Ju 03/12/2013PassarinhaCaitlin perdeu a mãe há bastante tempo e, recentemente, seu único irmão, Devon, foi vítima de um atirador na escola. A garota tem a síndrome de Asperger (aposto que ela ficaria bem irritada com o termo "menina autista" na sinopse), e seu irmão era a pessoa que mais a entendia, seu porto seguro no mundo. A síndrome tem como algumas de suas características a dificuldade de interação social e também o não entendimento de ironias ou metáforas. Caitlin precisa que todos sejam muito claros com ela, mas nem sempre isso acontece. As pessoas na escola a veem como "a esquisita".
"Às vezes eu leio os mesmos livros uma vez atrás da outra. O bom dos livros é que as coisas do lado de dentro não mudam. (...) Livros não são como pessoas. Livros são seguros."
Ela é mesmo diferente. Super inteligente, adquire conhecimentos com muita facilidade e tem uma memória espetacular. Não é fã de esportes, passa todo o tempo do recreio sozinha. Às vezes tem algumas explosões que seu pai chama de PIB - Piti Incrivelmente Barulhento -, embora gritos e muito barulho a irritem. É fascinada pelo dicionário e sempre procura demonstrar a SUA educação.
Passarinha me deixou com um nó na garganta desde a primeira página. É o meu tipo de livro, emocionante do início ao fim. Amei acompanhar o progresso da Caitlin em sua trajetória de superação. Superação tanto da tragédia que abalou sua família quanto de sua dificuldade de relacionamento com o mundo. A felicidade que ela demonstra ao fazer o primeiro amigo é contagiante. Sorri junto com ela nesse momento e em vários outros. E, quase no final da história, chorei. Mas foi um choro de gratidão e de alívio por tudo ter terminado bem.
"Devon diz que se é muito difícil quer dizer apenas que a gente tem que Trabalhar Nisso."
A orientadora de Caitlin na escola tem um papel muito importante nas conquistas da garota. Seria maravilhoso que toda criança encontrasse um suporte desse tipo. Uma pessoa em quem confiar; que estivesse sempre pronta para encontrar novas formas de agir e que, assim, conseguisse se aproximar de uma maneira que deixasse a criança que ela quer ajudar bem à vontade. O pai da Caitlin é uma pessoa maravilhosa também, mas está tão desolado que não consegue reconhecer e suprir todas as necessidades de sua filha, pelo menos naquele momento.
"Embora eu não achasse que iria gostar da empatia ela é uma coisa assim que chega sem avisar e faz você sentir um calorzinho gostoso no Coração. Acho que não quero voltar para uma vida sem empatia."
O trabalho gráfico do livro está fantástico. A capa é perfeita, a Caitlin é retratada muito bem. O título, aparentemente dourado, adquire todas as cores do arco-íris quando o livro é movimentado. A caixa alta, usada eventualmente, tem um significado. E os diálogos foram colocados todos em itálico, sem travessões. Não encontrei erros de ortografia.
Passarinha conta uma história mais que linda. É impossível não se apaixonar completamente pela Caitlin. Recomendo demais a leitura do livro, ver o mundo pelos olhos dela com certeza me fez muito bem.
"A vida é especial.
Quer dizer... que não sou só eu que sou especial? Tudo na vida é?
Isso mesmo.
Acho que a boa notícia é que todo mundo vai ter que aguentar ser especial porque todo mundo está vivo."
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