PorEssasPáginas 13/11/2013
Resenha A Outra Vida - Por Essas Páginas
Quando saíram os lançamentos da Novo Conceito, A outra vida me chamou muita atenção. Mas como vocês sabem, nós dividimos os livros e esse era muito mais parecido com a Karen. Mas ela ficou com medo do livro ter romance “mimimi” e não focar na distopia (como aconteceu com Estilhaça-me) e por isso eu fiquei com o livro. Porém, como gostei bastante dele, a Karen resolveu ler e TCHARAM – teremos resenha dupla! Essa resenha vai ser especial porque nós temos a opinião de uma pessoa muito medrosa (eu) e uma veterana de livros de terror (Karen).
Sherry está em um abrigo com seus pais, sua avó e seus dois irmãos mais novos. O motivo? Um vírus muito contagioso havia afetado quase todas as pessoas em Los Angeles. As pessoas infectadas se tornavam mutantes que a gente poderia até comparar com zumbis se não fossem certas características diferentes. Eles possuem pelos no corpo e lacrimejam um líquido pelos olhos, que fazem com que eles pareçam estar sempre chorando. Mas é claro que, assim como os zumbis, eles comem pessoas. Na verdade, eles comem qualquer tipo de animal – é só dar bobeira. A família de Sherry estava esperando notícias dos militares, avisando quando eles poderiam sair. Mas o rádio não dava mais sinal e depois de mais de 3 anos trancafiados, a comida acaba. Sherry e o pai tem que sair do confinamento para conseguir algum alimento. Mas a situação se complica quando o pai de Sherry é atacado pelos mutantes e ela é salva por Joshua…
Os primeiros capítulos são bastante introdutórios, mas já são tensos, começando com uma briga entre os pais de Sherry dentro do abrigo por causa da falta de comida. Aqui, sob a visão em primeira pessoa de Sherry, conhecemos sua família e nos ambientamos com o que aconteceu e como eles vivem. É uma narração bem Y.A., então, meus caros, vistam sua capinha de quinze anos porque esse é um livro bastante adolescente.
Como todo mundo já sabe, eu não leio muitos livros de suspense/terror porque sou muito medrosa. O que me chamou atenção em A outra vida foi a possibilidade de termos um livro de “zumbis”, mas que não fosse tão forte. Os personagens principais tem em torno de quinze anos e, portanto, o livro tem uma característica muito marcante de livro jovem adulto. Mas, mesmo assim, ele continua com aquele clima de “fim do mundo”, “o que vamos fazer?”, “somos os únicos sobreviventes?”, “quanto tempo iremos aguentar?”. Sim, porque em A outra vida o foco é nesse mundo dominado pelos mutantes. Tem cenas de luta, cenas com sangue, cenas nojentas, cenas doloridas… Para quem está acostumado com terror, pode ser que elas sejam “leves”. Mas, no meu caso, eu fiquei na pontinha da cadeira durante a leitura e fiz “Ewww” em algumas partes – mas nada que me fizesse desistir do livro. Muito pelo contrário: eu precisava saber o que iria acontecer depois.
Aliás, o romance não é o ponto central do livro como sugeria a sinopse: ele ficou completamente no background. Mas então a sinopse está errada? Não sei. Talvez a autora tenha escrito assim para poder transmitir a ideia de um livro jovem adulto. Eu gostei do pouco de romance que foi trabalhado e sinceramente, não senti falta dele, porque eu estava completamente presa nas cenas de ação.
Gostei muito do foco ser na sobrevivência, nos mutantes e no mundo destruído. Como a Lany me alertou, o livro não era mesmo um romancinho mimimi, era realmente sobre zumbis – na verdade, os “Chorões” – e o romance ficou como um pano de fundo, um a mais no livro, e gostei disso. No entanto, me senti incomodada lendo o livro e, pasmem, não foi por causa de romance, mas sim pelas cenas de ação/luta/sobrevivência. Na verdade, por causa de todo o clima do livro: calma, gente, eu explico.
