PorEssasPáginas 31/05/2013
A Cuca Recomenda: Depois dos Quinze - Por Essas Páginas
Resenha original no blog Por Essas Páginas: http://poressaspaginas.com/a-cuca-recomenda-depois-dos-quinze-quando-tudo-comecou-a-mudar
Conheci o livro Depois dos Quinze e o blog com o mesmo nome, da Bruna Vieira, através da ação em conjunto que realizamos com a Editora Gutenberg. Logo que fomos convidadas para realizar a ação, fui pesquisar mais sobre a autora. Visitei o blog e achei incrível, peguei dicas ótimas lá, inclusive de uma lojinha japonesa que abriu em São Paulo (e fui visitar). Ou seja, já tinha um bom pressentimento quando recebi o livro para ler e resenhar.
Porém, como é um livro para adolescentes, entrei no clima, esperando textos de alguém nessa faixa etária e para essa faixa. E me surpreendi demais – para melhor!
O que encontrei nas páginas do livro de Bruna Vieira foram textos ricos, extremamente maduros, sensíveis e tocantes. A autora falacom simplicidade e sinceridade, de todo o coração, das coisas que todos, todos mesmo, vivemos e sentimentos em algum momento de nossas vidas. Impossível abrir essas páginas e não se identificar com os sentimentos que extravasam nos textos de Bruna.
“Então, se quer saber de mim, liga. Escreve. (…) Mas vê se não espera o destino te colocar de novo na minha frente. Talvez, quando isso acontecer, alguém já esteja do meu lado. E isso será um final feliz. O meu.”
A autora nos remete à infância, à adolescência e à juventude de maneira genial e sensível. Ela consegue penetrar no nosso coração, nas nossas lembranças e, contando suas experiências e o que sentiu ao vivê-las nos faz lembrar do que somos, do que vivemos e de como nos sentimos. Ler esse livro é também uma jornada de auto-conhecimento, assim como visivelmente foi para a autora no momento da escrita.
“Através da escrita, eu me livro do que já não me serve, me lembro do que ficou, do que não foi e penso no que ainda pode ser. Aquelas e estas palavras tão minhas, tão nossas, agora voam livres sem destino certo por aí.”
Isso é exatamente o que acontece. As palavras de Bruna saltam do livro e se transformam nas nossas palavras. Algumas vezes você se pergunta se ela sabe o que de fato já aconteceu conosco e então percebe que a vida é assim mesmo: todos têm seus problemas, todos passam por certas coisas, ninguém é sempre feliz ou infeliz.
Quem nunca associou uma música a alguém? Quem nunca desejou ser a pessoa da música favorita daquele amor? Quem nunca sentiu crescer a distância numa amizade, quem nunca quis dizer a uma querida amiga “Deixa disso, ele não te merece”, mas ela continuou lá, sofrendo… E quantas vezes ouvimos isso também? Quem nunca imaginou cenas que jamais existiriam, sofreu por lembranças que só ocorreram na nossa imaginação?
O único motivo pelo qual não dei a nota máxima para esse livro é porque ele termina com um conto que realmente não me tocou, apesar de ter uma mensagem legal no fundo. Não me identifiquei com a personagem, achei tudo rápido demais, várias coisas acontecendo muito depressa para que pudesse associar e sentir. Por isso prefiro muito mais as crônicas do livro. São fantásticas.
A edição é caprichosa: a capa é uma doçura e, dentro do livro, há algumas páginas com fotos da autora cheias de belos efeitos e frases de destaque dela. O papel é amarelado e grosso na medida certa, perfeito para leitura, e todas as histórias começam com o título em uma fonte estilizada que combina com o texto. Na orelha do livro tem um gatinho! Ah, adoro gatinhos! Ele lembra o gatinho da própria autora. E a capa, bem, vocês já perceberam que a imagem é uma caricatura muito fofa da Bruna. Achei super criativo.
“Acredito que nós somos tudo aquilo que vivemos ou sentimos. Deixar alguma coisa para trás não nos faz fortes ou maduros. Aprender a lidar com ela, sim.”
Bruna fala sobre amor, amizade, insegurança, crescimento, amadurecimento, sobre sentimentos… Tudo de uma maneira simples, sensível, arrebatada. É como se ela estivesse usando a escrita para arrancar todas as tristezas do peito – e é exatamente isso que a escrita faz. Mas não se preocupe: lendo esse livro você só vai se lembrar das coisas, mas não mais as carregará consigo em forma de mágoas. Porque isso é uma das belas lições do livro. Não é seguir em frente, mas sim lidar com tudo que aconteceu e usar isso como uma alavanca para sermos melhores. Tudo o que passamos não precisa (aliás, é impossível) ser esquecido: as nossas lembranças formam o que somos. O segredo é lidar com elas.