Julielton 25/09/2014A Travessia é um livro que fala sobre fé, perdão, perdas, dor e principalmente sobre renovação. Pode parecer um livro que tenta pregar uma doutrina religiosa, mas distante disso é uma obra de ficção e que merece respeito.
Inicialmente a história nos apresenta Anthony Spencer ou Tony para os íntimos. Um homem marcado pela mão do destino, perdeu ainda cedo os pais e após passar por diversos orfanatos e lares adotivos acabou afastado do único parente vivo o irmão Jacob.
Mesmo com todos os percalços que encontrou Tony consegue prosperar na vida, forma uma riqueza exorbitante do nada e construiu o que todos diriam se tratar da vida perfeita. Mas, longe disso a vida que Tony levava era diferente da que demostrava para a sociedade, na verdade sua vida maquiada era apenas o que ele deixava os outros verem.
Casado duas vezes com a mesma mulher e divorciado duas vezes também, teve dois filhos. Gabriel e Angela. O primeiro filho foi o presente que Deus havia lhe dado, a tão sonhada família reconstruída, o filho perfeito. Porém após acontecimentos que vão além da compreensão de Tony e principalmente além do alcance de sua riqueza e fortuna, Tony perde a única pessoa que julgou amar na vida, destroçado o homem caminha a passos lentos em direção a destruição completa.
Avarento, odiado, paranoico, ridículo, são adjetivos que descreveriam facilmente o Senhor Anthony Spencer, após a fatídica perda, ações que o levaram ao como provocado por um tumor no cérebro, tudo parecia perdido, porém Deus reservava para Tony uma missão única.
Uma missão que inclui lutar contra a personificação de seus pecados, conversas com uma velha índia que gosta de ser chamada de Vovó e um Jesus que não teme lhe estapear o rosto, transportado para dentro do seu próprio coração Tony se vê lançado em uma corrida frenética em busca da redenção e quem sabe da salvação de seu coração e alma.
Porém Tony é uma pessoa descrente, que não confia nas pessoas e que decidiu que não havia ninguém no mundo que merecia seu respeito e atenção. Além de tudo o homem não acreditava em uma pós vida, acreditava apenas na morte, que aquilo era o fim e nada além disso.
Jesus oferece a Tony um presente que lhe parecia maravilhoso, a capacidade de curar alguém, uma única pessoa que poderia superar a pior das doenças e reverter o mais calamitante estado de saúde.
Nosso personagem se vê então em um dilema usar o presente de Jesus em si próprio e se livrar da doença que o jogou ali no meio daquela loucura, ou curar outra pessoa, um desconhecido, mas quem?
Durante essas batalhas ferrenhas e diálogos leves e calorosos a beira do fogo, Tony e jogado dentro de inúmeras pessoas, como o doce Cabby, a sofrida Molly, a destemida Maggie e bela Lindsay. Uma família atípica que luta contra os empecilhos em seus caminhos sem perder a fé.
Confesso que quando comecei a ler o livro me desanimei muito com William P. Young, inicialmente o livro é pesado, chato e a leitura segue arrastada. Levei três dias para ler cinquenta páginas, pois, qualquer desculpa era válida para abandonar a leitura.
Você acaba odiando Tony por ser tão estupido logo de início, mas depois de tantas repetições sobre o personagem você se vê apenas observando, seria a mesma coisa que assistir televisão no mudo.
Tony é detestável o que fez com a esposa e com a única filha é perverso, pra não dizer hediondo. E ainda há sua louca paranoia que o leva desconfiar de tudo se trancar em um quarto super protegido que nem mesmo ele pode burlar a segurança.
Porém após entrar em como, conhecer Jack, Jesus e Vovó a história começa a animar com a inserção dos outros personagens, o pastor e policial Clarence, a enfermeira Maggie, a mãe lutadora que é Molly, o jovem especial Cabby e a doente e triste Lindsay. Esses personagens são um caso à parte, sério não há como não se apaixonar por Maggie uma enfermeira solteirona que sonha com o belo e inteligente Clarence, que por sua vez é um policial dedicado e fiel a Deus. Há ainda o ingênuo e sensitivo Cabby um garoto portador de síndrome de Down que possui um coração de ouro e os mais belos olhos que alguém já descreveu.
Quando esses personagens são inseridos na história e Tony começa a acompanhar a princípio involuntariamente suas vidas tudo muda, melhora.
É alegria, comoção, revolta tudo junto em apenas quatro personagens.
E tudo isso provoca em Tony uma mudança sensacional que o leva a questionar seus princípios e todos os traumas que acumulou na vida.
Com um final surpreendente, mas totalmente previsível o livro vale a pena ser lido, e merece sua atenção, não por abordar a fé em um deus bondoso e seu filho que sempre perdoa, mas sim por abordar isso de forma tão leve e fluida que você se esquece que se trata de uma ficção religiosa.
Sobre a diagramação, espaçamento e margens, devo dizer que me decepcionei um pouco com o livro. Na verdade o livro pé evidentemente uma versão econômica, com margens e espaçamento mínimos, algo que dificulta e muito a leitura, por muitas vezes me perdi no emaranhado de frases e tive que reiniciar a leitura as vezes de um parágrafo inteiro.
Os capítulos são curtos o que ajuda a se situar enquanto lê, e sempre são iniciados com frases e citações de nomes importantes como: C. S. Lewis, Abraham Lincoln e Mark Twain.
Recomendo a todos e termino dizendo: Talitha Cumi.
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