A Maldição de Long Lankin

A Maldição de Long Lankin Lindsey Barraclough




Resenhas - A Maldição de Long Lankin


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Albarus Andreos 12/03/2013

Ótimo Livro!
Sabe o que acho mais legal num livro de terror? É a originalidade de se criar uma nova criatura e isso funcionar como livro de terror. Sim, uma criatura sinistra e feroz, imbuída de alguma animação sobrenatural e demoníaca. Long Lankin é o monstro em questão. Essa é a criatura engendrada por Lindsey Barraclough, uma professora de música que mora em Londres com o marido e os cinco filhos (somente uma mãe experiente para imaginar o que seria a perda de um filho, para criar esta história terrível, baseada numa canção folclórica inglesa). Imagine o bicho-papão, o que ele é? O que faz? Por que é temido? Lindsey vai entregando aos poucos, como uma verdadeira especialista em incutir o sobrenatural debaixo de nossas cobertas, à noite, quando estamos meio dormindo e ainda meio acordados, e de repente temos a sensação de que aquilo está rastejando na escuridão, em algum lugar ali dentro, conosco

E como um “bom” bicho-papão, Long Lankin ataca crianças, e das pequeninas ainda. É sorrateiro e covarde, ignóbil e... invencível. Ah, sim. Várias pessoas já tentaram deter Long Lankin, mas ele sobrevive. Ficou uma vez pendurado na forca por dois dias e não morreu. Foi atacado com fogo, e quem foi consumido pelas chamas foi seu caçador. Long Lankin foi o amante de uma bruxa e se alimenta da força vital das criancinhas, ele as captura e devora, com seus dentes amarelos.

Por que as pessoas gostam de livros de terror? Bem, essa pergunta já deu origem a inúmeras teses de doutorado. Não é minha intenção explicar isso nessa resenha, mas o clima denso que as histórias sobrenaturais carregam parece influir numa boa leitura. Há muito de psicológico para fazer um texto de terror e isso funciona muito bem em A Maldição de Long Lankin (Bertrand, 2013).

Cora e a irmãzinha, Mimi, foram parar exatamente onde não deveriam. Bryers Guerdon é o local onde um dia Long Lankin surgiu, centenas de anos atrás. Muitas criancinhas foram levadas por ele e Ida Eastfield, a tia avó das meninas, sabe bem o que é isso. Quer de todo o jeito devolver as crianças para o pai, mas ele não pode cuidar delas devido ao trabalho e pelo fato da mãe estar internada num manicômio (e aqui vai uma reprimenda forte à editora Bertrand pela tremenda bola-fora, já que a orelha do livro diz que a “mãe morreu”. Cabe a editora ler o livro que publica para que não cometa erros burlescos como esse).

A casa assombrada em questão, é Guerdon Hall, localizada próximo a um pântano. Estamos em 1958, a Inglaterra ainda se recobra dos bombardeios infligidos pelos alemães na Segunda Guerra Mundial. Cora a Mini, apesar da rejeição da tia fazem amizade com dois meninos do local, Roger e Peter. É encantador como Lindsey Barraclough consegue nos transmitir o ambiente de brincadeiras, brigas e mau humor das crianças, o relacionamento de umas com as outas, suas travessuras e curiosidade explosiva. Lindsey só pôde escrever esse livro sabendo bem o que as crianças fazem, pensam e como agem. É um retrato absolutamente fidedigno. O transporte para a infância funciona tão bem que nos metemos na lama, brincando com elas e só então nos apercebemos que estando juntos também para o medo, o perigo é quase real! Somos uma das crianças que Long Lankin pode pegar, rastejando de quatro como um cão.

A autora consegue transmitir a tensão que Cora sente ao investigar o mistério. Por que o pai as deixou, ela e a irmã, naquela casa horrível, caindo aos pedaços, sempre com as janelas fechadas com tábuas e pregos? Por que deve ficar sob os cuidados de uma velha, inamistosa e mal-humorada, que as quer longe dali? Cora quer ir embora também. Tem que cuidar de Mimi, sendo que ela mal tem idade para cuidar de si própria. Ela sofre com isso e sente raiva. Além de tudo, há fantasmas na casa! Cora leva o leitor junto dela para os corredores escuros e quartos fechados. Estamos com ela e Roger quando descobrimos que um crime horrível foi cometido ali dentro. Entretanto, algumas peças começam a se encaixar.

