Futuro Passado

Futuro Passado Reinhart Koselleck




Resenhas - Futuro Passado


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marcelinho 18/02/2024

Continuo minha jornada nos estudos em teoria da história. Dessa vez li Reinhart e a teoria da história dos conceitos, e outros apontamentos que estão nesse livro.

Infelizmente não entendi bem. Foi uma leitura difícil e cansativa. Percebi que, para entender bem Koselleck, tenho que ter um mínimo de conheço da língua alemã e como eles entendem a história e historiografia.
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Karinne 28/03/2023

História dos conceitos, história social, horizonte de expectativa e espaço de experiência.. algumas questões interessantíssimas apresentadas e discutidas por Koselleck.
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Bruna 24/05/2021

Livro maravilhoso!!! Uma imensa contribuição para a historiografia, e que faz refletir sobre nossas práticas De historiadores.
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Naiara 15/01/2013

Algumas notas sobre "Futuro Passado"
Reinhart Koselleck, historiador alemão, trás em sua obra, “Futuro Passado – contribuições à semântica dos tempos históricos” a história dos conceitos e sua relação com a teoria. O tempo para ele é uma construção cultural que age de modo específico em cada época relacionando o passado experimentado com o horizonte de expectativas futuras, suas possibilidades. Seu livro, composto por ensaios, retrata a trajetória historiográfica do autor, estudioso das transformações que sinalizaram para a modernidade em fins do século XVIII. A tese do autor é que entre as décadas de 1750 e 1850 a linguagem europeia sofreu transformações capazes de ressignificar termos tradicionais adaptados para o momento. Pois percebe-se que a linguagem se modifica com os diversos processos.
O autor inicia seu livro com a seguinte pergunta: “Que é o tempo histórico?” Ao passo que afirma ser uma das respostas mais difíceis de se contemplar no campo da historiografia. Para ele, o próprio conceito de tempo histórico deve ser posto em dúvida. Assim, o autor buscou investigar de que forma uma dimensão temporal do passado se relaciona mutuamente com a dimensão temporal do futuro em um dado presente. Para suas análises, se utiliza de conceitos da antropologia colocando experiência para passado e expectativa para o futuro. O tempo histórico para ele é constituído quando do processo determinante de distinção entre passado e futuro. Na análise dos conceitos, Geschichte (História) tem significado predominante, pensado pelos Iluministas ao observarem a complexidade da “história de fato” ou da “história em si”, as quais deixam crescentemente escapar pressupostos de experiência a essa mesma experiência. Dessa forma, nos dedicaremos aqui à observação dos três últimos capítulos da segunda parte do livro, intitulado “Sobre a teoria e o método da determinação do tempo histórico”.
O capítulo intitulado “Representação, evento e estrutura” nos apresenta que o problema da representação enquanto narração e descrição é direcionada para várias dimensões temporais. Sobre esses tempos históricos afirma que seus níveis de extensões temporais não se interpenetram. A sua tese consiste em que eventos só podem ser narrados ao passo que estruturas são descritas, apesar de ambos não serem analisados ou dispostos em total distancia um do outro. A estrutura, aceita pelo que foi proposto na história social, é dita pelo autor como “história estrutural”. As estruturas ultrapassam o campo das experiências registradas cronologicamente, elas são amplas, capazes de integrar as mais diversas experiências de eventos cotidianos. No campo da experiência do movimento histórico, estrutura e evento adquirem diferentes extensões temporais. A estrutura se aproxima do campo da descrição e o evento, da narração. Ambas se articulam para que o evento preceda a estrutura. De outro lado, estruturas de longo prazo permitem possibilidades para que eventos ocorram. Contudo, após analisadas e descritas, as estruturas podem virar objeto de narrativa.
Ainda neste capítulo o autor nos apresenta uma conclusão da relação da representação com as dimensões temporais subordinas a ela afirmando: a) os planos temporais nunca se fundem por mais que se relacionem reciprocamente; b) dependendo da investigação um evento pode ter significado estrutural; e c) “duração” pode se tornar evento. Para Koselleck a história seria diminuída se se propusesse somente a narrar, sem uma análise estrutural. Evento e estrutura podem ser “abstratos” ou “concretos” dependendo do nível temporal em que se situam. Evento e estrutura só podem ser representados a partir da utilização de conceitos históricos que permitam a compreensão e conceitualização do passado. Os conceitos trazem os significados passados e suas possibilidades estruturais.
