Rafaella 05/04/2014Pretty Girl-13 conta a história de Angela Chapman, ou Angie, como fazia todos os verões ela foi para o acampamento de bandeirantes. Entretanto, quando as férias acabaram, ela não voltou.
Durante três anos Angie ficou desaparecida, as buscas duraram três meses, mas pararam pois as esperanças para reencontrá-la acabaram. Um dia, ela aparece na rua de sua casa apenas com uma sacola na mão e sem nenhuma lembrança do acontecido. Para ela, ainda tem 13 anos e passou apenas tempo perdida na floresta.
Angela não reconhece a jovem que olha para ela no espelho, magra, abatida, com músculos mais desenvolvidos e com vergões vermelhos no braço e nos tornozelos. Não tem ideia porque está usando roupas tão diferentes das quais costumava usar e nem de onde apareceu o anel que ela usa na mão esquerda.
“Deixou a sacola cair, surpresa, e examinou sua mão esquerda. Havia algo totalmente errado ali. Esta não era sua mão. Aqueles não eram seus dedos. Estes dedos eram mais longos, mais finos que os dela. E um estranho anel de prata ornava seu dedo médio. A pela era seca e áspera. Cicatrizes escuras circundavam seus pulsos como braceletes. Ela virou a mão direita, estudando as rachaduras e calos não familiares em sua palma. Experimentou fechá-la. Aquilo pareceu... errado.” (pág. 11)
Para tentar responder tantas perguntas e recuperar parte da sua vida Angie começa a fazer terapia. Lá ela conhece a dra. Lynn Grant, uma psicóloga muito bonita, mas também muito competente, que faz de tudo para ter sucesso no trabalho, mas que também se preocupa com as vontades e decisões de Angie. É no consultoria da psicóloga que Angie descobre que desenvolveu Transtorno de Identidade Dissociativa (TDI) como uma defesa natural que o seu cérebro criou para sobreviver ao trauma que passou.
O Transtorno de Identidade Dissociativa (TDI), anteriormente chamado de Transtorno de Múltipla Personalidade, é um mecanismo de defesa. Quem sofre desse transtorno pode se separar dessa maneira quando estão sob condições externas de abuso emocional, físico ou sexual. O medo e a dor pertencem a uma personalidade alternada, chamado alters, poupando a pessoa primária, mas deixando lacuna de horas, dias ou mais em sua memória. Os alters podem ter diferentes idades, sexos diferentes e sexualidades diferentes, isso depende da necessidade que o cérebro tem no momento.
O livro efetivamente vai mostrar a maneira como a Angie vai lidar com essa nova condição, ter personalidades diferentes querendo se manifestar em alguns aspectos da sua vida. Ela irá conhecer os alters e é a partir deles que vai descobrir cada coisa que aconteceu com ela durante o tempo perdido.
A história foi muito bem escrita e bem desenvolvida. Angie e cada um de seus alters tem uma personalidade bem desenvolvida, cada um tem seus próprios problemas e seus próprios traumas e a maneira que cada um lida com isso, e a maneira que a própria Angie lida com isso, é bem interessante.
O livro é dividido em três partes, as duas primeiras são contadas em terceira pessoa, já a terceira e última parte é contada em primeira pessoa. Essa escrita acompanha o processo de desenvolvimento da personagem. Entretanto, apesar das duas primeiras partes serem em terceira pessoa, Angie domina a narrativa.
A edição da Benvirá está muito bonita, a capa é muito bonita e tem tudo a ver com a história e a editora manteve o nome original. Além disso, o trabalho de diagramação também foi muito cuidadoso. Durante a narrativa nos deparamos com diferentes fontes, indicando os diferentes alters se manifestando, isso ilustra ainda mais, que cada alter é uma entidade separada, com sua própria forma de escrever, falar, pensar e tudo mais.
Achei a leitura bem fluida e ágil, é um livro que trata de um assunto bem sério, mas de um modo mais atenuado. O livro é uma ficção, mas misturada elementos da vida real. A autora fez um estudo bem detalhado sobre o TDI e deixa uma nota no final do livro falando um pouco mais sobre isso. Existem diferentes livros autobiográficos sobre o assunto, e um dos que eu tenho bastante vontade de ler é “Hoje Eu Sou Alice” de Alice Jamieson. Portanto, Pretty Girl-13 é um excelente livro YA que cumpre muito bem seu papel de informar o seu público alvo sobre o TDI, como se desenvolve e como conviver com ele.
Esse foi um livro lido para o Desafio Literário Skoob 2014 pelo tema de Abril: Livro escrito por mulher.
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