Esdras 10/08/2017“ –Ninguém lhe contou que a dor vive nessas areias, cavada e regada com nosso sangue?”Todo ano, em meados de Novembro, ocorre na ilha de Thirby ' A Corrida de Escorpião'.
Nela, os rapazes vão por à prova a velocidade e o domínio sobre os seus cavalos, ganhar uma grana e destacar seu nome lá naquele vilarejo. Mas, esses são os menores dos desafios dela.
A corrida acontece na praia, à beira mar, onde vivem os temíveis cavalos do mar. O mais difícil é alcançar a linha de chegada ainda vivo.
Essa espécie de lenda/mitologia trabalhada pela autora é, no mínimo, curiosa.
Cavalos selvagens que emergem do meio do mar. Atacam quem estiver à espreita. Matam pessoas. Alimentam-se de outros animais. Mas que também podem se afeiçoar àquele que o capturou. Não é sinistro? Pois bem. Achei tudo relacionado a eles meio vago, mesmo que bastante original. (Acabei descobrindo depois que a autora se baseou numa lenda já existente. Mas não vou mudar esse trecho por conta disso.haha)
Os personagens principais são interessantes (mas não me apeguei a eles) e tem coisas em comum, começando por serem órfãos de pai e mãe. Eles também adoram seus cavalos e há uma química especial (dedicação e amizade) entre eles e seus bichos que é muito legal de ver, um tanto tocante.
A narrativa é alternada por eles dois – Sean e Kate.
Eles levam uma vida muito parecida em questão de dificuldades financeiras. Mas eles amam a ilha e está fora de cogitação deixá-la, por motivos semelhantes(ah!).
Isso os faz ter muitos pensamentos parecidos também, igualando um pouco suas personalidades.
Para mim, isso influenciou um pouco em deixar a narrativa meio confusa na ‘troca de vozes’. Em vários capítulos eu demorei a reconhecer quem comandava. Isso porque o cenário é o mesmo, os dois lidam com cavalos, os dois conversam com outros mesmos personagens. Então só quando era usado o artigo ‘o’ ou ‘a’ que eu me situava direito, ou quando citava algum fato mais significativo. (No ebook que li os capítulos não se iniciam com o nome do narrador. Não sei se no físico é assim também. Mas creio que a confusão persistiria ainda assim.).
Tudo gira em torno da aguardada corrida. Mas o que causa reboliço entre os habitantes na atual corrida é o fato de a Kate se inscrever para participar. Nenhuma mulher participou antes. E apesar de a “ilha” ter toda uma crença a respeito disso, fica muito explicito o preconceito e desigualdade entre gêneros, desvalorizando a capacidade feminina para tais coisas.
Essa é uma historia com bons elementos, porém não muito bem trabalhados. A distribuição de importância para os fatos deixa a desejar. O ritmo da narrativa é lento. Por muitas vezes, há um capítulo inteiro pra narrar uma cena que não tem nada de relevante. E até quando tem, persiste o ritmo. Ficou cansativo e eu não via a hora de acabar logo.
Bom, autora me fez esperar o livro inteiro pela tal corrida e, quando chega a hora, aquilo tudo realmente foi uma “corrida” porque foi tão rápido que pouca graça teve. Não foi violenta como sugeria os personagens ao falar das corridas antigas (O que deixou a fama dos 'monstros' no chinelo). Não foi emocionante, porque mal foi disfarçado como seria finalizada. A ação e os danos foram os mínimos possíveis. Foi frustrante!
E o final foi meio forçado. Para não dizer previsível. Mas concordo que se a autora usasse alguma outra alternativa iria enfraquecer uma das próprias idéias/mensagens, então...Paciência.
PS: AQUELA CENA DO CORR E DO SEAN VALEU PELO LIVRO INTEIRO!
Não é um livro ruim. Mas, infelizmente, não me envolveu o suficiente.
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