente, como é viver em um casulo, mesmo sendo uma Líbélula.
Queria que as pessoas entendessem como é possuir tantas dores, culpas, medos e angústias dentro de si que chega a doer fisicamente. Um turbilhão que nos sufoca e nos faz sentir uma vontade desesperada de abrir a nossa pele para que esses demônios nos deixem. No entanto, aprendemos que este não é o único caminho possível e que coisas maravilhosas e positivas podem nascer mesmo nos lugares mais sombrios.

Vanessa aprendeu a transformar seus demônios em música.
Juliana, em livros.
E eu, em ilustrações. :3



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Pri 15/11/2016

{Resenha} Uma canção para a libélula - Blog As Meninas que leem livros
Primeiro livro da autora Juliana Daglio que leio (e também da Editora Arwen) e foi uma ótima escolha!

É claro que terminei de coração partido, não pude acreditar no final, mas o livro é incrivelmente bem escrito e tão preciso no que se trata de Depressão que acredito que todos que possuem um parente com esse transtorno deveriam ler para saber que não é só uma coisa da sua cabeça e que não passa tão fácil quanto as pessoas dizem.

“A mensagem que quis passar com minha história não é de morte, e sim de vida. Mas o que seria da vida se não fosse a morte? Como a valorizaríamos se soubéssemos que ela é infinita? E quando essa vida de torna um fardo? É preciso falar da morte para falar da vida, embora nenhum de nós possamos desvendar nenhuma delas.”

A tristeza parece estar presente em todos os cantos da estória. Não sei, parece que o livro todo é cercado por essa aura cinzenta que domina Vanessa Santos, a protagonista. Ela é uma jovem de 20 e poucos anos que foi morar em Londres após algo terrível acontecer em sua vida.
[...]
Continue lendo no blog!

site: http://www.asmeninasqueleemlivros.com/2016/08/resenha-uma-cancao-para-libelula-1.html
Juliana 23/11/2016minha estante
Priii! Obrigada por postar essa resenha aqui. Vi que não gostou da conclusão da história, mas sou muito grata por ter seguido com ela até o final. Esse resenha aqui é uma das que mais guardo com carinho, mas pensarei sobre o que falou na segunda.
Como é meu primeiro livro, tive oportunidade de mudar muito minha forma de construir histórias, e é sempre bom ter opiniões diversificadas delas




Dy 10/04/2017

Uma Canção para a Libélula vol. 1 | Por Minha Fuga da Realidade
Você precisa estar preparado para ler essa história. Não vá achando que é um conto de fadas. É uma história dolorosa, que te fará refletir, você já tendo passado por algo assim ou não.
[quote]
Vanessa dos Santos é uma pessoa que apenas existe. Sua infância foi triste e dolorosa, nada muito diferente de sua vida adulta. Mas ao menos uma coisa boa lhe aconteceu, conseguiu se tornar uma pianista de sucesso. Mas como nada que é bom dura muito, um imprevisto a faz voltar para onde tudo começou, fazendo-a despedaçar-se cada vez mais, até tudo ser insuportável demais. Mesmo com sua família ao seu lado, Vanessa não consegue vencer sua Vilã Cinzenta.
[quote]
Eu não imaginei que esse livro mexeria tanto comigo. Cada página que li, sentia a dor da Vanessa, tudo que ela passou, mesmo ainda não estando claro, percebe-se o quanto a marcou. Senti sua mágoa, sua raiva, e até o chão se abrir sob seus pés.
Palavras machucam tanto quanto atitudes, as pessoas não percebem isso até serem machucadas desse jeito. E é isso que Daglio nos mostra, descrevendo com detalhes as cenas, das mais simples as mais chocantes.
[quote]
Uma Canção para a Libélula vol. 1 não nos mostra com clareza os momentos que transformaram a vida da Vanessa e sua família, então aconselho vocês já terem o segundo volume ao lado.
Além de ter uma história envolvente e com a escrita fluída, a parte física está encantadora, com libélulas por todas as páginas. Encontrei apenas alguns errinhos, mas nada que atrapalhe a leitura. Eu nunca usei tanto post-it em um livro! Vou precisar fazer um especial de quotes para mostrar tudo a vocês.

