Igor 05/05/2024
Ser jovem
Por algum tempo, fiquei decepcionado com "Aristóteles e Dante". Eu achava que este seria um romance gay fofinho, romântico, daqueles que aquecem o coração. Fiquei decepcionado ao ver que não era exatamente isso que o livro trazia. Bem, tirando as minhas próprias expectativas para com o livro e apenas deixando ele fluir como se propõe, fiquei admirado: este é, além do que um livro com temática LGBTQIA+ sim, um livro sobre amadurecimento, sobre estar ali naquela corda bamba de estar deixando de ser um pré-adolescente e se tornar um adolescente, quase adulto.
O livro é verossímil e poético ao conseguir retratar tão bem o amadurecimento dos personagens. O que me pegou bastante foi a passagem de tempo: o livro mergulha sobre verões dos protagonistas, e é nítido a diferença que um verão tem do seguinte. A questão de já não se ter mais todo tempo livre do mundo, não poder mais fazer as aulas de natação no verão, ter que trabalhar, aprender a dirigir, encontrar seus amigos, seu grupo social, aqueles que você confia e passa tempo junto, e ainda lidar com despedidas... tudo isso compõe muito bem o talvez angustiante e cru rito de passagem de amadurecer. Acho incrível como o autor, que escreve em 1ª pessoa, consegue ser tão fidedigno ao sentimentos dos jovens protagonistas do livro.
Dito isso, a leitura flui bem. Nenhuma jornada ou personagem secundário está fora da linha, sem um desenvolvimento necessário. Falando nisso, é legal também neste livro a atenção e olhar que ele têm para os personagens adultos, que são pessoas que carregam, sim, suas dores do passado, e vivem como podem, de acordo com sua singularidade.
"Aristóteles e Dante descobrem os Segredos do Universo" é uma bela surpresa, e o final é uma das melhores coisas que esta obra apresenta, nos deixando ainda com um gostinho de quero mais, de ansiedade para descobrir o que vêm a seguir na história destes dois jovens mexicanos.