O livro é escrito curiosamente em primeira pessoa, saltando aleatoriamente de Cora para Roger, ou deste para Ida Eastfield e Cora. Cada capítulo traz o nome do narrador. Um ponto contra é que isso não parece ser muito útil à trama. A mudança de foco não muda nada já que não mostra exatamente a visão do personagem sobre o assunto, como poderia sugerir, mas se constitui apenas numa sequência dos acontecimentos do capítulo anterior, geralmente de forma linear. Parece, no final, um artifício meio sem função. Já um ponto interessante, é que para dar uma sensação de temporalidade, quando Ida fala de um outro tempo, quando ainda era solteira, seu nome aparece nos títulos como Ida Guerdon, e não Eastfield. Se isso fosse algo mais utilizado, justificaria melhor a mudança de narrador-personagem adotada pela autora, de um capítulo para outro.

Tia Ida quer que as meninas evitem a igreja, quer que elas permaneçam com as portas fechadas. Por quê? É onde Cora nos leva nas suas investigações entremeadas com os momentos de frieza que uma menina pode ter ao ser abandonada e maltratada. Ela se torna forte, sem querer, e Roger é seu arrimo. Ele é quem abre as portas para Cora ir adiante, um ajudante nas suas aventuras. É Roger quem apresenta seu vilarejo para a menina, as pessoas com quem falam e que vão acrescentando novos elementos à trama.

Ficamos aterrorizados quando vamos caminhando no livro, muito bem escrito. Vamos descobrindo a origem de Long Lankin, descobrimos porquê Guerdon Hall é assombrado, e porquê Ida Eastfield age como um bruxa velha e malvada. Na verdade, o mal que a aflige é o mesmo que levou a mãe das meninas ao manicômio. E este é o mal que quer levar Mimi, se Cora não puder evitar.

Ficamos de respiração contida acompanhando o desenrolar dos fatos. Até chegarmos ao final, eletrizante. Um ótimo livro juvenil de terror. Ótima opção para uma leitura envolvente e prazerosa.
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Literatura 29/01/2013

O folclore ganha vida
Sou um leitor fissurado em livros de horror. Sério, fico preso entre as páginas tenso, à meia-luz, sendo conduzido pelo clima denso que um bom livro deste gênero pode trazer. O verdadeiro escritor sabe viajar entre o real e o sobrenatural, dando o verdadeiro arrepio na pele muito antes do monstro aparecer.

E Lindsey Barraclough se revelou perita em criar essa atmosfera no seu livro de estreia. A maldição de Long Lankin (Bertrand, 443 páginas) leva o leitor para a década de 50, em uma cidadezinha no interior da Inglaterra esquecida por Deus e pelo restante do mundo. Lá conhecemos Cora e Mimi, duas irmãs que vão enviadas pelo pai boêmio para viverem com sua tia-avó, Ida.

Mas Ida esconde segredos. E as duas meninas, junto a Roger, um menino do vilarejo, trazem não só estas lembranças trancadas à tona, mas algo muito perigoso está de volta. Um ser que é mencionado apenas em cânticos folclóricos antigos. E enche todos de terror e medo.
Espíritos antigos, vozes e mistérios povoam a vida de Cora e Mimi. O ser misterioso deseja algo com Mimi e Cora tem de descobrir a verdade, antes de ser tarde demais...

Esta obra me dividiu nas mais variadas opiniões. Durante o decorrer da sua trama fui tomado pela presença demoníaca do vilarejo de Bryers Guerdon. Graças a excelente narrativa da autora, vi a tensão crescente se avolumar dentro de mim e se trancar em um grito mudo, dentro da minha garganta.
Senti-me muitas vezes em um clima parecido com A volta do parafuso, do mestre Henry James. Apesar de ser ambientada em pleno século 20, tem todo um ar antigo, estagnado, como se tudo se passasse em pleno século 19. Construía com frequência as personagens principais com longos saiões, banhadas sobre lamparinas e quando via um carro entrar na trama ou algum traço de modernidade, tratava de desconstruir minha imaginação teimosa.