Você pode ler ouvindo a playlist organizada pela autora, clique aqui (link no blog)
[+imagens]

site: http://minha-fuga-da-realidade13.blogspot.com/2017/04/resenhando-uma-cancao-para-libelula-vol.html
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Paula Juliana 11/09/2014

Resenha: Uma Canção para a Libélula - Parte I - Juliana Daglio

''Já vi os olhos da menina brilharem, as asas da libélula refletirem discretamente as cores do arco-íris, mas nunca as duas coloridas. Se fosse um quatro, diria que o pintor guardou a melhor parte para o final e acabou ficando sem tinta. No entanto é uma imagem, e se move dentro da minha mente sem que eu tenha nenhum controle sobre ela. Não são em sonhos, nem em devaneios, eu simplesmente a vejo, num piscar de olhos, num trocar de canal na televisão, num intervalo de uma nota musical, ou me alcança quando uma rajada chata de vento vira, sem eu querer, a página do livro que eu estou lendo.''

Beleza. Inocência. Mistério. Lembranças. Solidão. Medo!

Uma história instigante, que deixa o leitor curioso do começo ao fim, uma história
emocionante, que sabe mexer com os sentimentos dos leitores, que conduz, envolve, vai lhe levando até à beira do precipício, deixa você naquela linha entre cair e se salvar e sem mais, sem menos, te joga! Uma Canção para a Libélula, é assim... INTENSO! Avassalador, ele te conduz por meio da história da menina Vanessa, te faz passar por todos seus sentimentos, suas angustias, seus medos. Faz você entender o valor da vida!
A autora nacional Juliana Daglio, apresenta nessa primeira parte - de duas, uma história que te fez refletir, uma canção em palavras, é quase lírico de tão bonito!
Dizer que me envolvi com essa história é pouco!

'' Quando você acordar, eu estarei aqui.''

Ela sentia medo! Ela, a menina de cabelos de algodão, sentia dentro do seu coraçãozinho uma sombra, uma presenta, uma angustia, que não conseguia entender! Uma menina triste. Um paisagem bonita. Um lago. Um pai amoroso, gentil, e um triste homem! Uma melancolia no ar! Melodias de piano! Asas sem cores! Asas com cores! Cores que não existem mais no mundo da triste menina! Um encontro repentino! Um rumo a seguir! Uma tragedia! Uma separação...
Tormento, angustia, música, melancolia, segredos! Um coração despedaçado pela vida. Uma alma quebrada!
E a volta para onde tudo começou!

''A Libélula ficou ainda mais atraída pelo som vindo da menina e se aproximou. As duas ficaram se olhando por um tempo, sem censura, apenas presas entre si como os seres celestiais se prendem às preces dos mortais.
Foi aí que a cena foi registrada para sempre. Nunca se perdeu apenas estagnou-se no tempo como uma lembrança incompleta, um filme ainda não revelado, uma fotografia pela metade. Uma canção sem acordes.''

O Prólogo, começa contando uma parte do passado de Vanessa. O tão falado encontro entre a menina e a Libélula. Lá a autora mostra que o livro é forte e que veio para mexer com você, na segunda página do livro, já estava com lágrimas nos olhos e o coração muito emocionado.

A Obra começa mesmo, no primeiro capitulo apresentando a Vanessa adulta. 24 anos, Morando em Londres. Uma pianista famosa e renomada. A presença da Tia mãezona, do Tio, de sua prima, e de um namorado. Família, fama, sucesso... Seria a vida perfeita?

A vida dessa talentosa menina está longe de ser perfeita. Um pedido de casamento e dois quase infartos de seu pai, fazem que Vanessa tenha que voltar para o Brasil, o lugar que ela tinha fugido quando criança.
E principalmente o passado volta para assombra-la. Ela terá que reencontrar com sua mãe!

O contexto e os acontecimentos logo dos primeiros capítulos, nos deixam perguntas!
O que aconteceu de tão terrível com essa família? O que aconteceu com Vanessa de tal forma que ela se fechou para sua própria vida? O que faria uma mãe ser vista como uma horrível inimiga?

Cenas conectadas. Pistas. O relógio, o lago, a hora, o sangue, o piano! O que será que estão tentando contar? Estaria tudo entreligado?

'' As palavras ruins penetravam em mim, Empurram com força a tampa de um baú de sentimentos enterrados no mais profundo de minha alma.''

Vanessa é uma personagem complexa. As suas relações sociais sempre giravam em torno de não ser desagradável. Sorrisos forçados, abraços falsos, felicidade aparente. Ela preferia os livros, poucos amigos. As suas partituras. Mas jamais era grosseira. Era gentil. Amava sua Tia, que sim! Era sua verdadeira mãe de coração. Sua prima, tão brilhante e espontânea, o completo posto dela. Acreditava que quem nunca espera nada de ninguém... nunca se desaponta!

''Você tem a si mesma, e isso basta.''