Ao final do capítulo Koselleck percebe então mudanças na utilização do provérbio História magistra vitae (trabalhado por ele na primeira parte do livro, capítulo 2. O termo foi criado e utilizado por Cícero, orador helênico, no intuito de designar como o historiador entende o seu objeto e a sua produção). As estruturas se mostram cada vez mais instáveis e os eventos não mais visto como podendo se repetir – fatores que permitiram a utilização de um novo termo para a História (Geschichte), desbancando a História magistra vitae.
No segundo capítulo, O acaso como resíduo de motivação na historiografia, analisa, de modo geral, como o acaso aparecia em diversas obras historiográficas e como, ao longo do tempo, foi se modificando, tanto o seu uso num texto quanto a maneira que o historiador se apropriava. O acaso é uma categoria a-histórica, que se encontra prioritariamente no presente. Sua utilização na historiografia marca uma inconsistência de dados, a enunciação de algo hipotético ou uma avaliação pessoal sobre um evento. Acaso é situado pelo autor no mesmo campo de Fortuna ou Sorte, dentro do campo mítico e evitados a partir do momento de surgimento da história moderna.
Para análise do que foi o acaso num trabalho histórico, Koselleck pega a obra de Von Archenholtz, colocado como um dos historiadores da Prússia mais lido, mas que se encontra censurado desde o século XVIII, quando a ideia de acaso começa a ser banida da história. Na sua obra, sobre a Guerra dos Sete Anos, encontramos diversos exemplos de acaso, os quais acabam por pressupor uma narrativa causal, como se estivesse destinada para tal acontecimento. Para Archenholtz a invocação do acaso era uma maneira de reproduzir a perspectiva de seus contemporâneos. Dentre os trechos analisados por Koselleck, o último é a explicação de Archenholtz a respeito da derrota de Kolin. A afirmativa de que o desfecho fora decidido pelo acaso, era o momento, segundo Koselleck, em que se assinala a superioridade austríaca e o ataque aos saxões.
Com o século XIX, história elimina qualquer resquício de acaso por implicações teológicas, filosóficas ou estéticas, relacionadas ao novo conceito de história. Humboldt, analisa Koselleck, viu que eliminar o acaso não mostrava especificidades na história. Ela é ímpar por sua busca pelo novo, o inédito, de forças internas associadas às externas e indissociáveis das circunstâncias presentes. Apesar dessa nova história querer excluir tudo que tenha cunho teológico – ou mesmo as reflexões literárias e estéticas também tenham feito – o acaso é ainda historicamente necessário. Pois, como diz o autor: “a motivação residual não é mais ocultada pelo acaso; o que acontece é que a teoria dessa história moderna, na medida em que ela se desenvolve no século XVIII, lentamente, exclui a priori a motivação residual. Tanto o theologuomenon [palavra de origem grega que significa constructo teológico pessoal, fantasia teológica particular ou idiossincracia teologia] da singularidade de tudo que é terreno, sob os olhos de Deus, quanto a categoria estética da unidade interna da história foram integrados à moderna filosofia da história, resultando no conceito moderno de história (Geschichte)” (pág. 159).
O último capítulo é intitulado Ponto de vista, perspectiva e temporalidade – Contribuição à apreensão historiográfica da história. É certo que a história busca transmitir a verdade, porém dizer que para alcançá-la é preciso defender algum ponto de vista é algo dos tempos modernos. Atualmente a história toma algum ponto de vista, mas ela precisa, além de fazer afirmações verdadeiras, admiti-las e relativizá-las. A história busca se defender apresentando êxitos com seus novos métodos (como por exemplo a diversidade de fontes) e criticando o subjetivismo e o relativismo.
O autor mostra a partir de algumas metáforas, a exemplo da do espelho, como se exigia uma história capaz de mostrar a verdade intacta. A partir da expressão “apolis” mostra que o historiador deveria ser neutro, e imparcial, fato que perdura até o momento do surgimento da história moderna – responsável pelo novo conceito de história (Geschichte). A esse respeito afirma o autor: “As metáforas do espelho, do reflexo ou da verdade nua, todas referentes à visão contemporânea, baseavam-se no fundamento das experiências próprias da qualidade do tempo presente, o qual, em sua concepção historiográfica, valia-se do recurso aos testemunhos oculares. O historiador foi a obrigado a interrogar, em primeira instância, testemunhos oculares, e, em seguida, testemunhas auditivas sobreviventes, de modo a poder investigar fatos e atos verdadeiros” (pág. 167). O historiador, portanto, auxiliado pela retórica, a poética, dentre outras, se torna um artista, mesmo quando é colocado na posição de receptor, condutor de interrogatórios e capaz de se manter imparcial e distante.
