Lauraa Machado 24/04/2020
Poderia ter sido bem melhor, mas até que é fofo
Nota verdadeira: 3,5.
Sempre que alguém te disser que não é preciso pensar muito sobre a base de uma história, sua ambientação e o universo em que se passa, mostre a eles esta série. Vou mostrar quando reclamarem que eu passo meses pesquisando e decidindo religião, língua e geografia das minhas histórias. Não importa quão bons o segundo e o terceiro livro dessa série sejam, o primeiro começou sem uma base sólida e bem pensada, e seus defeitos contaminaram a história inteira até este daqui.
Esta resenha está vindo de uma releitura, então pude relevar muita coisa da qual não gostei no começo. É bem por isso que arredondei minha nota para quatro estrelas e dei três e meia. Talvez o livro merecesse menos de três, mas isso depende do quanto você se incomoda com os grandes defeitos dele. Vamos lá?
Primeiro, aqueles que vêm do começo da série. Tem tanto furo na criação do mundo, tanto problema na ambientação, na geografia e na história de como o país chegou aonde está, que mesmo a autora tentando e muito consertar, só ficou pior. Eu poderia explicar todos eles, mas não tenho tempo nem paciência para isso. Nesse ponto, prefiro fingir que não existem do que ficar apontando cada detalhe incoerente. Dá trabalho demais e nem vale a pena.
Além disso, apesar de achar os questionamentos internos da America e do Maxon bastante lógicos, principalmente para dois adolescentes, muito da história poderia ter sido resolvido se os personagens fossem mais honestos e conversassem. Dá para ver que a autora empurrou o enredo o máximo que conseguia para que a seleção durasse mais, e esse desenvolvimento forçado não foi muito legal.
Mas talvez o pior seja que toda reviravolta da história cai por terra logo em seguida por algo besta. Todos os problemas do livro, absolutamente todos os conflitos, por menores que sejam, foram resolvidos do nada e tirados da "jogada" para que os personagens não tivessem que resolvê-los eles mesmos. Isso é trapaça, sabe. Eu gostaria mais de ter visto eles lidando com cada um, mesmo que o problema fosse só duas pessoas gostando da mesma e uma tendo que aceitar que não ficaria com ela. Não tinha a menor necessidade de forçar essa resolução.
A resolução deus ex machina e o papel da America no conflito final? Trapaça revoltante.
A parte boa é que o livro é fofo, que tem algumas frases bacanas e que o final é bem de conto de fadas, o que era o esperado para a série. Também gostei bem mais durante a releitura, provavelmente porque não tinha como me decepcionar quando eu já esperava tudo que viria. Mas minha nota verdadeira é 3,5 e o segundo continua sendo meu favorito. Queria tanto, mas tanto que tivessem aproveitado todo o potencial dessa ideia! Mas pelo menos minha frustração ficou para trás.