Agá

Agá Hermilo Borba Filho
Hermilo Borba Filho




Resenhas - Agá


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Marcelo 25/02/2023

Resenha disponível no Booksgram @cdllobooks ?
Confesso que não sei o que me atraiu nesse livro para gerar meu interesse em compra-lo. Estava passando na Livraria Cultura na Av Paulista (na semana em que anunciaram a falência) e me deparei com esse exemplar... Algo me chamou a atenção: não sei se a qualidade da edição, o título... não sei.

Não conhecia Hermilo. Nunca tinha lido nada dele. Trata-se de um autor pernambucano e que faleceu relativamente jovem (com apenas 58 anos). Mas a nota do editor e o prefácio nos dão a entender a grandeza desse autor e o quanto ele é conhecido em Pernambuco (tendo inclusive um teatro com seu nome.

Esse livro foi o ultimo trabalho do autor. Durante toda a leitura fiquei me pergutando... que gênero literário se enquadraria AGÁ? Não sei ao certo... mas arrisco dizer que o autor escreve uma certa forma ficcional em que cruza sua própria história com realismo mágico e até mesmo um pouco de distopia.

Para se ter uma ideia do teor do livro, eu posso dizer que o primeiro capitulo seria comparável à letra de Bohemian Rhapsody do Queen: Quase um sonho maluco onde o protagonista encontra diversas personalidades numa festa.

O personagem central (que seria o AGÁ ? H de Hermilo) vai assumindo diversas personalidades ao longo do livro. Cada capítulo é uma história diferente, embora muitos elementos se cruzem, como por exemplo a temática da ditadura.

A cada capítulo o personagem Agá se torna um personagem: deputado, embaixador, padre, guerrilheiro e até mesmo um hermafrodita que influencia os rumos da história mundial. Numa segunda parte intitulada ?O Livro dos Mortos? é apresentada uma espécie de HQ em que o autor apresenta diversas revoltas populares brasileiras.

O capítulo seguinte chamado ?O Livro das Mutações? é em formato de peça teatral em que parece apresentar ao público diversos roteiros de peças publicitárias que tenta os convencer de que a vida pode ser melhor com os produtos oferecidos.

Para terminar os editores incluíram nessa edição (chamada de ?Edição Vermelha?) um novo capítulo intitulado "Eu, o-morto-carregando-o-vivo" que havia sido incluído pelo autor nas primeiras e segundas versões do manuscrito mas que havia sido excluída da primeira publicação (denominada ?Versão Rosa?) onde o autor relata um tratamento do coração que fez em São Paulo ? sem deixar de misturar o relato real e a ficção). E esse capítulo é apresentado no livro em fotos das páginas datilografadas e corrigidas pelo autor.

Só acho que o livro envelheceu um pouco mal no conteúdo pois o autor prezava muito pela sexualidade, masculinidade, etc? então seus relatos, mesmo que fictícios, sempre o apresentam como um homem com um 🤬 #$%!& descomunal, como um homem com quem todos querem transar e inclusive um relato de uma relação sexual com uma menina de 10 anos.

Valeu a leitura. Foi uma experiência positiva para mim.
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Caio.Souza 31/01/2021

O absurdo, o grotesco e o real em Agá
Nunca havia lido nada de Hermilo Borba Filho. O autor pernambucano embora tenha sido importante figura do teatro brasileiro (tanto que todo recifense conhece o teatro que leva o seu nome) é um autor pouco lido e pouco comentado, até mesmo em Pernambuco. Uma pena.
O livro Agá além de muito bem escrito, é um livro de difícil classificação. A primeira parte do livro é composta por 8 capítulos onde o realismo mágico, a autoficção e a distopia se unem ao grotesco numa narrativa em que o personagem principal assume 8 papéis distintos em universos que se misturam e se entrelaçam. Com fortes críticas direcionadas as ditaduras latinoamericanas, aos EUA e a todas as injustiças do mundo, Agá - o personagem que dá título ao livro (e que seria o próprio Hermilo) - se torna deputado, embaixador, padre, guerrilheiro e até mesmo um hermafrodita que influencia os rumos da história mundial. Na segunda parte do livro, chamada de O Livro dos Mortos são narradas diversas revoltas populares brasileiras. A inventividade de Hermilo é tanta que esse capítulo é uma espécie de HQ ilustrada pelo grande pintor pernambucano Zé Claudio, algo inovador se considerado que o livro foi escrito no início da década de 1970.
O capítulo que se segue, O Livro das Mutações é em formato de peça teatral, gênero que Hermilo dominava magistralmente. Em seguida, em o Livro das Confissões, o livro volta ao ritmo da primeira parte e o personagem Agá retorna em tom onde confessional mistura-se com o mágico e é difícil perceber o que é realidade pessoal e o que é ficção.
Esta edição da Cepe possui ainda o capítulo intitulado "Eu, o-morto-carregando-o-vivo" o qual havia sido suprimido da versão original e que narra (mais uma vez misturando o real e o ficcional) a experiência de Hermilo com uma angina que o fez ir a São Paulo realizar um tratamento.
O livro, pelo seu experimentalismo, coragem e pela qualidade inquestionável da escrita merece muito ser lido.
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