Porém, Vanessa se sentia vazia, era um vazio que sempre esteve presente nela, juntamente com a presença cinza. Dominada pelo medo, reprimia suas emoções, sua tristeza, sua solidão.
Vanessa era apática, pálida para sua própria vida.

''Aquela presença era minha velha conhecida. Eu observava as pessoas felizes enquanto ela me observava. As princesas dos livros cor-de-rosa eram assombradas pela bruxa má, rainha má, ou madrasta má. Eu tinha uma mãe má, mas ela não era minha vilã como aquelas dos livros. Era como se a vilã fosse a presença cinza, era ela quem fazia tudo acontecer... Minha vilã cinzenta.
- Foi um erro voltar aqui - pensei em voz alta.''

A Obra aborda a Depressão.
Essa presença silenciosa e destrutiva. As pessoas confundem a depressão com loucura, quando ela é uma doença. Uma doença que muda a pessoa, que faz elas se transformarem na sombra delas mesmas. Um fantasma do que um dia foram. Uma morte em vida!

O tema é abordado brilhantemente. Os sentimentos são palpáveis, as descrições expressivas, repletas de cargas, sentimentos, medos, segredos, fantasmas e histórias.
Ninguém tem noção do quanto uma pessoa pode guardar dentro de si mesma!

''Quando uma dor pede para levar embora suas lembranças ruins, ela leva também a parte boa. Arranca as raízes de tudo que você lembrava ser. Foi isso que me aconteceu. A dor me levou a parte boa de minha infância, e só deixou um vazio enegrecido para trás. Eu fora feliz em minha maneira silenciosa. Uma menina quieta e sensível que compunha músicas e não sabia como desenhar as partituras tendo que aprender sozinha.''

Falando sobre os personagens!

Valéria. A mãe de sangue de Vanessa. Com certeza saudável não é! É uma doente, além do seu vício em álcool, vejo mais que doença nela, ela é egoísta, vaidosa, manipuladora, uma daquelas pessoas que trazem somente coisas ruins e pesadas para os outros ao seu redor.
Mas principalmente ela é CRUEL. E a crueldade dela machuca, choca e mexe com você quando está lendo.

Marcos. O pai de Vanessa. Esse homem é imundado pela culpa. Marcos se culpa por ter deixado Vanessa ir embora, quando ela mais precisou dele, depois da tragedia que aconteceu com essa família, as coisas ficaram pesadas e ele teve que escolher entre ajudar a mulher ou a filha. A filha acabou indo ser criada por sua irmã. E agora Marcos tenta concertar seus erros. Depois de dois quase infartos, tenho que desabafar com vocês, que pensei que esse homem iria dar um ''treco'' durante a parte final. Foram muitas emoções pesadas, e olha! Se não infartou ali, não infarta mais! Eu gostei muito de Marcos. Ele é uma pessoa boa, Um homem gentil, que teve muito azar com seu destino e algumas más escolhas.

''Ao longo da vida nós percebemos que grande parte de nossos ideais são meros disfarces mentais, que as verdadeiras respostas estão submersas em uma camada misteriosa que separa nossa consciência de todas as verdades dolorosas.''

O LIVRO É LINDO! Ele trata de um tema pesado, mais é feito com uma sensibilidade e uma beleza que é muito difícil expressar em palavras. Um dos MELHORES livros que li esse ano. Com certeza. Acho que qualquer pessoa, mesmo que nunca tenha tido depressão, vai se identificar ou se sensibilizar em alguma parte da obra. Eu senti a angustia da personagem durante a leitura, senti seu medo, sua culpa, sua solidão. E doeu, como se fosse em mim mesma. Esse é um livro que faz você refletir sobre sua vida, mas não me deixou triste, ele me fez agradecer por tudo que eu tenho, ele me fez enxergar como temos a força e o desespero dentro de nós. A libélula e o cinza... A vilã cinzenta. Como podemos ser os grandes algoses de nós mesmos. Como o grande vilão pode estar dentro de você!

Amei as metáforas, amei a linguagem poética, bonita, sensível. Sorri, me envolvi, chorei - chorei muito! Uma Canção para a Libélula, fala do significado da vida, do seu sentido. E de como cada pessoa tem a necessidade de encontrar o seu!
Mais que indicado! LEIAM!

''As pessoas ficam impressionadas com os melhores.
Mas elas não sabem: eles são loucos; cheios de cicatrizes.
Eles caem, até o nada.
(...)
A vida havia ido embora de mim, enquanto isso a morte me sorria ao pé da escada. batia palmas à minha apatia.''

''Compreendi que sua alma procurava significado e não beleza.''

Paula Juliana

site: http://overdoselite.blogspot.com.br/
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