isa 04/04/2021#6Pensei um pouquinho antes de resenhar sobre esse livro porque no fundo eu me conectei várias vezes com o Cam e eu não queria ser de todo injusta, mas me incomodou profundamente a forma como as personagens femininas foram retratadas nessa história. Não sabia que era uma trilogia e li esse primeiro, não sei se isso prejudicou meu entendimento da estória em algum aspecto, mas o fato é que não acho satisfatório ler uma estória aonde uma personagem feminina só existe pra "salvar" o mocinho. Octavia não tem passado (foi citado um trauma dela 2x no decorrer do livro, e uma das vezes foi em um momento totalmente desnecessário, mais uma vez para reafirmar a índole de Cam e como ele era "diferente dos outros"), não tem sonhos, não tem desejos, suas relações familiares não foram aprofundadas e tudo que foi contado sobre ela parece ter sido até meio idealizado e fetichizado pelo Cam. Era a menina excêntrica que tocava gaita no cais e guardava um segredo. No cinema existe nome para esse tipo de personagem feminina que só existe em prol do personagem masculino principal, chama "manic pixie dream girl", e eu acho que ela se encaixa perfeitamente nessa categoria. Uma pena, pois achei uma personagem cheia de potencial e queria saber mais sobre ela.
O ponto forte do livro é sem duvidas a escrita, tem muitas passagens belíssimas e que conversaram muito comigo, anotei minha preferida:
"A gente pode fazer qualquer coisa quando não é real. Quando é real, não há nada para conter a queda. Nada entre você e o chão, e, naquela noite no parque eu nunca me senti tão real. Nunca me sentira tão sem controle. Parecia ser como era e como sempre seria"