spoiler visualizarLiddy 18/01/2015
O fim de uma era... ou quase isso.
Os pontos negativos mais visíveis na obra, em minha opinião, seriam:
1º — a falta de cuidado com a cronologia de eventos. Em muitas ocasiões o personagem se fere, ou empreende uma jornada, ou necessita fazer longas pesquisas sobre seus alvos; mas somos privados da oportunidade acompanhar esses processos na integra. Não são poucas as vezes em que nos perguntamos quando, onde e como exatamente determinada coisa aconteceu. Semanas, meses e anos se misturam facilmente e, se não fossem os avisos ocasionais do autor sobre a passagem dos anos, seria impossível notar a separação entre os tempos dos eventos.
2º — a narrativa quebra nos momentos mais inconvenientes. Para ser franca isso acontece principalmente no início da história, mas não deixou de ser um fator incomodo.
3º — os cenários e eventos poderiam ter recebido uma atenção maior. É claro que não vou exigir uma narrativa no estilo Tolkien com cenários pitorescos e longas descrições... mas, vá lá, um pouquinho mais de carinho com os detalhes não teria desagradado ninguém e ainda teria deixado a narrativa mais charmosa (e o Ezio bem que tinha um caráter mais romântico que combinaria perfeitamente com uma narrativa mais elaborada).
4º — personagens tratados como NPC’s. Eu entendo perfeitamente bem que o livro é baseado em um jogo, nunca pensei o contrário, mas será que precisava ser tão óbvio? Será que não havia outra maneira de abordar os personagens, algo que não passasse a impressão de estarmos lendo um tutorial? Veja o que querido Yusuf como exemplo. Ele poderia ter sido apresentado de n maneiras diferentes sem corromper o caráter do personagem, e sua história pessoal teria rendido ótimas páginas extras... só que tudo que temos é um tutorial de como andar pela cidade e saltar pelos prédios. Um desperdício doloroso.
O livro, apesar de tudo, contou com algumas (boas) surpresas.
A narrativa melhorou consideravelmente e o autor se mostrou mais preocupado em trabalhar as emoções do protagonista, tornando-o mais humano aos olhos do leitor. Encontramos um Ezio mais sábio, castigado pelas preocupações, fatigado pelas pressões de comandar a irmandade por tantos anos e desejoso de encontrar um destino menos turbulento que aquele propiciado pelo trabalho de Assassino. A mudança foi bastante agradável nesse quesito, embora feita de modo superficial.
O desenvolvimento do romance foi algo que me deixou dividida — parte de mim queria rir até cuspir os pulmões (o homem tinha uns 60 anos e parecia mais inseguro que um virgem!) e a outra parte simplesmente sentou e assistiu a coisa toda se desenrolar com a paciência de uma santa (mentira, eu pulei algumas páginas só para ver como ia ser e aí voltei e continuei a ler normalmente) — e até hoje acredito que o ponto mais positivo da parceria entre Ezio e Sofia foi o relacionamento deles ter se baseado em algo mais que alguns poucos encontros acidentais (Altair que me perdoe, mas nunca vou entender como ele acabou casando com a Maria se tudo que faziam quando estavam juntos era tentar matar um ao outro).
E aí chegamos à cena mais linda de todo o livro, o momento dramático perfeito, a aparição mística que me fez chorar como uma louca na frente do computador: o encontro do Ezio com o Altair (ou com os ossos do Altair, para ser mais exata). Gente... na moral, foi lindo... assim, dava para ser melhor, mas tá show mesmo assim.
Quanto ao fim (o fim mesmo) da história, eu preciso perguntar: alguém sabe quem sentou ao lado do Ezio quando ele passou mal? Eu tenho três suspeitos e queria saber se faz sentido pensar neles...