Bruna.Adenice 22/04/2024
É sobre ter empatia...
Há anos tenho curiosidade em ler esse livro, mas vimha adiando e não sei exatamente porquê...
Vamos lá, a história é narrada do ponto de vista de uma garota de dez anos que possui TEA. Ela e seu pai estão enfrentando os desafios de lidar com o luto com a morte de seu irmão.
É interessante ler a obra pelo ponto de vista da personagem, especialmente porque quando vemos histórias com personagens TEA dificilmente se narram a partir de sua ótica e isso aqui fez toda a diferença.
Temos aqui uma personagem que tenta driblar preconceitos, indiferenças e frustrações. Vemos o quão é dolorido ser respeitado na sociedade em meio às diferenças.
"Passarinha", mostra os desafios de se inserir pessoas TEA no ambiente escolar e, acima de tudo, mostrou a importância da empatia para lidar com aquilo que lhe é diferente.
Temos aqui uma personagem que sofre com barulhos, que tem dificuldade em fazer contato visual e de socializar. É uma pessoa que vê o mundo "preto e branco" e faz questão de enfatizar isso ao não colorir os desenhos que faz.
Os desafios da garota em fazer o pai superar o luto pela morte do filho são, sem dúvidas, um dos pontos altos da obra.
Destaco também que a narrativa buscou enfatizar comportamentos comuns ao dia a dia de pessoas com TEA numa linguagem acessível, o que corrobora para a compreensão de leigos sobre o assunto.
Essa obra se torna de grande valia por fomentar a importância do respeito e da empatia, por desmistificar preconceitos ao dar voz à esse público.
Embora seja uma história curta e com uma linguagem simples, pode servir de aporte para discussões acerca da inclusão no espaço escolar. Será que, de fato, ela existe? E como fazer para tentar entender os anseios dessas pessoas?
Aliás, creio que a leitura dessa obra no ensino fundamental poderia servir não somente para coibir o bullying e o preconceito, como também para mostrar aos outros discentes a importância de se incluir o colega TEA em seu cotidiano.
Ah, e a história também mostrou, de uma maneira simples, que uma ajuda psicológica adequada é fundamental para que se possa lidar com o trauma do luto.
Confesso que, embora seja uma obra incrível, esperava um pouco mais, ainda mais pelo auê que vários booktubers fizeram nos últimos tempos. Acho que poderia ter explorado mais os acontecimentos, pois em alguns casos a narração era rasa. Porém, talvez deva ser essa a intenção, uma vez que é narrada por uma criança de dez anos com TEA.
Para quem curtiu "Extraordinário", acredito que possa gostar muito da vibe dessa história, pois ambas abordam a questão da inclusão, superação e preconceitos e as duas se passam em boa parte do tempo na escola e contam com a presença de um pai super presente e dedicado. São bem semelhantes, mas eu fico com "Extraordinário".