Pandora 19/01/2015Hummm... vamos lá: para mim é um livro de grandes pontos positivos e negativos.
1º: Grania é uma chata de galochas, insuportável mesmo. É grosseira com a mãe, infantil e injusta com Matt, mimada por todo mundo. Até Aurora é mais sensata do que ela! Fico me perguntando como a autora consegue criar personagens - em geral os da fase antiga - tão cativantes e outros tão detestáveis (as protagonistas da história moderna). Dos três livros de Lucinda que li, a menos antipática é Emilie de la Martinières, de A Luz Através da Janela. Mas Lucinda tem um mérito: os personagens são críveis, a gente realmente consegue concebê-los como pessoas reais, acreditar em seus gestos, suas atitudes e aceitar seus pensamentos.
2º: Só eu que acho esta autora muito machista?
Pág. 289: "- Bem, como eu disse há um minuto atrás, você é uma boa influência para Aurora. A mãe dela não era do tipo que se poderia chamar de doméstico." Oi???
Pág. 416: "(...) Ele preparou um café e encontrou um pãozinho velho na geladeira. Charley não cozinhava - eles só tinham comido pratos para viagem nas últimas duas semanas - e Matt sentia água na boca ao se lembrar da deliciosa comida irlandesa que Grania lhe servia regularmente." Se ele queria uma boa comida caseira, por que não cozinhava? Em pleno século XXI, em que tudo é dividido entre um casal, incluindo as contas, ainda se acha que cozinhar é uma obrigação da mulher?
Pág. 489: "(...) ela também sabia que muitos casais conseguiam acomodar suas diferenças de criação. E a maioria das mulheres parecia gostar de ser levada por seu príncipe, Grania suspirou. Então por que ela não conseguia ser assim?" Levada por seu príncipe? Há!
3º: Adorei a parte antiga, como aconteceu nos livros anteriores. E gostei mais ainda que a história foi contada em duas ou três grandes partes, não ficou alternando tanto entre passado e presente. Isto me deixou mais interessada.
4º: Gostei MUITO do final. Superou minhas expectativas e me fez relevar uma porção de coisas que achei exageradas e inverossímeis. Como Grania largar sem olhar para trás um casamento de oito anos com um homem que amava por causa de uma coisa que ouviu e nem cogitar esclarecer as coisas com o namorado, mas viajar para a Suíça para encontrar-se com um quase desconhecido sem titubear. E por aí outros pequenos absurdos. Mas se a gente aceita a história como um grande Conto de Fadas contado por uma adolescente à beira da morte, ok. Como se justifica a própria Aurora: "Mas se, em qualquer momento da minha história, você achou que comentei sobre meus personagens de uma perspectiva romântica e ingênua, será que me perdoa? Tenho 16 anos de idade. (...)"
Sim, Aurora; eu te perdoo. :))