O que me deixou irritada foi que o livro passa uma sensação entediante de segurança, algo que não dá para sentir em um livro do gênero, especialmente de fim do mundo/apocalipse zumbi. Mas como assim, Karen? A Lany acabou de dizer que algumas cenas são nojentas! Sim, elas são. Mas não são angustiantes: pelo menos eu não fiquei com medo em nenhuma delas. Os Chorões foram criaturas incríveis, mas o que eu senti durante toda a história é que a autora não queria matar ninguém no livro. E, realmente, ela só mata uma pessoa (sério, só uma pessoa morre em um apocalipse zumbi?! COMO ASSIM?!) e fiquei com a má impressão de que esse personagem era descartável e foi criado com o único propósito de ser morto. Uma coisa é você criar um personagem já morto na história (para o background de um personagem), outra coisa é você criar um personagem que você já sabe que vai morrer e outra coisa muito diferente é você desenvolver um personagem, fazer o leitor amá-lo e depois matá-lo. Mas isso deve ser feito porque um mundo como esse não é seguro. Ninguém pode estar seguro e, se o leitor tem essa sensação… bem, o terror vai embora e sobra outra coisa no livro que certamente não é horror. Esse personagem que morreu… bem, ninguém vai sentir sua falta. Na verdade, nem no próprio livro, pelos personagens, ele será lembrado. Faltou desenvolvimento, conexão emocional e sentimento quando ele morreu. O que ficou para mim é que não foi uma grande perda e que todos os personagens realmente importantes continuam lá.
Um detalhe que eu gostei bastante no livro foi que antes de cada capítulo tínhamos um trecho da vida de Sherry antes das mutações começarem a ocorrer. Somado com o relato da protagonista sobre como era viver enclausurada, eu conseguia sentir o desespero da protagonista. Eu comecei a me imaginar em um Apocalipse Zumbi e fiquei muito desesperada – porque eu não conseguiria aguentar muito tempo. E a explicação para o vírus foi ótima! Concordo em gênero, número e grau aqui com a Lany. Gostei muito dos pequenos capítulos com “a outra vida” de Sherry e gostei MESMO da explicação para o vírus. Foi ótimo, foi ficção científica e foi muito inteligente. No começo gostei também da personagem ficar contando os dias/horas/minutos para coisas que ela ficou sem, que ela não fazia mais… Mas depois de um tempo isso se tornou um pouco cansativo. A autora utilizou o recurso demais e o esgotou. É como contar a mesma piada várias vezes: uma hora perde a graça.
Apesar de ter amado o livro, eu tenho uma grande crítica a fazer. Ele é o primeiro livro de uma SÉRIE. E POR QUE EM NENHUM LUGAR ESTÁ ESCRITO ISSO? (Cara, eu também detesto isso. É tão irritante. Por quê? POR QUÊ? Mas dessa vez não fiquei irritada, mas só porque a Lany já tinha me contado essa tragédia antes que eu lesse. rs). Sério, fiquei com muita raiva quando cheguei no final e percebi que a história não tinha sido finalizada. Nós ficamos sabendo de uma informação bombástica, que eu até tinha pensado, mas não esperava que fosse acontecer porque o livro estava acabando. Ou seja, A Outra Vida não é aquele tipo de série que você lê o primeiro livro e depois se quiser não lê o resto. O enredo dele realmente continua no segundo livro (para quem leu, ele é bem parecido com A Seleção, da Kiera Cass). É claro que fiquei curiosa para ler a continuação, mas… Eu queria saber que ele não era livro único.
Enfim, A Outra Vida não está nem perto (não mesmo!) de ser o melhor livro de zumbi já publicado, mas é uma ótima leitura para quem não se aventura muito nesse universo! Eu diria que é um bom livro para que gosta de Y.A. e nunca leu muito sobre zumbis, ou é medrosa… Oi, Lany! HÁ! Agora, se você já é meio hardcore no assunto… Melhor deixar passar.
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