Em seguida, o autor situa a discussão a partir de Chladenius, o qual pensa a testemunha ocular como autêntica, observando o desenvolvimento das noções de histórias futuras e “velhas histórias” a partir da multiplicidade de histórias das diversas gerações coexistentes. A velha história inicia quando os testemunhos morrem. Assim, ambas deixam de serem pensadas a partir de uma ordem temporal, elas são determinadas por seus desejos e questões surgidas de hoje. Para o autor, portanto, Chladenius fundou a modernidade ao articular o tempo da história com o ponto de vista. Para ele, a história é fragmentada por uma visão perspectivista que lhe rende duas conclusões: a relatividade com o julgamento e com a experiência; e, a partir da análise do testemunho e do comportamento social e político, uma perspectiva da investigação e da representação da história. A partir de sua teoria o campo testemunhal pode se ampliar e o historiador pode passar à “produção” da história: “avaliar as causas, acompanhar circunstâncias de longo prazo, alterar a disposição do começo e do fim de uma história; pôde esboçar sistemas mais adequados à complexidade das histórias do que a mera adição de conhecimento” (pag. 171).
Chladenius coloca ainda a história perspectivista como cada vez mais adentrando o tempo, fato que lhe permite articular a história do passado, presente e futuro. Assim, o passado pode ser revisto de uma maneira nova e o tempo histórico pôde ir conseguindo consolidar a experiência. Além disso, concepções metodológicas e o próprio fazer historiográfico alteraram as dimensões temporais. O passado passou a ser observado por procedimentos críticos e, ao levar em conta o tempo, ela se tornou uma disciplina investigativa. Ao mesmo tempo, ela observa que os eventos são singulares e não mais possíveis de repetição. A história passou a ser vista, então, como progressista e o historiador passou a poder criá-la. A verdade histórica não mais podia se separar da perspectiva temporal.
O partidarismo (assunto tratado no item IV), estruturas políticas pertencentes ao campo cotidiano e ressignificados a partir da Revolução Francesa e seus conflitos sociais, se tornaria um fator próprio da história – a partir deste momento ela não mais podia ser acusada de parcialidade. Muito menos, o ato de tomar partido, esgotaria a história, pois era perceptível manifestações e processos de longa duração tomados adiante pela luta partidária. Além disso, começou a ser percebido por alguns pensadores, a exemplo de Perthes, que a história cada vez se acelerava mais, fato que impedia ao historiador exercer o seu ofício. Pois o ritmo em que a história andava não conseguia ser acompanhado pela historiografia.
Para finalizar o capítulo, o autor traz a campo uma tensão na qual o historiador se encontra, em uma teoria da história de um lado e acerca da realidade das fontes do outro. O conhecimento histórico é mais que a fonte e a história não é idêntica a fonte. Assim, a ciência histórica leva indagações às suas fontes capazes de permitir a articulação de uma série de eventos que se situam além do que está posto do documento. Sua exegese se dá quando o historiador passa a observar processos e estruturas de longo prazo. É nesse momento que necessitamos da teoria, pois, afirma o autor, “Decidir sobre a interpretação de uma história sob o ponto de vista teológico ou econômico não tarefa relacionada à pesquisa de fontes, mas sim a uma questão de premissas teóricas. Só, a partir do estabelecimento dessas premissas é que as fontes começam a falar” (pág. 187). Ou seja, auxiliados por uma referida teoria, é que as nossas questões – as quais possibilitam a construção de hipóteses necessárias para a condução da pesquisa – poderão ser respondidas nas fontes. Para finalizar sua reflexão citamos:
“Uma fonte não pode nos dizer nada daquilo que cabe a nós dizer. No entanto, ela nos impede de fazer afirmações que não poderíamos fazer. As fontes tem poder de veto. Elas nos proíbem de arriscar ou de admitir interpretações as quais, sob a perspectiva da investigação de fontes, podem ser consideradas simplesmente falsas ou inadmissíveis. Datas e cifras erradas, falsas justificativas, análises de consciência equivocadas: tudo isso pode ser descoberto por meio da crítica de fontes. As fontes nos impedem de cometer erros, mas não nos revelam o que devemos dizer” (pág. 188).
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André Sekkel 17/07/2009