A casa de Tia Ida é um espetáculo à parte. Mistura entre a casa de Usher de Edgar Allan Poe com a decaída mansão de Estella, vinda diretamente de Grandes Esperanças. Um local todo trancado, embolorado, cheio de sombras e retratos sombrios figurando entre as paredes. É lá que ouvimos a sombria canção de fala do sinistro Long Lankin pela primeira vez, através de uma voz espectral capaz de arrepiar os mais céticos. É nela que Ida, em minha opinião a melhor personagem da trama, desvenda a nós os mistérios de sua vida e daquele ambiente amaldiçoado.

Veja resenha completa no site:
http://goo.gl/MyFSq
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Ju Oliveira 23/01/2013

Arrepiante, assustador!
Nem sei direito por onde começar a resenha desse livro tão assustador. Então começo dizendo: É sinistro, literalmente!

Cora e sua irmãzinha Mimi, são enviadas ao isolado vilarejo de Bryers Guerdon, nos arredores de Londres. Após a doença de sua mãe, seu pai não viu outra opção a não ser enviá-las a passar um tempo com sua tia avó Ida. Mas as meninas não foram muito bem recebidas.

Com a chegada das irmãs, tia Ida é tomada pelo medo e por lembranças terríveis que devastaram sua vida anos atrás. A chegada das meninas, despertou um mal a tempos adormecido.

Elas odeiam tudo em Bryers Guerdon, principalmente a grande casa velha habitada por tia Ida. Uma casa enorme, caindo aos pedaços, poeirenta, úmida, que nunca é aberta e o que é pior, extremamente assustadora. Logo na primeira noite na casa, Cora ouve vozes, uma música sinistra, passos se arrastando pela casa, enfim, sua primeira noite é uma tormenta.

Só o que ameniza um pouco sua tristeza e saudade de seus pais, é a amizade que fez com o menino Roger e seu irmão mais novo Pete. Os quatro se tornam inseparáveis e juntos tentam descobrir porque as meninas não são bem vindas na casa da tia-avó e também em Bryers Guerdon, já que todos os outros moradores do vilarejo as olham com desprezo e evitam sua presença.

Mas o que eles não imaginavam, era o quão terrível seriam essas descobertas, que envolvem mortes de criancinhas e até uma terrível criatura que apavora a região a muitos e muitos anos: o Long Lankin.

"Movendo-se devagar, sorrateiramente, aproxima-se de um ponto iluminado pela lua perto da cerca de arame. Embora o formato seja de um homem alto, rasteja como um animal..."

O pavor de Cora aumenta ainda mais quando ela descobre que quem corre maior perigo é sua irmãzinha Mimi.

"É como se o mundo que eu conhecesse tivesse ido parar em outro lugar e eu não sei como me comportar neste. Não tem luz, a não ser a luz da tempestade, e a casa tem vida na noite que me envolve."

Arrepiante! Sensacional! As descrições dos ambientes lúgubres como a casa, o cemitério, a igreja, é tão "real" que praticamente dá pra se sentir o cheiro de mofo, umidade e poeira no ar... é impressionante. Realmente nunca tinha lido nada tão assustador, principalmente de madrugada, de arrepiar mesmo!

A história toda foi criada a partir de uma antiga cantiga folclórica que fala sobre assassinato, bruxaria e vingança. Muito bem escrita, numa linguagem muito simples e direta, os capítulos são narrados por Cora, Roger e tia Ida. Apesar de ter mais de 400 páginas, a leitura flui num ritmo acelerado, pois a cada página o terror aumenta e os mistérios a serem desvendados também.

Fãs de histórias de suspense e terror, irão se arrepiar com a lenda do terrível Long Lankin. Super recomendo!

Mais resenhas em: http://juoliveira.com/cantinho
Fernando Souza 23/01/2013minha estante
muito boa sua resenha, agora estou curioso para desvendar este mistério. Mais um livro para minha interminável lista.


Suh Pimentel 18/02/2013minha estante
ADOREI SUA RESENHA!
Quero muito descobrir esses mistérios por mim mesma ! AAh livro chega logo em cs *O*


GreiceG 22/08/2020minha estante
Obrigada pela resenha! Aumentou minha curiosidade ainda mais sobre a história.




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