Caroline Gurgel 29/06/2014Fantástico! Fuckintastic! Não sei se a raiva maior é não ter lido antes ou ter sido tão estúpida ao ignorar um livro que semana após semana, mês após mês, continuava na lista dos dez mais vendidos do New York Times. A capa de
Hopeless nunca me foi convidativa, era como se me afastasse daquela leitura e nem sei dizer porque. Eu havia lido há um bom tempo a trilogia
Slammed (ou Métrica) e há poucos dias li
Maybe Someday, que me encantou, me surpreendeu e me fez vir correndo para esse aqui.
Antes tarde do que nunca!
Mais uma vez a sinopse é "péssima", no bom sentido. Se, por um lado, ela não faz jus ao livro, por outro, ela guarda todas as surpresas - que não são poucas! Então, digo, não procure saber de nada antes do tempo, confie na Colleen Hoover, ela não decepciona.
Colleen fuckintastic Hoover, I love you!! Brilhante!
Começamos a estória conhecendo
Sky e sua melhor amiga e vizinha
Six, que está prestes a embarcar para um intercâmbio na Europa. Sky tem dezessete anos e sempre foi educada em casa, longe de qualquer tecnologia ou meio de comunicação, já que sua mãe adotiva,
Karen, era avessa à tudo isso. As duas amigas eram bem namoradeiras - na realidade, Sky sempre namorava o amigo de quem quer que estivesse com sua vizinha. Só tinha um pequeno problema: ela não sentia nada, absolutamente nada, por aqueles garotos. Até que um dia, no mercado, vê
Dean Holder e sua vida começa a tomar um rumo que ela jamais imaginara (nem você, caro leitor, nem você...)
Confesso que nos primeiros capítulos eu me perguntava onde estava a Colleen Hoover que eu aprendera a amar. Seu estilo estava ali, assim como seu humor e sua leveza, mas tudo parecia muito bobo, muito comum, e cheguei a pensar que se tratava de um romancezinho adolescente. Que erro! Aprendi que jamais devo subestimá-la!
Estava tudo muito fofinho, muito doce, diálogos ótimos e divertidos, mas faltava algo. Não, não faltava, mas só descobri depois! Cada pequeno gesto, cada comportamento, cada palavrinha dessa primeira parte "bobinha" tem um sentido e se encaixa perfeitamente na trama incrível que a autora criou. Quando você começa a achar que é só um romance e pronto, vem a Colleen e, puft, lhe quebra no meio.
E você perde o fôlego! Fica tentando supor o que tudo aquilo significa e reza para estar errada, reza para estar completamente errada.
Não, Colleen, você não vai fazer isso comigo, vai? Vai.
A partir daí eu nem sei mais o que eu sentia. Continuava amando Sky e Holder, continuava sorrindo com eles, olhando as estrelas, entrelaçando os dedos, me apaixonando por cada linda declaração... continuava encantada! No entanto, tudo isso era quase segundo plano se comparado aos muitos elogios que eu gritava sozinha para a autora.
Colleen, você é fantástica! (Acrescente aí muitos outros elogios "feiosos" que saíram involuntariamente da minha boca). A cada página virada meus olhos brilhavam, mesmo com o tema pesadíssimo, com a perfeita trama que ela criou, desde a personalidade, o caráter e o comportamento dos personagens até os jogos de palavras e seus significados.
Fiquei um pouco "incomodada" com a maturidade de Holder, que parece já ter vivido muito mais que seus dezoito anos, mas isso não chega nem perto de ser um defeito. Tenho consciência de que as pessoas reagem às situações que a vida lhe impõe de diferentes formas, ganhando experiência e maturidade que não podem ser generalizadas. Digo isso em resposta a um comentário que li na Amazon (com apenas uma estrela) que questionava o comportamento de Sky, dizia que pessoas "como" ela não reagem daquela forma na vida real. Concordar com isso seria afirmar que somos todos iguais, todos robôs com comandos de reação pré-programados. Sky e Holder não são máquinas nem tampouco são jovens comuns.
Minha única ressalva foi a tradução, e sei que criticar é fácil, mas traduzir está bem longe disso. Recomendaram-me que eu lesse Hopeless em inglês e que eu entenderia o porquê quando o fizesse. Então resolvi fazer uma leitura comparativa, experiência que há muito tempo eu queria fazer (mas a preguiça ou a ansiedade sempre falava mais alto), e abri o original em inglês e a versão brasileira ao mesmo tempo (e surtei!). Essa autora adora brincar com as palavras e seus significados, elas são peças de um jogo muito bem construído e desenvolvido, e muito disso se perde na tradução, deixando tudo um pouco menos mágico e brilhante do que é, a começar pelo título, que jamais deveria ter mudado. Simples notas de rodapé teriam dado ao leitor mais fidelidade àquilo que a autora quis dizer, e não entendo qual a dificuldade nisso. Mas, esqueçamos esses detalhes...
É uma história super emocionante, que vai lhe deixar com um nó na garganta e os olhos marejados, que vai lhe fazer ter vontade de assassinar um personagem com as próprias mãos e extirpar do mundo cada um que se pareça com ele. É uma linda história que comove e que, apesar de triste, dá esperanças de que tudo um dia pode dar certo. A autora consegue - como sempre - trazer leveza a um tema pesado, humor aos momentos difíceis e muita compreensão e amor para curar as feridas e a dor. Faz isso com muita perspicácia e delicadeza, sem parecer que está minimizando ou desdenhando de um tema doloroso e sério. Como em todos os seus livros, entramos em uma montanha-russa cheia de curvas, aros e espirais, mas, dessa vez,
Colleen Hoover, você se superou! Linda, belíssima, maravilhosa história de amor e amizade. Intenso, forte... imperdível!