Futuro Passado
Este livro é uma coletânea de artigos que tratam, de modo geral, de um tema comum: responder a questão "o que é o 'tempo histórico'"? Koselleck nos explica melhor seus objetivos: "Todos os testemunhos atestam a maneira como a experiência do passado foi elaborada em uma situação concreta, assim como a maneira pela qual expectativas, esperanças e prognósticos foram trazidos à superfície da linguagem. De maneira geral, pretendeu-se investigar a forma pela qual, em um determinado tempo presente, a dimensão temporal do passado entra em relação de reciprocidade com a dimensão temporal do futuro.
"A hispótese que se apresenta aqui é a de que, no processo de determinação da distinção entre passado e futuro, ou, usando-se a terminologia antropológica, entre experiência e expectativa, constitui-se algo como um 'tempo histórico'" (Prefácio, pp.15-16).
Cada presente teve seu modo de ver o passado e o futuro, que certamente influenciou as tomadas de decisões políticas, econômicas, bélicas etc. O tempo cristão, escatológico, que prevê sempre o fim do mundo, o tempo de Santo Agostinho, é um tempo que não tem nada de novo. Ou melhor, tudo é novo para o indivíduo que vive esse tempo, mas como ele é apenas a experiência de deus na Terra nada do que ele vive é inédito, portanto a perspectiva de mudança, de um futuro, está no dia do Juízo Final, que é o fim dos tempos, a volta ao Paraíso.
O assunto é bem complicado, mas o primeiro artigo, "O futuro passado dos tempos modernos", é esclarecedor. Koselleck parte da análise do quadro A Batalha de Alexandre, de Albrecht Altdorfer, pintado em 1528. O tema do quadro é a Batalha de Issus, ocorrida no ano de 333 a.C., marco do começo da época helenística. Ao contemplar a pintura, Koselleck nota que os persas assemelham-se aos turcos, que no ano da composição do quadro sitiaram Viena. "Em outras palavras, Altdorfer captou um acontecimento histórico que era, ao mesmo tempo, contemporâneo para ele. Alexandre e Maximiliano (Altdorfer pintou o quadro para este último) assemelham-se de maneira exemplar. O espaço da experiência nutria-se, portanto, da perspectiva de uma única geração histórica". "Não se trata de eliminar arbitrariamente uma diferença temporal; ela simplesmente não se manifesta como tal" (p.22).
Trezentos anos depois, Schlegel, quando viu o quadro pela primeira vez, foi tomado por uma perplexidade sem limites. Ele é capaz de distinguir o quadro tanto de seu tempo quanto da época antiga, representada na pintura. "Grosso modo, nos trezentos anos que o separam de Altdorfer, transcorreu para Schlegel mais tempo, de toda maneira um tempo de natureza diferente daquele que transcorrera para Altdorfer, ao longo dos cerca de 1.800 anos que separam a Batalha de Issus e sua representação" (p.23). Agora, como fazer este estudo, como entender essa aceleração do tempo que, neste caso, passou mais rápido em 300 anos (de 1500 até 1800) do que em 1.800 (300 a.C. até 1500 d.C.)?
Papel fundamental para a pesquisa de Koselleck é o campo da História dos Conceitos. É esse o ramo teórico que permite ao historiador captar o tempo histórico de cada período. Ao longo dos 14 artigos reunidos no livro, um conceito assume um papel destacado. Justamente o conceito de História; em alemão, História era Historie, que designava a narrativa, o relato de um evento. Ao longo do tempo o termo foi substituído por Geschichte, que designava o fato em si. Porém, quando Geschichte passou a ser usado no lugar de Historie, o conceito juntou o sentido de fato, acontecimento, com o de relato, narrativa. "A história [Geschichte] adquire então uma nova dimensão que escapa à narratividade dos relatos, ao mesmo tempo que se torna impossível capturá-la nas afirmações que se fazem sobre ela" (p.49).
Além de desenvolver uma teoria da história, voltada para a história dos conceitos, Koselleck procura afirmar o papel positivo que esse campo da história tem, podendo ajudar pesquisas em outros campos, como no da história social (o mais desenvolvido). Ele explica: "Na exegese do tecxto, o interesse especial pelo emprego de conceitos político-sociais e a análise de seuas significações ganham, portanto, uma importância de caráter social e histórico. Os momentos de duração, alteração e futuridade contidos em uma situação política concreta são apreendidos por sua realização no nível lingüístico. Com isso, ainda falando de modo geral, as situações sociais e respectivas alterações já são problematizadas no próprio instante dessa realização lingüística" (p.101).
Grosso modo, esse estudo dos conceitos contribui para o historiador não cair em anacronismos, como muitas vezes acontece com os historiadores das idéias, que pegam um conceito, ou uma idéia, e procuram ver no tempo e no espeço onde ela aparece, quase sempre de maneira inalterada. Ao contrário, a história dos conceitos procura entender as mudanças das estruturas de pensamento através da exegese textual, ou seja, através do estudo histórico dos conceitos. Além de dar uma segurança maior ao historiador, evitando o anacronismo, a história dos conceitos permite chegar a problematizações que, do ponto de vista da história social, estão escondidas.
Aqui procurei tratar de Futuro Passado com uma visão panorâmica, sem me deter nos detalhes teóricos e metodologicos que o autor desenvolve em cada artigo. Contudo me restringi a comentar três artigos, "O futuro passado dos tempos modernos", "Historia Magistra Vitae - Sobre a dissolução do topos na história moderna em movimento" e "História dos conceitos e história social", respectivamente.
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